Cannes Lions 2022

Papo com os Jurados - Cannes Lions 2022

Gabriela Hunnicut, fundadora e sócia da Bold. Nossa jurada em Outdoor.

Clubeonline - O Cannes Lions volta a ter uma configuração mais parecida com a que conhecíamos antes da pandemia. Você espera encontrar mudanças nesta edição presencial?
Gabriela Hunnicutt - Tenho sorte de participar da primeira edição presencial pós-pandemia (se é que podemos dizer que ela terminou). Acho que será diferente e estou bem curiosa. Um misto de euforia dos participantes com cuidados especiais ainda por parte dos organizadores, mas todos querendo muito estar juntos. Uma coisa que me chamou a atenção até o momento, e que acho que o festival poderia adotar daqui para a frente, são grupos menores de jurados. Apesar de achar que muitas mentes, de diferentes países, pensando juntas, sempre têm muito valor, acredito que grupos menores podem ser mais interessantes. Acho que os debates vão ser mais aprofundados e todos vão ter a chance de colocar suas ideias.

Clubeonline - Quais expectativas para sua categoria, tanto em termos globais quanto em termos de Brasil?
GH - A minha expectativa é de encontrar trabalhos que façam diferença para a sociedade. No meio outdoor é interessante porque as mensagens têm que ser expostas em espaço público, então, não há melhor meio que esse para abordar e fomentar grandes questões que, de alguma forma, impactem as pessoas e o planeta. Claro que as expectativas também giram em torno do uso das novas tecnologias, especialmente quando o assunto da vez é a web3, mas não acho que grandes ideias dependam delas – vide a grande campanha da Heineken no ano passado, que usou como meio as portas dos estabelecimentos fechados no início da pandemia. 

Clubeonline - Você acredita que o resultado de Cannes irá de alguma forma refletir mudanças que a pandemia causou no mundo e, consequentemente, na comunicação?
GH - Eu acho que estamos todos mais sensíveis aos problemas do mundo e isso, com certeza, terá que refletir no trabalho das agências e marcas nesse festival e daqui para frente. Mais do que nunca, tornou-se necessário pensar de forma coletiva. Talvez ainda seja muito cedo para cobrarmos esse olhar de grande parte dos trabalhos – por isso é difícil julgar considerando fortemente esse viés, mas pode ser um bom começo. O que dá para adiantar é que tem muito trabalho bacana de olho nos problemas do mundo.

Clubeonline - Diversidade e inclusão, balizas na construção de uma sociedade melhor e, consequentemente, de um novo mercado de comunicação, devem ser percebidas com ainda maior ênfase nas campanhas de 2022?
GH - Acho que elas deveriam estar presentes com cada vez mais ênfase, ano após ano, até que se torne um assunto que não precisa mais ser falado. São temas que, um dia, e espero que seja breve, vão permear a comunicação de forma natural. Sobre perceber esse tema mais presente esse ano, eu diria que vejo um bom equilíbrio com temas relacionados ao meio ambiente – o que acho igualmente fundamental e urgente. Afinal se não tivermos planeta para viver, de que adianta falar sobre qualquer outra coisa, não é mesmo?

Clubeonline: Da programação de palestras, reduzida este ano, algo chamou sua atenção?
GH - Estou pessoalmente muito interessada no tema web3 e seus desmembramentos. Apesar de ter vivido o surgimento do second life quando ainda era diretora de criação da então AgênciaClick, esse assunto ainda me intriga. Será que já estamos prontos? Será que as marcas já estão prontas? Lembro quando fundei a Bold e ninguém ainda sabia como monetizar projetos de conteúdo. Era um entrave. Como será agora com o metaverso? Como mediremos isso? Estou muito interessada em toda a programação do festival que me ajude a me sentir um pouco mais pronta. Como agência, como liderança e como pessoa.