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Cannes Lions 2022

Questionado pela falta de jurados negros, Festival admite falha

06.05.22

O CEO do Cannes Lions, Simon Cook, preparou uma carta para responder à crítica pela falta de profissionais negros entre os jurados do Brasil escolhidos para a edição deste ano. O questionamento foi feito pelo coletivo Papel & Caneta, com apoio da Chapa Preta – que está à frente do Clube de Criação até 2023 –, do hub criativo Auê e do conselho do coletivo Publicitários Negros, por meio de uma carta publicada em uma página na internet.

No texto, Cook admite que o Festival falhou. “Estamos comprometidos a ter júris mais representativos, mas estamos longe de onde queremos estar. Este ano falhamos na seleção de jurados no Brasil”.

O Cannes Lions 2022 divulgou no dia 28 de abril os 290 membros de júris de todas as categorias em disputa neste ano. Pelo Brasil, em seleção conduzida pelo Estadão, representante do Festival no país, foram definidos 23 nomes. Apenas um deles é de um profissional negro.

Há mais brasileiros escalados nos júris deste ano, porém eles foram indicados por outras regiões. No entanto, isso não muda a composição racial do time total de jurados brasileiros, atuando dentro ou fora do país (confira a lista completa aqui).

Os signatários da carta brasileira pontuaram que mais da metade da população é negra e que a indústria fez um “imenso progresso nos últimos anos quando se trata de inclusão e empoderamento de profissionais criativos negros”. Seria uma pena, portanto, que o Cannes Lions “não igualasse esse progresso na seleção do júri” (leia mais aqui sobre a carta).

Em sua resposta, Cook agradeceu pela mensagem e “por aumentar a conscientização sobre essa importante questão”. Ele afirmou que a organização irá revisar os critérios para a composição dos júris, ampliando a transparência sobre a representatividade. O CEO do Cannes Lions disse ainda que a participação de profissionais negros nos júris subiu de 8% em 2021 para 13% neste ano.

Procurado pelo Clubeonline, o Estadão havia respondido que "tem como uma de suas atividades fazer indicações de nomes para os júris do Cannes Lions Festival, sempre buscando equilíbrios de raça e gênero. Porém, a escolha final sobre o júri é de responsabilidade do Lions, que leva em conta, também, outros critérios para a tomada de decisão. Ressaltamos ainda que o Lions recebe indicações de toda a comunidade criativa".

A organização do Festival também havia sido procurada pela reportagem.

Confira a carta brasileira ("Dear Cannes Lions"aqui e a do CEO do Cannes Lions abaixo.

De: Simon Cook
Para: Papel & Caneta

Estamos empenhados em ter júris mais representativos - mas ainda estamos longe de onde queremos estar. Este ano, falhamos na seleção de jurados no Brasil.

Reconheço com todo o coração que há mais trabalho a ser feito em cada país. O júri de shortlist do Cannes Lions será anunciado na próxima semana e garantiremos uma melhor representatividade globalmente – e no nível local, principalmente no Brasil.

Até o momento, nossos esforços têm sido focados em inclusão e representatividade de forma global, com a representatividade de negros aumentando de 8% em 2021 para 13% neste ano e de pessoas não brancas subindo de 37% para 47%. Esses são passos na direção certa dados em escala global.

No futuro, nos comprometemos a revisar nossos critérios, aumentar a transparência sobre a representatividade em países e garantir que os jurados de cada nação sejam representativos da sociedade.

Gostaria de agradecer a vocês por escreverem para mim e por aumentarem a conscientização sobre esta importante questão. Estamos trabalhando para ver tudo o que fazemos por meio da lente da diversidade, equidade e inclusão. Temos o compromisso de que nossos júris sejam mais representativos da sociedade, ano após ano.”

Cannes Lions 2022

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