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‘Eu me sentaria com essa pessoa na mesa do Thanksgiving’?

Pat Fallon - Chairman da Fallon

12.04.05


Clubeonline: Por que o senhor decidiu instalar sua agência em Mineápolis? Quais as dificuldades enfrentadas, no início dos anos 80, ao não optar por grandes centros como Nova York e Los Angeles?



Pat Fallon - Chairman da Fallon: As pessoas que fundaram essa agência viviam em Mineápolis e queriam continuar vivendo aqui. Além disso, nós acreditávamos que para a imaginação não há fronteiras geográficas. Mineápolis tem uma longa tradição no apoio às artes, em especial à música. Assim sendo, estávamos certos de que tudo daria certo por aqui. Mas, bem no comecinho, essa escolha realmente nos colocou em desvantagem. Ficamos de fora de várias concorrências, nesse período inicial. E quando começamos a participar delas, tinhámos que apresentar serviços e soluções superiores aos oferecidos pelas agências de Nova York e Los Angeles. Hoje, graças à globalização e à tecnologia, questões geográficas não são mais um problema.





Clube: No início, o senhor tinha apenas dois clientes: uma barbearia e uma loja de iscas. Hoje, dirige uma rede mundial, com escritórios em seis países. A que fatores atribui tão impressionante crescimento?



PF: Na verdade, abrimos a agência com NENHUM cliente. E tivemos que dar duro para conquistar a barbearia e a loja de iscas. Nosso foco sempre esteve centrado na qualidade do trabalho. Assim como nas pessoas. Nos concentramos na construção de uma cultura forte, que promove a criatividade e o sucesso.



Clube: Quando e por que o senhor decidiu transformar a Fallon em uma rede de agências?



PF: Nos decidimos pela expansão porque muitos de nossos clientes são globais. Isso fez com que ficasse claro para nós que precisávamos encontrar um jeito de atender suas necessidades internacionais. Caso contrário, eles teriam de encontrar outra agência que fizesse isso. E nós não apenas nos tornamos uma rede, como descobrimos uma forma interessante e atraente, para nós mesmos, de fazer isso.





Clube: Em 1981, quando foi fundada, a Fallon adotou a filosofia de \"superar a concorrência através da inteligência e não da verba\". O senhor continua acreditando nessa filosofia?



PF: Nos fundamos a Fallon com a filosofia de superar a concorrência com inteligência e talento, e não com mais gastos ou maior budget. E essa filosofia continua tão relevante para nós, hoje, quanto foi no início. Na verdade, ela faz cada vez mais sentido.



Clube: Estratégia e criatividade são sinônimos, na Fallon?



PF: Nós acreditamos que a estratégia do negócio e a criatividade estão intrinsecamente ligadas. Assim sendo, você não pode separá-las. A Fallon não acredita em criatividade auto-condescentente ou auto-indulgente. Criatividade é nossa razão de existir, mas ela precisa atender aos problemas que o negócio nos apresenta, deve servir como uma ferramenta de trabalho, como um multiplicador do negócio.



 



Clube: Outra diretriz adotada pela sua agência, 24 anos atrás, foi a de atender poucos clientes. Essa diretriz continua válida até hoje?



PF: Nós tendemos, hoje, a nos focar menos no número e mais na adequação dos clientes à nossa agência. Esperamos poder compatilhar padrões de qualidade, paixão e uma motivação permanente para explorar toda e qualquer possibilidade.





Clube: A Fallon tem hoje três escritórios na Ásia (Hong Kong, Tóquio e Cingapura). O que levou a rede a se aproximar tanto do Oriente?



PF: Inicialmente nos instalamos em Cingapura, para que pudessemos deixar na Ásia nossa impressão digital, nossa pegada. Naquele tempo, esse continente não era economicamente atraente, porém já tinha exelente nível criativo. Cingapura era proeminente em premiações internacionais, oferecendo a nós um forte e talentoso polo de profissionais de criação. Por outro lado, o fato de a língua falada no país ser o inglês facilitou muito nossa adaptação e a compreensão do mercado asiático. Depois, entramos em Hong Kong e em Tóquio, para poder, mais uma vez, responder às necessidades dos nossos clientes.





