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Festival do Clube 2021

Lições de um gestor de risco extremo

14.10.21

Ninguém é mais experiente que o paraquedista brasileiro Luigi Cani em gerenciar o risco extremo. Reconhecido internacionalmente, dono de 11 recordes mundiais e com mais de 11 mil saltos bem sucedidos na conta, ele narrou sua história de vida no Festival do Clube de Criação 2021, mostrando como tornar possível o impossível.

Formado em publicidade e produção audiovisual na Universidade da Califórnia, Cani disse que seu desejo por liberdade vem da infância, já que sempre foi um criança bastante livre. Costumava ficar sozinho em casa enquanto a mãe trabalhava. Naquela época, descobriu também a paixão pelo audiovisual.

Ele viu uma filmadora pela primeira vez aos 6 anos. Na sequência, foi flagrado pela mãe ao colocar uma rampa por cima de crianças para saltar sobre elas com a bicicleta. Sua justificativa foi que queria filmar e enviar para o programa do Silvio Santos. A mãe, é claro, não permitiu.

Também escondido da mãe, já aos 14 anos, e trabalhando como auxiliar de escritório, comprou sua primeira moto. O sonho de liberdade e adrenalina falava mais alto.

Cani aprendeu a administrar riscos desde cedo. Com 18 anos, recebeu uma proposta para trabalhar como office-boy em meio período, com salário menor. Em contrapartida, poderia aprender sobre administração. Ele aceitou e, em poucos anos, colheu frutos. Com 22 anos, já controlava 180 funcionários e prestava serviços para prefeituras do estado do Paraná.

Mesmo tendo uma carreira bem-sucedida com tão pouca idade, Cani queria mesmo era voar. Em 1997, como contou, largou tudo para se conectar com sua verdadeira essência e mudou-se para Los Angeles. Queria aprender sobre paraquedismo com os melhores do mundo.

Ele foi aceito pela comunidade e, em cinco anos, havia alcançado várias coisas consideradas impossíveis no esporte. Quando voltou ao Brasil, tinha nada menos que 14 mil saltos, 79 medalhas em competições mundiais e vários recordes. Em seu retorno, há dez anos, o paraquedista fundou a Cani.TV Media House.

Toda essa experiência lhe permitiu enxergar no wingsuit uma possibilidade de marketing para criar com o audiovisual. E foi com o wingsuit que ele também teve de gerenciar riscos extremos. Afinal, foi nesta atividade que ele perdeu muitos amigos em acidentes. “Eu me sentia como um veterano de guerra”.

Para não ter de contar com a sorte, precisou transformá-la em experiência. “Para montar o melhor projeto você precisa da melhor equipe. Aprendi com os projetos menores. Aprendi com o que não deu certo. Hoje, a cada dez projetos, um não dá certo.”

Outra preciosa lição que aprendeu com o wingsuit foi que nem todo projeto, quando envolve riscos, sai do papel.É muito fácil ter uma ideia genial, mas ser executável, diante de um grande obstáculo, é difícil. O maior obstáculo é a legislação, mas os recursos e o clima também são.

Depois de inúmeras experiências bem-sucedidas e algumas em que passou muito perto do perigo, como quando tentou passar voando perto do Cristo Redentor e quase bateu no monumento, Cani aprendeu a mais importante lição, que pode ser aplicada em qualquer área. “Quando comecei eu estava cheio de sorte, mas sem experiência. Agora estou cheio de experiência e não conto com a sorte. Meus anjos da guarda são os profissionais que sabem o que fazem e estão lá há muito tempo.

Danilo Telles

Todos os painéis do Festival do Clube 2021, realizado entre os dias 22 e 23 de setembro, foram transmitidos pelo Globoplay. O evento deste ano foi gratuito.

O conteúdo do Festival já está disponível na plataforma de streaming. Até o dia 27 de outubro - acesse a partir daqui.

Reveja a programação completa aqui.

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Festival do Clube 2021

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