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Festival do CCSP 2014

“Você quer mesmo morar fora do Brasil?" (Rodrigo Butori)

21.09.14


Rodrigo Butori é diretor de criação da La Comunidad, agência com sede em Miami e com foco no mercado multicultural hispano-americano. Para uma sala repleta de profissionais de todas as idades, afoitos por dicas de como conseguir espaço fora do Brasil, Butori foi bem emblemático em suas colocações, em um dos primeiros paineis do Festival do CCSP deste ano: “Você tem certeza que quer sair do Brasil? Mas você quer ir mesmo? Por que?”.



“Morar fora é uma consequência. Acredito que, principalmente, temos que respeitar o que nosso coração aponta”, refletiu o criativo, que há 14 anos mora nos Estados Unidos, 10 deles em Los Angeles e os últimos quatro em Miami. Butori começou carreira em 1992, na DM9, depois passou por agências como Y&R e Lowe e foi fundador da Cápsula, no começo dos anos 2000.



Rodrigo focou sua apresentação de 45 minutos muito mais na publicidade de hoje do que em apenas dar dicas de como conseguir uma vaga em uma agência norte-americana. “A publicidade é maior do que as agências. Precisamos, hoje, ir atrás de nossa independência, necessitamos nos descolar do mercado, de olho sempre em oportunidades para nossos clientes”, reforçou. “Boas ideias não têm endereço. Saia do lugar comum e veja o mundo lá fora. Essa história de ficar o tempo todo preso dentro de uma sala não faz você ter ideias incríveis”, completou.



Ele relembrou quando os sócios da La Comunidad resolveram se associar à Sapient Nitro. “Diziam que a gente ‘tinha se vendido’, que tínhamos entregado nossa alma. Mas não era nada disso. Apenas estávamos atrás do nosso sonho” – para exemplificar isso, ele mostrou este vídeo (bem divertido) produzido pela agência na época da venda.



Isso direcionou bem os próximos pontos de vista que ele apresentou. “Trabalhe para quem você acredita. É um paradigma difícil de ser superado. A cultura de prêmios nos traz não só alegrias pontuais, mas um vazio terrível. A publicidade vai te usar: mas dê o troco. Se sacrifique, mas faça com que ela se torne uma ponte, um meio de você alcançar outas coisas”, reforçou.



“Tá, isso tudo eu sei. Mas que hora esse cara vai me falar sobre morar fora?”, pensou alto um jovem profissional que está de olho numa vaga de uma agência gringa em 2015. “Não é pra onde você quer ir: é por que você quer ir”, respondeu Butori – sem ter escutado o pensamento do cara. “Você vai encontrar os mesmos problemas que existem aqui. Nenhuma fadinha da Disney vai soprar o briefing no seu ouvido. A burocracia na América, por exemplo, é muito maior do que a brasileira. Vai estar sozinho, longe de casa. Sem amigos - porque os americanos, em sua maioria, entram e saem da agência sem falar uns com os outros. Aqui você faz vinte campanhas por ano, lá você faz duas, então, para fazer portólio, o Brasil é muito melhor. Estive olhando o shortilist que está em exposição: puta qualidade de peças; lá não temos esse nível. É fato. O Brasil tem feito a melhor publicidade do mundo. Ainda assim você quer ir? Então lembre-se: a vida tem que estar sempre em primeiro lugar”, disparou.



Butori listou uma série de questões práticas que devem ser colocadas na balança no momento de se escolher para onde ir. “Primeiro, o país: temos a barreira da língua. Você conseguiria fazer um bom spot em inglês ou numa agência alemã? Para um redator a coisa é mais complicada do que para diretor de arte, sem dúvida. A distância também é importante. Mas talvez a cultura seja o grande ponto: você está preparado para encarar tudo isso?”, perguntou o criativo.



“Cada cidade tem uma cara, com diferentes tipos de mercado, com diferentes climas. Pense também em qual tipo de empresa você quer trabalhar: um grupo mundial? Uma agência independente? Ela tem tradição criativa? Qual a cultura interna? Todos estes pontos são importantíssimos na hora de tomar esta decisão”, resumiu. "E se prepare para o primeiro ano: ele será muito difícil. Outra coisa: ir sozinho é uma coisa, mas ir depois de casado, com mulher e filho é muito mais complicado".



Butori finalizou com três dicas – que podem ser as mais relevantes: fazer um site muito bem feito, que mostre que há um raciocínio, um conceito, por trás; saber qual é a sua identidade para saber se vender e, por fim, procurar uma headhunter – isso se você não tiver um ótimo contato daquele chefe do seu amigo que agora é criativo em Dallas. Mas ainda assim, contratações nos EUA giram basicamente em torno de recruters.



Mais dúvidas? Se quiser achar o Rodrigo, seguem alguns contatos:



rodrigobutori.com

linkedin.com/in/rodrigobutori

youtube.com/user/rodrigobutori/vídeos

twitter.com/rodrigobutori



Por Renato Pezzotti



Serviço:

Festival do Clube de Criação de São Paulo

Quando: dias 20, 21 e 22 de setembro (sábado, domingo e segunda-feira)

Onde: Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, em São Paulo

Dúvidas: 55 11 3030-9322

ccsp@ccsp.com.br

www.festivaldoccsp.com.br


 


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