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João Alberto

Carrefour cria comitê externo sobre diversidade e inclusão

26.11.20

Depois de anunciar a criação de um fundo de R$ 25 milhões para "lutar pelo combate ao racismo estrutural no país e promover ações afirmativas para a inclusão social e econômica de negros e negras na sociedade" (leia aqui), a rede varejista Carrefour comunica que formou, no Brasil, um Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão.

As medidas foram adotadas pela empresa após João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, ter sido assassinado por seguranças brancos de um supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS), na noite do último dia 19 (aqui).

Composto por Rachel Maia, Adriana Barbosa, Celso Athayde, Silvio Almeida, Anna Karla da Silva Pereira, Mariana Ferreira dos Santos, Maurício Pestana, Renato Meirelles e Ricardo Sales, o comitê terá como missão assessorar o Carrefour Brasil em diretrizes e ações contra o racismo, "de maneira livre e independente".

Segundo a empresa, o comitê indicou que, "em sinal de respeito à morte de João Alberto Silveira Freitas, nesta quinta-feira (26 de novembro) todas as lojas do Carrefour deverão estar fechadas até as 14h, sendo reabertas com um minuto de silêncio. Todo o resultado de vendas dos dias 26 e 27 será revertido para ações orientadas pelo comitê, valor somado aos R$ 25 milhões já anunciados e ao resultado de vendas do dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra" (leia anterior aqui).

O grupo nasceu com uma lista de reinvindicações iniciais de "tolerância zero" em relação à discriminação racial, assumidas como compromisso pelo Carrefour no Brasil nos âmbitos interno da companhia, com relação ao ecossistema que se relaciona com a varejista, e no âmbito da sociedade.

"No contexto interno, recomendamos a realização imediata de treinamentos intensivos com o quadro de colaboradores e revisão da concepção e da contratação dos serviços de segurança (...). Além disso, todas as lojas também serão pontos de divulgação da Política de Tolerância Zero a todo tipo de discriminação", informa o texto assinado pelos membros do comitê.

"Com relação ao ecossistema da companhia, todos os fornecedores e pares também serão orientados a seguir boas práticas para lidar com estas questões e serão estabelecidos indicadores para aferir o cumprimento e adequação a essas orientações. Em resposta à sociedade, serão promovidos fóruns de debate e pesquisas que embasem o crescimento da discussão sobre racismo no Brasil, além da contratação de 20 mil novos colaboradores por ano, respeitando a representatividade racial da população brasileira, e do apoio a instituições de ensino do país na formação profissional de jovens negros e negras".

O Carrefour afirma que se compromete a colocar em prática medidas elaboradas pelo comitê, bem como reforçar aquelas já adotadas.

Entre elas, uma cláusula de combate ao racismo será inserida em todos os contratos com fornecedores. "Seu descumprimento implicará em rompimento do contrato. Fornecedores que já têm essa cláusula em contrato serão valorizados", informa a companhia.

A rede varejista também promete "iniciar imediatamente a transformação radical do modelo de segurança". Para tanto irá internalizar as equipes das três lojas da cidade de Porto Alegre com apoio da ICTS Brasil (especializada em transformação da segurança privada) e estabelecer "regras rigorosas de recrutamento e treinamento" para transformar o time de segurança, "com orientação e apoio e em parceria com organizações reconhecidas do movimento negro no combate a todo tipo de discriminação e de violência aos direitos humanos e fundamentalmente ao racismo estrutural".

Entre os outros compromissos assumidos pelo Carrefour no Brasil estão "oferecer qualificação diferenciada para 100 negros e negras por ano para aceleração na carreira no Carrefour", "apoio a instituições de ensino distribuídas pelo país para formação profissional de jovens negros e negras", "implementação de um dispositivo digital para denúncias domésticas, raciais e de violência contra a mulher no site e aplicativos" da rede e "criação de uma aceleradora voltada ao desenvolvimento do empreendedorismo negro nas comunidades no entorno das lojas de Porto Alegre".

Leia anteriores sobre o assunto aqui e aqui.

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