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Vermelho no Branco

Por Darlan Moraes, da BBDO da Letônia*

04.01.08

Não sabia exatamente como começar este texto. Meu velho conhecido word document branco, branquinho, com aquela bendita barrinha vertical piscando no topo sem me dar uma única sugestão e eu - com um teclado que parecia maior do que realmente é – com a esperança de criar o próximo hit do Richard Clayderman (dou um delete neste preâmbulo ou não? Bom o mais difícil já passou).

Agora vai: sou o Rei do Leste Europeu, pioneiro nestas terras gélidas e até pouco tempo vermelhas, primeiro brasileiro a pisar nesta região do mundo empunhando a pomposa e tão respeitada bandeira verde e amarela da publicidade (e deixo claro que, caso eu não seja o pioneiro do Leste, de verdade, entrego meu anel de bamba a quem mereça usar!).

Minha saga começou em 1997, na Eslováquia (único lugar do mundo onde você pode comer o famoso bryndzové halušky, uma espécie de nhoque de queijo de ovelha salpicado de bacon. Se você pedir uma boa cerveja eslovaca, uma delas chamada Zlaty Bazant - ou Faisão Dourado – a tarefa fica bem mais fácil.

A capital da Eslováquia se chama Bratislava e foi ali que fui morar quando convidado para trabalhar na Grey como redator.
Este país havia há pouco se desligado da “irm㔠República Tcheca através de um plebiscito que votou unânime pela sua independência.

Bratislava é uma cidade pequena (cerca de meio milhão de habitantes) e foi tão importante como Viena ou Budapeste. Reis húngaros foram ali coroados nos idos do século XVI. Mozart & Beethoven também tocaram seus acordes por lá (espero que antes de encarar um belo bryndzové halušky...).

Mas depois que os comunistas inventaram a tal da Tcheco-eslováquia o país foi anexado e a capital caiu para segundo plano. Ou seja virou patinho feio.

Hoje, eles estão orgulhosamente independentes, integrados na comunidade Européia e procurando se adaptar a esta nova realidade (e se você quiser dar uma volta em Viena, para mudar de ares, basta pegar um trem que em 45 minutos você chega lá).

A língua local é o eslovaco muito parecido com o tcheco (duas línguas eslavas), um pouco como o português está para o espanhol. E favor não confundir a Eslováquia com a Eslovênia (capital LIUBLIANA), fato que ocorre muito comumente e que deixa os eslovacos um tanto chateados. Tenho o dito.

Mas já que mencionei a Eslovênia – um tico de país com dois milhões de habitantes e antiga parte da Ioguslávia – acontece na cidade litorânea de Portoroz o festival de publicidade Golden Drum (www.goldendrum.com), o mais importante da chamada Nova Europa (ou ex-países comunistas), mas que a cada ano se torna mais competitivo e abrange um grande número de nações européias que não fizeram parte do regime (em 1998, cobri este festival que é bem bacana, charmoso e com uma boa qualidade criativa para o Blue Bus).

Mas se as campanhas vão melhorando e a publicidade deste lado do mundo virando gente grande, o mesmo não se pode dizer dos nomes de alguns festivais. Aqui um pequeno adendo dedicado a alguns deles (além do renomado Baqueta de Ouro ou Golden Drum):


Zlaty Klinec (Prego de Ouro) http://www.adcslovakia.sk/ – Eslováquia

Golden Hammer (Martelo de Ouro. By the way, em setembro passado fui jurado deste ilustre festival e também tive a honra de apresentar filmes brasileiros desde a década de 70, gentilmente cedidos pelo Clube de Criação de São Paulo)
www.goldenhammer.lv – Letônia

Kuldmuna (Ovo de Ouro) http://eral.vertical.ee/kuldmuna – Estônia

Zlata Pecka (Pedra de Ouro) http://www.zlatapecka.cz – República Tcheca.


O meu voto vai para o Kuldmuna. Ovo de ouro da gema!

Mas voltando a experiência eslovaca, ali morei por quase três anos (e alguns prêmios) e na seqüência me mudei para Praga para trabalhar na Leo Burnett já como Redator Sênior. Aqui vou ser muito econômico porque esta cidade é certamente a mais conhecida de todas as que morei tanto pela sua cultura, arquitetura, loiras geladas e loiras calientes (aliás, Deus Todo Poderoso estava muito inspirado quando abençoou esta região com tanta mulher bonita. Acho que Vinícius deve estar em algum pedacinho do céu somente observando a beleza feminina em toda sua graça e forma presente em quase toda a ex-cortina de ferro).

Além disto, já li nesta deliciosa coluna que existem outros brasileiros em Praga criando e explorando a região. Benção meus filhos.

Ja que Praga não é novidade fica a sugestão para conhecer Cesky Krumlov (http://www.ckrumlov.info/docs/en/kaktualita.xml).

Beleza arquitetônica, cultura, gastronomia... é um charme de cidade. Vale a viagem.

Morar em Praga foi show de bola (ou de hóquei, esporte que compete com futebol no gosto geral dos tchecos) e foi lá que me tornei Diretor de Criação pela JWT.

Próxima parada: Bucareste, Romênia, para trabalhar como Diretor de Criação Executivo da falecida D’Arcy (que Deus a tenha) e também fatos interessantes sobre os poucos conhecidos países bálticos.

Mas vamos deixar esta história que vai ter conde chupador de sangue, Letônia, Lituânia y otras cositas más para uma outra hora.


*Darlan Moraes Jr. trabalha hoje como Diretor de Criação da agencia DominoBBDO, na cidade de Riga, Letônia. Também é fundador do projeto Filminute (www.filminute.com), que tem como objetivo celebrar e premiar os melhores filmes de 60 segundos do mundo.

darlan@domino.lv
darlan.moraesjr@filminute.com



 

Vermelho no Branco

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