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A marca de Banksy

Recorde em leilão e loja temporária

03.10.19

O inglês Banksy é um dos artistas contemporâneos que mais provoca comentários na mídia. Incógnito, ele constrói sua fama não apenas com suas obras. Em outubro do ano passado, foi leiloada na Sotheby’s de Londres uma pintura feita de seu emblemático grafite “Girl with balloon”. O valor foi pouco superior a £1 milhão (equivalente a US$ 1,2 milhão). Batido o martelo, um triturador começou a destruir a tela, gerando repercussão mundial - a cena foi replicada por algumas marcas (relembre aqui).

Desta vez, de novo na Sotheby’s, outra obra de Banksy foi à leilão. “Devolved Parliament”, que mostra chimpanzés no Parlamento inglês, obteve um valor recorde em se tratando do misterioso artista, feito comentado por ele em seu perfil no Instagram, rede social em que se expressa. A pintura foi vendida por £9,879,500 (ou quase US$ 12,2 milhões), superando largamente a expectativa inicial, que era de £1,5 milhão.

O leilão aconteceu na mesma sala onde o mundo assistiu, atônito, à trituração de “Girl with baloon”. A venda não tardou mais do que 13 minutos e envolveu 10 concorrentes. Findo o processo, a pintura se manteve intacta. O detalhe é que ela não pertencia mais ao artista, como ele mesmo lembrou no post em que falou do valor recorde. A pintura, que fazia parte de uma coleção particular, data de 2009 e voltou a ser exibida como uma crítica ao Brexit.

Dias antes do leilão, o artista inglês tinha voltado a ser notícia. No dia 1º de outubro, uma loja temporária surgiu em Croydon, um distrito ao sul de Londres, com obras de Banksy à venda.

O espaço, que estava desocupado, mantém as portas fechadas e tem as luzes acesas o tempo todo, dando a impressão de exposição. Os trabalhos estão exibidos ali, mas serão vendidos apenas via site. Banksy esclareceu que o dinheiro arrecadado servirá para comprar um barco de resgate de imigrantes, como o apreendido por autoridades italianas em junho passado. Por esse motivo, ele alertou que quem adquirir as peças pode estar incorrendo em crime.

O arrojado artista revelou ainda que outro motivo para abrir a loja foi para proteger sua marca. Um advogado, Mark Stephens, propôs a medida porque uma empresa que produz cartões com imagens dos trabalhos de Banksy reivindica o controle de sua marca. Isso porque ele nunca havia comercializado sua obra, o que abria brechas para que isso fosse feito por terceiros.

Instalada em um lugar onde anteriormente tinha funcionado um comércio de tapetes, a loja de Banksy se chama Gross Domestic Product (Produto Interno Bruto) e tem o slogan: “Where art irritates life”. O espaço terá as obras expostas por 15 dias.

Entre as peças à venda (a partir de £10) estão um tapete como se fosse de pele de animal, mas que imita o tigre Tony, dos cereais da Kellogg’s, tapetes de boas-vindas feitos com coletes salva-vidas e costurados por mulheres que vivem em centros de refugiados na Grécia e globos de discoteca feitos a partir de capacetes de policiais utilizados em manifestações.

As vendas serão feitas pelo site grossdomesticproduct.com, que, por enquanto, traz a mensagem de abertura em breve.

A marca de Banksy

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