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Penélope Nova, apresentadora da MTV
Clubeonline: Quando São Paulo entrou na sua vida?
Penélope Nova: Nasci em Salvador e vim para São Paulo aos 12 anos. Terminei o segundo grau aqui e consegui meu primeiro emprego, como vendedora de uma loja de shopping center. Na época, estava me preparando para o vestibular. Comprei o guia do estudante e concluí que não havia um curso que me agradasse. Acabei trabalhando em shopping por quatro anos.
Clube: Dá para imaginar que seu envolvimento com a música começou cedo...
PN: Minha relação com a música teve início na infância, por causa do meu pai, Marcelo Nova. Desde que nasci ouço boa música. Foi do meu pai que herdei o conhecimento e o interesse por esse universo. Aliás, muito mais o interesse do que o conhecimento. Ele está sempre ouvindo música e eu também adotei isso como um hábito.
Clube: E quando surgiu a oportunidade de trabalhar com música?
PN: Foi através de uma conhecida, que era jovem e estava abrindo o departamento internacional de uma gravadora. Fui coordenar esse departamento porque falava inglês e tinha um bom conhecimento musical. Eles queriam alguém que não tivesse vícios. Eu passei a atender diversos veículos, entre eles a MTV. E, de repente, surgiu a oportunidade de trabalhar aqui na casa, no departamento internacional. Isso tudo ocorreu em 1997.
Clube: Quando você foi parar na frente das câmeras da MTV?
PN: Em 2002. O primeiro programa que apresentei foi o Riff, sobre rock, que saiu da grade durante a temporada de verão. Espero que ele volte, pois é um programa que adoro fazer e que a televisão merece ter. Também passei pelo Peep MTV, pelo Pulso e pelo Câmbio, durante o verão. Agora apresento o novo programa da casa, o Ponto Pê.
Clube: O que rola no Ponto Pê?
PN: Embora o programa seja gravado, ele segue o formato de um programa ao vivo. Os participantes enviam as perguntas por e-mail, a produção faz uma pré-seleção e entra em contato com os escolhidos. Peço para os produtores não me contarem quais perguntas serão feitas, pois gosto e quero que minhas respostas sejam sempre espontâneas e naturais.
Clube: As perguntas estão sempre relacionadas a sexo. E, as vezes, os assuntos são picantes. Isso nunca te inibe?
PN: Sempre sexualizei tudo na minha vida. Sou baiana e sou tarada, graças a Deus. Isso é nato. As pessoas entendem e não me desrespeitam. Acho que parte daí a facilidade para tratar de assuntos dessa ordem, com naturalidade. Nada é pensado, não há fórmulas.
Clube: Hoje você está entre as VJs de maior destaque da emissora. Como lida com isso?
PN: Não consigo levar a sério. Para mim, não tem nada de sedutor nisso. Nós, da televisão, vivemos de "momentos". E a mídia, em geral, precisa criar esses "momentos" e alimentar este tipo de sensação nas pessoas que estão envolvidas com ela. Eu não dou a mínima para isso tudo.
Clube: O que acha da programação dos canais abertos?
PN: Não vejo nada, absolutamente nada. Tenho TV a cabo, que para mim é a luz no fim do túnel. A televisão é uma coisa que todo mundo vê. Todo mundo tem televisão em casa. É lógico que é importante informar as pessoas e há alguns jornais e programas de entrevistas que fazem isso. Mas a maneira como tudo é conduzido é alienante.
Clube: Você trabalharia em uma emissora aberta?
PN: Não. Gosto do que faço aqui na MTV, me divirto muito. Se não gostasse, não faria.
Clube: Como é a Penélope fora da TV?
PN: Sou romântica, sou fiel. Sou tudo o que as pessoas não imaginam que eu seja. Sou mãezona e conselheira dos meus amigos. Não sou viciada em horóscopo, mas já ouvi dizer que pessoas do signo de Leão, que é meu signo, ou são egocêntricas ou são altruístas. No meu caso, segui o caminho do altruísmo.
Clube: E o que mais...
PN: Ah, vou a shows, quando me interessam, e ao cinema. Sou muito caseira. Fui ultraesportista, dos 15 anos aos 27 - hoje estou com 30. Acordava às 5 da manhã, por exemplo, e ia pra natação. Adorava. Há dois anos não vou à academia. Fico incomodada por um lado. Por outro, não tenho mais interesse, pois virou uma obrigação na cabeça das pessoas. Tornou-se algo irritante. Peguei bode e não consigo ter vontade. Mas continuo vaidosa. Combino até as peças de roupa com que ando em casa. Perfuminhos, cremes. Fiz 30 anos e descobri que estou na fase de brincar de boneca comigo mesma.
Clube: Você já teve vontade de cantar, montar uma banda?
PN: Existem filhos que seguem a carreira dos pais, mas este não é o meu caso. Aliás, eu não consigo entender como algumas pessoas enveredam pela mesma profissão dos pais. Estou envolvida com música até o último fio de cabelo. Agora, cantar nunca passou pela minha cabeça.
Clube: Você acha que dita moda?
PN: Acho que basta aparecer na televisão para alguém querer te imitar. Não sou responsável por nada disso. Cada telespectador é responsável por se deixar influenciar. Para mim o importante é que as pessoas se identifiquem com os programas que faço, não comigo.
Clube: E você se deixa influenciar pela moda ou por modismos?
PN: Infelizmente, vivemos em um mundo completamente imbecilizado. Quase ninguém tem personalidade própria, individualidade. As pessoas querem usar as mesmas roupas, comprar os mesmos carros, fazer lipoaspiração para ter a mesma barriga, colocar silicone para ter o mesmo peito, enfim... Como se isso tudo fosse a única salvação para ser feliz. Para mim, é assustador.
Clube: O que acha da publicidade?
PN: O mundo está ao contrário. O capitalismo nos levou a isso. Não vejo nada muito interessante na publicidade, em termos criativos. Muito pelo contrário, a maioria das campanhas me choca. Acho que existem bons profissionais nesse mercado, mas as boas idéias não devem ser ouvidas.
Clube: E o que você espera do Brasil?
PN: Fui muito idealista. Na minha adolescência fiz até boca de urna. Mas, me desiludi. Tudo muito bonito, mas pouco verdadeiro. Hoje, sou completamente apolítica, por livre e espontânea vontade. Votei no Lula, pelo que ele representa: um metalúrgico, um cara do povo. Mas imagino a dificuldade de ser presidente em um país como o Brasil. Fazer acordos políticos, ter que barganhar. Abrindo o leque para o cenário internacional, como engolir um cara como o Bush? Só com a ajuda do Michael Moore (entrevistado anterior do Clubeonline), que é um gênio nesse sentido: ele faz com que qualquer pessoa pense sobre política, de uma forma diferente.