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Interatividade e Interconectividade

Pesquisa avalia jovens na era global

10.07.07

A Ipsos, multinacional francesa de pesquisa, revelou em evento, no Ibmec São Paulo, os resultados da pesquisa “Jovens na Era Global - Interatividade e Interconectividade”, que mostra a relação do jovem com a tecnologia e como as novas formas de comunicação e interação entre as pessoas influenciam e ditam as regras de convivência social.


O estudo foi apresentado por Raquel Siqueira, diretora da Ipsos e especializada em Gestão de Conhecimento. 

Foram seis meses de trabalho para derrubar diversos mitos e revelar aprendizados sobre como pensa esse mercado consumidor. A equipe ouviu jovens de 13 a 24 anos.


"Muito tem se falado sobre o assunto, e não é segredo que as novas tecnologias revolucionaram o planeta, mas ainda estamos assistindo aos resultados desta revolução que está apenas começando", diz a introdução do estudo. "Os jovens que têm 20 e poucos anos hoje nasceram no início da era da informática, quando o primeiro computador pessoal foi criado, nos anos 80. A internet popularizou-se, cerca de 15 anos mais tarde, na adolescência desta geração. Atualmente, as novas gerações fazem do “multi-tasking” um estilo de vida".


 Hoje, o adolescente de classe média faz pesquisas na internet, assiste à televisão, ouve música, manda mensagens pelo celular e participa de múltiplos chats e fóruns de discussão online, tudo ao mesmo tempo. Além disso, com o advento do “wireless” e o desenvolvimento de aparelhos e dispositivos portáteis, a rua torna-se uma extensão do universo privado. O celular ou o laptop são os portais de acesso à existência virtual. Esta mobilidade resulta em uma sensação de liberdade e percepção de que se tem o mundo inteiro nas próprias mãos.


Estes fenômenos, estudados nas sucessivas ondas do Observatório de Tendências Ipsos, ganham profundidade e foco neste novo relatório. Entender como o jovem vive e como ele faz uso destas novas ferramentas é a chave para uma compreensão mais ampla dos impactos dos novos paradigmas sociais na esfera do consumo e da convivência.

Para Raquel Siqueira, por ser uma mudança recente, há ainda um descompasso entre teoria e prática e falta conhecimento sobre esse consumidor.


Um dos mitos existentes é que o jovem de hoje é muito diferente do jovem do passado. Na verdade, a juventude de hoje assusta muito mais os mais velhos, que se sentem acuados em relação a esta nova geração. Mas isso não significa que este jovem seja fundamentalmente diferente do jovem do passado. Segundo a pesquisa, algumas características chaves da juventude mantêm-se e até se fortalecem. Questões como o desejo de pertencer a um grupo, predominância dos amigos como autoridade e referência, insegurança característica da idade, voracidade e imediatismo são ainda facilmente identificadas neste público. 


Na verdade, a internet e os meios digitais nada mais são que ferramentas que permitem que este jovem manifeste e viva de acordo com suas necessidades e características. Segundo Raquel, as ferramentas tecnológicas deram asas à juventude, os computadores armados com software de navegação e telefones móveis tornaram-se tecnologias desejáveis por “ativarem” nos jovens valores que estes sempre perseguiram – liberdade, independência e velocidade.


 Os jovens querem participar, ser protagonistas e não apenas coadjuvantes, daí o sucesso das comunicações digitais junto a este grupo, pois possibilitam manifestações interativas que serão fundamentais para a constituição de sua identidade. 


Segundo a pesquisa, realizada entre julho e agosto de 2006, o computador está presente em 19% dos domicílios brasileiros, consoles de jogos estão em 16% e telefones fixos, em 50% dos domicílios, número inferior ao dos telefones celulares que estão em 68% dos lares e contam com a marca de mais de 100 milhões de aparelhos em operação no país.

Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, 65,7% possuem celular; na classe C, 42,5%; e nas classes DE, 17,9%. Na faixa de 16 a 24 anos, 84% possuem celular nas classes AB; 63,8% na classe C; e 38,7% nas classes DE. Dentre os que possuem celular, 18% já têm acesso à internet através do aparelho.  


A pesquisa levantou também a freqüência com que os jovens utilizam a internet e mostrou que uma grande parcela navega todos os dias ou quase todos os dias. Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem é de 50%; na classe C, 25,1%; e nas classes DE, 17,7%. Na faixa de 16 a 24 anos, nas classes AB, 62% utilizam a internet todos os dias ou quase todos, na classe C são 42% e nas DE, 25%.


Sobre compras na internet para uso próprio, a pesquisa revelou que poucos jovens estão habituados a realizá-las. Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, apenas 7,5% responderam que já compraram algo para uso próprio na internet. Esse número cai nas classes C e DE para 2,2% e 1,5%, respectivamente. Na faixa etária de 16 a 24 anos, o número sobe para 20%, nas classes AB; 10,2% na classe C; e 5,6% nas classes DE. Ao tratar do uso da rede para se comunicar com outras pessoas, o estudo mostra que a grande maioria utiliza a internet para este fim. Na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, a porcentagem é de 82,8%; na classe C é 68,7%; e nas classes DE é 63,7%. Já na faixa de 16 a 24 anos, nas classes sociais AB, a porcentagem sobe para 92,5%; na classe C, para 81,2%; e nas DE para 80,1%.


