Nova fase

Em noite marcada pela presença de executivos de veículos e de empresas anunciantes, a Leo Burnett Tailor Made fez, na terça-feira 7, o anúncio que já se aguardava no mercado desde que surgiram os rumores de que Paulo Giovanni, chairman da agência, estava de saída. Foi em tom de homenagem que o australiano Justin Billingsley, COO global do Publicis Communications, confirmou que o publicitário se retira de cena e informou que a agência inicia “nova jornada”, sob o comando dos copresidentes Marcelo Reis e Marcio Toscani. O desligamento completo de Giovanni se dará em seis meses, período estabelecido em contrato e pelo qual ele não atuará em outro negócio ligado à publicidade.

“Alguns anos atrás, a agência estava quase quebrada. Para salvá-la, foi necessário pegar o espírito de Leo Burnett de volta. A fusão com a Tailor Made criou um negócio fantástico. Quero agradecer aos nossos clientes, entre eles, aos novos, como o Extra, parabenizar Marcelo e Marcio e dizer ‘obrigado’ a Giovanni. Ele foi um mestre”, afirmou Billingsley, ao anunciar a nova fase. Os copresidentes, que respondem diretamente ao COO, também homenagearam Giovanni. “Aprendi com ele que é preciso trabalhar com seriedade, compromisso e paixão pela publicidade”, disse Reis.

Em abril de 2011, o Publicis Groupe apresentou uma Leo Burnett reinventada a partir da união com a Tailor Made, agência de Giovanni. Na época, havia sido revelado que o contrato previa a compra de 100% do negócio pelo Publicis até dezembro de 2016. Mais do que ser responsável pela consolidação da LBTM, o brasileiro se encarregou de concretizar outros acordos do grupo francês no país. Entre os processos conduzidos por ele, nesses quase seis anos de atuação, está a fusão de DPZ e Taterka, atual DPZ&T.

No ranking Kantar Ibope Media, com os investimentos publicitários de 2016 (de janeiro a novembro, sem computar descontos), a LBTM ficou em sétimo lugar. Em 2015, havia ficado na sexta posição. Na lista de 2014, era a 10ª colocada.

Ao final da homenagem, Giovanni, que é sócio da AktuellMix e da Pop Trade, conversou com a imprensa sobre sua saída. Confira os principais trechos do que falou aos jornalistas.

- Desligamento

“Estou saindo do grupo Publicis, mas isso está acontecendo com todo o apoio, como viram. Foi uma grande honra ter ficado aqui, porém quero um pouco de tempo para mim. Temos mais seis meses de contrato, em que estarei à disposição deles. Vou atuar como conselheiro. O período de non-compete envolve só a publicidade. Não vou fazer nada nessa área. Até porque eu amo esse grupo”.

- Retorno aos negócios

“Tenho 66 anos. Eu me considero um mamute. Pode escrever isso. Tenho outras empresas, das quais sou sócio, que são a Pop e a AktuellMix. Talvez eu dê atenção para elas. Talvez. Já fiz tudo o que tinha de fazer. Na minha cabeça, já foi tudo”.

- Publicis Groupe

“Meu grande ídolo na vida publicitária é o Maurice Lévy (chairman e CEO da holding, que será sucedido em junho por Arthur Saudon, CEO do Publicis Communication – leia mais aqui). Em 2008, ele escreveu um artigo no AdAge e eu respondi para ele, que me mandou um e-mail de volta. Imagine: foi para um cara brasileiro que ele não conhecia, que não sabia quem era. Mas quem me levou para o Publicis foi o Arthur. Foi ele quem me convenceu a cuidar da Publicis, da Talent, da AG2, da DPZ. Não é possível explicar o carinho e a amizade que tenho por eles. Hoje sou amigo pessoal do Maurice. Eles sempre me trataram muito bem”.

- Negócios da holding no Brasil

“Acho que ajudei bastante nas mudanças. Teve a DPZ, que foi um processo difícil. O Hugo (Rodrigues) foi feito presidente (da Publicis Brasil). Foram mudanças que precisavam ser feitas. Falando da Leo, ela está muito bem. Acabou de ganhar Extra. Vai ganhar um grande banco (a LBTM está na concorrência de Bradesco - mais detalhes aqui - e deve ser esta a aposta de Giovanni - nada além de uma aposta, já que a concorrência ainda está indefinida*). Ela dá muito lucro. Então, estou saindo de coração aberto. Estou saindo na benção”.

- Nova geração de líderes

“Fui convidado para continuar tocando isso (acompanhamento das novas lideranças estabelecidas nas empresas do Publicis Groupe). Não aceitei. Eles estão preparados para isso (tocar novos negócios). Não precisam mais de mim. Já cumpri meu papel”.

* Por conta deste comentário de Paulo Giovanni, e LBTM esclarece: "A Leo Burnett Tailor Made informa que é uma empresa transparente, imparcial, idônea e que, ao longo de seus 42 anos de mercado no Brasil, sempre respeitou, com ética, toda e qualquer concorrência de que tenha participado. No momento, a empresa está em alguns processos de seleção de agência publicitária e reforça que não tem informação a respeito de nenhum resultado".