Clube: É verdade que o senhor escolhe seus parceiros, mundo afora, pessoalmente?



PF: Sim, escolho. Eu tenho recrutado fortes talentos tendo como base suas reputações, o corpo de seu trabalho, sua forma de pensar, seus valores. Meus parceiros são idealistas. Empreendedores. Quando eu faço a avaliação final, pergunto a mim mesmo: "Eu convidaria essa pessoa a sentar comigo na mesa do Thanksgiving"? Também tenho um traço pessoal ao recrutar parceiros, que é o de insistir na busca de criativos do mais alto padrão. Procuro pessoas que tenham grandes expectativas sobre si mesmas.





Clube: Fale um pouco de seus sócios locados em Londres e em São Paulo.



PF: Os parceiros que esses escritórios reúnem têm excedido minhas expectativas. Eles são "locais" e pensam melhor e diferentemente sobre seus mercados. Não poderíamos fazer o mesmo, sem eles. Ao mesmo tempo, eles parecem 'cortados' no tecido da Fallon e têm o foco solidamente fixado na criação de um grande trabalho. Não estão preocupados com seus títulos ou com a posição que ocupam. Estão preocupados em fazer o melhor trabalho.





Clube: O mercado publicitário tem, anualmente, dezenas de festivais internacionais. Na sua opinião, os prêmios conquistados nesses eventos são importantes para a agência, para a equipe que criou as peças, ou para o negócio, como um todo?



PF: Prêmios são uma ferramenta de recrutamento muito útil e oferecem, em especial, muita visibilidade internacional. Eles nos permitem recrutar pessoas e nos introduzem a novos talentos e a talentos que estão em alta. Na Fallon, não acreditamos em usar prêmios como uma ferramenta de auto-promoção, mas sim como uma ferramenta de promoção das marcas com as quais trabalhamos. Por exemplo, um de nossos diretores de arte top, Bob Barrie, ganhou mais prêmios do que qualquer profissional desse mercado. Dessa forma, ele credencia a Fallon e nossos clientes. Ele procura ser o melhor, mas não por auto-indulgência. A Fallon, vale explicar, é bem seletiva na participação de premiações e apoia os prêmios que dão valor aos resultados obtidos para o negócio, como o EFFIES Awards. Apesar de termos ganho dezenas de prêmios, nesses 24 anos, nós não os exibimos na agência. Também não falamos sobre eles uma apresentação de negócios.



Clube: As atribuições do diretor de criação mudaram dentro da agência, nos últimos anos?



PF: O papel do diretor de criação mudou, sim. Ele ficou ainda mais importante e influente frente à todas as disciplinas da agência, incluindo Internet, marketing de guerrilha, mídia e tudo o mais. O diretor de criação, hoje, TEM de estar envolvido plenamente e trabalhar com total fluidez em todas essas áreas. Suas funções não são mais de apenas aprovar anúncios e comerciais. Um diretor de criação, na Fallon, traz inspiração, comanda e cuida de nossa "sala das máquinas". E tudo o que ele faz é a serviço do trabalho, dos clientes.





Clube: Qual será, na sua opinião, o futuro dos comercias de 30 segundos?



PF: O comercial de 30 segundos ainda é importante. Mas hoje não é mais a ÚNICA forma de resolver um problema. Ele agora é parte de um conjunto de opções que devemos levar em conta. Mas continuará como um item importante do mix de marketing, pelo menos por mais cinco anos. E cinco anos é MUITO tempo nesse nosso negócio.



 



Clube: Anunciante bom para se trabalhar é aquele que....



PF: ...permite que você ganhe sua confiança.


‘Eu me sentaria com essa pessoa na mesa do Thanksgiving’?

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