Outro mito é que todo jovem gosta e entende de tudo de tecnologia. Há diversas formas e manifestações da tecnologia: internet, games, vídeos, fotos etc., e, segundo a pesquisa, nem sempre, quem é bom ou entende de um tema, entende de outro. Há ramos de interesses bem distintos e que atraem jovens de diferentes perfis. “Um jovem aficionado em games, por exemplo, pode não ter o mesmo perfil atitudinal que um jovem que transita e é ‘viciado’ em Orkut ou MSN. Um jovem com perfil criativo pode, por exemplo, usar os meios digitais para produzir conteúdo (blogs, vídeos, etc.). Já um jovem “festeiro”, por exemplo, pode dar vazão a seu perfil gregário a partir de ferramentas de interação, como chats”, explica a diretora.


Os interesses são variados até mesmo no uso da internet. Ao questionarmos a faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, 78,4% utilizam a rede para enviar e receber e-mails; 55,3% para enviar mensagens instantâneas; 61,4% para participar de sites e comunidades e relacionamentos. Já na classe C, os números são 68,2%, 38,8% e 46,9%, respectivamente. A diferença é ainda maior nas classes DE: 58,3%, 26%, 42,6%, respectivamente. Na faixa etária de 16 a 24 anos, nas classes AB, 89,9% utilizam a internet para enviar e receber e-mails; 62,8% para enviar mensagens instantâneas; 62,4% participam de sites de relacionamento.  Já na classe C, os números são 62,8%, 49,1% e 50,3%, respectivamente. Nas classes DE: 62,4%, 50,5%, 52,6%, respectivamente. Outro número expressivo refere-se à utilização de telefone via internet e videoconferência. Na faixa de 16 a 24 anos, a porcentagem de usuários nas classes AB (12,1%) é quase o dobro das classes DE (6,2%).


Quando à atividades mais específicas, na faixa etária de 10 a 15 anos, nas classes AB, 77,9%, utilizam a internet para jogar ou fazer download de jogos; 32,3% para fazer o download de filmes, músicas e softwares; e 19,7% para ler jornais e revistas. Na mesma faixa, se analisarmos as classes DE, o número de jovens que jogam quase se mantém, 76,5%, mas a porcentagem de jovens que fazem downloads de filmes, músicas e softwares cai para 22,5%. Se analisarmos a faixa de 16 a 24 anos, os números mudam completamente. Nas classes AB, 54,1% declaram utilizar a internet para jogar; 55,6% para o downloads de filmes, músicas e softwares e 45,2% para ler jornais e revistas. 


Por fim, outro mito é que o jovem de hoje é cercado por relações virtuais e impessoais. A pesquisa revelou o contrário, pois a vida do jovem no “mundo virtual” é extremante permeada por elementos emocionais que conferem afetividade e conexão interpessoal (real) nas suas relações.


O Brasil está entre os três países com maior número de usuários no Orkut – um dos sites de relacionamento de maior sucesso mundial. Segundo dados do próprio Orkut, dos 32 milhões de perfis cadastrados, 61,9% se declaram brasileiros. Entre janeiro e março de 2007, a Ipsos Marplan/EGM sondou jovens dos 13 aos 24 anos e constatou que 55% dos jovens de classes AB, dos 13 aos 17 anos, concordam ou concordam muito com a frase “não me imagino sem internet”.


 O meio pode ser virtual, mas o jovem lida com sentimentos reais, com questões e problemáticas reais nas suas aventuras pelo universo digital. Nada mais real do que a paquera ou a fofoca que rola no MSN. “A sensação de proximidade com a turma, o sentimento de pertencer a uma determinada comunidade, a abordagem e o contato com o sexo oposto fazem parte de um rol de situações reais, que transmitem sensações verdadeiras e que ajudam a criar conexões e identidades mais do que legítimas, autênticas e reais”, completa Raquel.


A tecnologia se tornou a ferramenta de afirmação autônoma dos jovens no mundo e a forma deles se lançarem no universo social, ainda que virtual, um lugar onde eles exercitam critérios de amizade e onde buscam padrões de comportamento. Jovens não costumam apreciar burocracia e intermediações e, na internet, seus desejos são acessados diretamente – como exemplificado pelo rápido download de arquivos mp3. “A tecnologia parece ajudar os jovens a lidar com os dilemas típicos dessa faixa etária – identidade, personalidade, desejos e auto-expressão”, finaliza Raquel Siqueira.


 A professora de Tecnologia da Informação do Ibmec São Paulo, Amyris Fernandez, também apresentou material sobre a linguagem do game como fio condutor que permeia toda a linha de comunicação dessa geração. Amyris desenvolve projetos e pesquisas em duas linhas paralelas: Usabilidade e Experiência do Usuário em meios digitais – games, aparelhos celulares, TV Digital Interativa e Softwares - e Comunicação em Meios Digitais. 


 Comentários

Paulo - Como faço para ter acesso a esse estudo? paulofava@gmail.com


Fabio Alves - Tenho muito interesse no assunto também, há alguma forma de ter acesso ao estudo ou até com a Raquel, a pesquisadora??? Para saber mais detalhes... Obrigado Fabio fabioallves@gmail.com


Nota da Redação - O caminho é procurar a Ipsos. Basta uma busca na internet. abs

Interatividade e Interconectividade

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