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Cannes Lions 2016

O que pensam os jurados (Luiz Sanches)

08.06.16

O Clubeonline apresenta um bate-bola sucinto e objetivo com todos os jurados que irão representar o Brasil no Cannes Lions, este ano.

Acompanhe abaixo o que tem a dizer Luiz Sanches, sócio e diretor geral de criação da AlmapBBDO e jurado de Titanium & Integrated.

1. Nome, cargo e há quantos anos comparece ao Cannes Lions.
Luiz Sanches, sócio e diretor geral de criação da AlmapBBDO.
A primeira vez que fui ao festival foi em 1996, como Young, e ganhamos o primeiro Bronze brasileiro na competição. Também foi um ano importante para a AlmapBBDO e participei da conquista de alguns dos Leões da agência. Depois disso, fui todos os anos.

2. É sua primeira vez como jurado neste Festival? Qual a importância deste convite?
É a terceira vez que sou jurado em Cannes. Em 2008 fui jurado de Press e em 2014 de Mobile. Este ano serei de Titanium & Integrated, que é um pouco diferente das outras categorias e reflete a evolução do festival. Quando comecei tinha um presidente de júri para Film e Press&Poster. Depois entrou Radio. Depois Cyber. Foram aumentando as categorias e passaram a ter um presidente para cada. Aumentou a quantidade de jurados também, mas quando você olha o júri de Titanium & Integrated percebe que é um grupo mais sênior para avaliar uma categoria que tem como diferencial mostrar para onde a indústria está caminhando. Até a forma como o convite é feito é diferente. Quando todos os outros jurados brasileiros já tinham sido anunciados pelo Estadão - representante oficial do festival no Brasil -, recebi um email do Philip Thomas (CEO do Cannes Lions) e do Terry Savage (Chairman) dizendo que eu tinha sido escolhido para fazer parte de um time formado por 9 pessoas e presidido pelo John Hegarty (co-fundador da BBH). Isso mostra a importância que o festival dá para essa categoria.

3. Como você está se preparando para o julgamento?
Já estamos pré-julgando online para a long e a shortlist de Integrated. Titanium é julgado lá. Sabemos que alguns trabalhos começam em Cannes e depois vão sendo inscritos nos festivais seguintes. Outros trabalhos são inscritos nos festivais anteriores e deixam Cannes para ser o “Grand Finale”. Como participei de vários julgamentos este ano - fui presidente do D&AD, jurado do One Show, membro do Executive Jury do New York Festivals, entre outros - posso dizer que já estudei 50% do que está inscrito na minha categoria. Conheço os pontos fortes e fracos deles. Também é importante conhecer os jurados que estarão comigo, todos profissionais seniores, líderes em suas indústrias e países de atuação. Acredito que teremos discussões de alto nível para avaliar cada trabalho. Quando julguei Press fiquei estudando a categoria e os trabalhos. Quando julguei Mobile estudei tendências e ferramentas. Este ano é diferente. Integrated exige que você olhe como uma ideia foi usada de forma integrada. Titanium pede um olhar mais crítico para o novo. Então essa preparação foi acontecendo ao longo do ano.

4. Já viu trabalhos, nacionais ou internacionais, na sua categoria ou em outras, nos quais aposta?
Não vi nenhum trabalho que chamaria de “Papa Leão” este ano, como foi o “Dumb ways to die”, por exemplo, que chegou como preferido e ganhando muita coisa. Tem coisa muito boa, coisa espetacular, mas está bem nivelado.

5. De modo geral, quais suas expectativas em relação ao desempenho do Brasil, este ano, no Festival?
O Brasil está sofrendo este ano a maior crise econômica, de confiança e de governo dos últimos tempos e isso deve impactar no número de inscrições brasileiras. O bolso de todo mundo ficou menor. Mas acredito que a gente tenha inscrições mais consistentes, muita peça boa e uma boa performance, no geral. Pode não ser o melhor ano, mas não será o pior. Temos muitas categorias e mais opções para inscrever. Já em Integrated e Titanium, não esperaria ganhar muitos Leões. Nem tem isso no histórico: foram apenas dois desde que a categoria foi criada.

6. O Cannes Lions virou um grande Festival, com mais categorias a cada ano e no qual as agências brasileiras investem um grande montante de dinheiro, não só em inscrições, mas também no envio de suas equipes. Você mudaria alguma coisa no Festival, se pudesse?
O festival mudou muito e se tem algo que eles souberam fazer muito bem foi atrair os clientes. Hoje eles também gostam de participar. Não é mais só um evento para a agência.
Mas se eu pudesse mudar algo, seria repensar e unir algumas categorias para torná-las mais relevantes. Um exemplo seria Mobile e Cyber, que poderiam ser uma só chamada Digital ou algo parecido. Se você começa a separar muito, vai caindo em áreas muito técnicas e fica até difícil avaliar a ideia, o trabalho como um todo.
Quando você cria muitas categorias vira o específico do específico. Você acaba dando nome e vários sobrenomes para explicar que ganhou o prêmio na subcategoria X da subcategoria Y da categoria Z. Acho que este é um ponto importante para o festival avaliar hoje.

7. Como avalia a qualidade das palestras e a infraestrutura do evento?
Acho que a estrutura é excepcional. O nível das palestras é muito bom, com âncoras excelentes. O risco é tornar o festival uma feira de network, muito mais do que um evento de criatividade e excelência criativa. É preciso ter cuidado e dosar isso para que as premiações não percam sua importância para as palestras. Mas reconheço que hoje eles têm um formato que é vencedor e que tem tudo para dar o retorno esperado.

8. O fato de agora haver um grande número de ‘celebridades’ anunciadas dentre os palestrantes te parece um diferencial atraente?
Depende muito do contexto e das celebridades. Eu, particularmente, nunca consegui ver uma palestra dessas. Mas o que sempre ouço é que foi muito bacana. As pessoas saem felizes dessas palestras. Acaba virando a cereja do bolo. E não vejo problema nisso, já que eles equilibram bem. Também sabemos que o festival de Cannes hoje compete com eventos como o SXSW. Muita gente tem trocado um pelo outro. E o Cannes Lions teve que se mexer para não virar um dinossauro. Ele se mexeu e soube fazer direitinho.

9. Recomenda alguma palestra nesta edição do Festival?
Meu júri começa a trabalhar na terça-feira e só termina no sábado. Estou preparado para não ter tempo de aproveitar o festival além do júri de Titanium & Integrated. Por isso não tenho dicas para este ano.

Leia anterior, com entrevista com André Laurentino, jurado de Health & Wellness, aqui.

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