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CES 2021

Walmart: delivery, robótica e igualdade

14.01.21

Convidado especial da CES 2021, o CEO do Walmart, Doug McMillon, foi perguntado de imediato por que um varejista comparece a um evento do universo eletrônico – que neste ano aconteceu de forma 100% digital. A resposta é que a tecnologia faz parte da maneira como a rede atende seus clientes e como constrói seu negócio. E isso tem sido cada vez mais importante.

Mas há outro aspecto também. A tecnologia transforma o mundo e McMillon pontuou que não se trata de apontar uma única, e sim analisar a maneira como o conjunto delas tem transformado nosso cotidiano.

Um dos destaques do painel tratou de uma área recente da companhia, o Walmart+, serviço por assinatura que oferece benefícios para os clientes. Lançado em setembro ao custo de US$ 98, ele permite, por exemplo, entrega gratuita ilimitada e acesso a uma tecnologia de pagamento que agiliza as compras (leia aqui sobre o lançamento).

Ao comentar sobre o crescimento do delivery, McMillon disse que o serviço se tornou mais uma peça fundamental da missão da companhia: atender melhor o cliente. A entrega gratuita, portanto, demonstra ser um ponto essencial do programa. Segundo o CEO, ele ajuda o consumidor a economizar, que é um dos principais desejos do cliente. “O Walmart+ é uma importante maneira de construir relacionamento com o consumidor e de trabalhar com dados que nos permitam atuar de modo mais efetivo”, afirmou.

McMillon contou que ele terá mais benefícios e será mais robusto, crescendo com base nos assets das empresas. E sem copiar ninguém, declarou, o que é uma menção velada aos comparativos que foram feitos entre o Walmart+ e o Amazon Prime. O CEO revelou que foi preciso aprimorar o delivery para poder atender os assinantes, mas não contou quantas pessoas aderiram ao programa. Disse que vem crescendo e que se tornará uma área essencial da estratégia da companhia.

30 anos no Walmart, McMillon tem modernizado a empresa buscando parcerias com companhias de tecnologia, além de trocar experiências com a rede de associados e de fornecedores para entender como será o futuro do varejo. Ele citou a Inteligência Artificial como uma tecnologia fundamental para poderem entender melhor as demandas do cliente e para personalizar o atendimento e para trabalhar melhor com o tempo do consumidor.

Outro campo citado por McMillon é a robótica. “A automação está acontecendo em nossas lojas e em nossos centros de distribuição”. A robótica permitirá grandes melhorias no armazenamento e no controle de estoques. “Há tantas mudanças acontecendo já que elas representam mais do que todas as transformações que ocorreram nos últimos 30 anos”, comparou.

Igualdade e meio ambiente

O CEO do Walmart abordou também o trabalho que a varejista tem feito em relação à igualdade. McMillon disse que a rede já vinha desenvolvendo projetos nessa área, mas o assassinato de George Floyd fez com que várias empresas acelerassem programas, inclusive o Walmart. Segundo ele, isso fez com que a rede atuasse de forma mais direta sobre o problema. Desse modo, a varejista estabeleceu mais conversas internas, de modo transparente e aberto.

Outra medida foi levar informação para os funcionários, com aulas sobre história e sobre como o sistema – seja o financeiro ou o de saúde – tem perpetuado a desigualdade. São assuntos, como ele pontuou, que não são ensinados na escola. O Walmart também está fazendo revisão de processos, como o de promoções e de equiparidade de salários. Foi estabelecido que haverá um relatório no meio do ano e também no final reportando tudo o que foi feito e o que não foi feito.

McMillon contou que a empresa pegou o modelo do que tem sido feito com sustentabilidade e também com questões sociais para replicar no trabalho que farão em relação à igualdade racial. Foram montados comitês com funcionários negros para discutir diretrizes e políticas de igualdade e inclusão, que vão além do que é feito internamente. Isso inclui envolver instituições financeiras abertas por empreendedores negros ou buscar agências de publicidade que tenham sócios negros.

Ele lembrou que o Walmart estabeleceu também o Center for Racial Equity, com investimentos de US$ 100 milhões para apoiar iniciativas que lutem pela igualdade em áreas como financeira, educacional, saúde e justiça. Os recursos darão suporte a pesquisas, a defesas e a desenvolvimento de ferramentas e práticas, bem como darão apoio a entidades, organizações e comunidades negras. O centro tem o objetivo ainda de atuar como consultoria para o Walmart como forma de enfrentar o racismo estrutural nos EUA.

O CEO observou que é senso comum a importância de se trabalhar com dados para aprimorar o negócio. Por que não trabalhar com dados para atuar também no sentido de promover igualdade, gerando relatórios transparentes sobre medidas adotadas e resultados conquistados?

Sobre sustentabilidade, McMillon lembrou que desde 2005 a companhia adota programas e políticas destinadas a reduzir o impacto sobre o meio ambiente. Em setembro, novo posicionamento foi adotado. O objetivo é fazer com que o Walmart seja uma empresa regenerativa. Não se trata apenas de reduzir a pegada de carbono, mas de reverter tudo o que já foi feito ao planeta. “Quando a gente estabelece esses grandes objetivos, muitas vezes não sabemos inteiramente como alcançá-los. Apenas fazemos a aposta, estabelecemos o foco e colocamos os times para se concentrar nisso, junto com os fornecedores, para descobrirmos como chegar lá. Estou animado com a proposta de sermos uma empresa regenerativa”.

 

Lena Castellón

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