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O Espaço é Seu

Quando o storytelling abraça a ideia (André Castilho)

13.05.15

Passada a ressaca da repercussão que o filme "Conhecendo Murilo" (leia e assista aqui) alcançou na semana passada, com mais de 60 milhões de impressões em sites, acho que podemos ponderar sobre a provável fórmula de seu sucesso, embora não se trate de uma ciência exata.

Há quem diga que imprimir qualquer coisa em 3D seja algo manjado. De fato, a ideia de presentear gestantes com uma cópia esculpida de seu filho, dificilmente seria aprovada em uma reunião de brainstorm. Eu posso escutar de estagiários a VPs de criação a inquisidora frase: "já foi feito!".

Acontece que quando se busca o Santo Graal da publicidade apenas e tão somente no ineditismo de uma ideia ou tecnologia, você acaba perdendo a oportunidade de trilhar por um caminho muito mais poderoso: o da história.

Por sorte, tanto a agência quanto o anunciante tiveram essa sensibilidade. Quando fomos chamados pela criação da Mood, a ideia já estava esboçada, mas ainda faltava embalá-la com uma história forte.

Ao apresentarmos o primeiro roteiro, com uma mulher cega como protagonista, as lágrimas dos presentes deram o sinal de que estávamos na direção certa.

Optamos por contar uma história real, o que muita gente confunde com "filmar uma ação". Não era para ser algo jornalístico, mas sim um filme documental carregado de poesia. Esta, construída com uma fotografia sensorial, com exploração de texturas, uma trilha tocante, uma narrativa com espaço para contemplação, que mostrasse a intimidade de uma mãe com seu filho.

Um dos maiores desafios foi encontrar essa mãe. Nossa equipe de pesquisa levou um mês rodando o Brasil para chegar até a Tatiana. No fim, encontramos mais 3 mães. Foi quando percebemos que poderíamos expandir o projeto para outras pílulas. Decidimos que elas teriam linguagens diferentes do filme principal, embora devessem se conversar. Por isso, dividi a direção com o Jorge Brivilati, cada um com seu fotógrafo.

É possível notar que, no filme principal, a deficiência da personagem é metaforizada na ausência de luz das cenas, enquanto que, nos meus filmes, ela é pontuada por takes sem muita nitidez.

Se no filme principal revelamos as reflexões da personagem, nas pílulas exploramos mais a história pessoal das mães.

Por fim, tem a fórmula da Coca-Cola, claro. Criamos uma técnica que mescla roteiro e direção para extrair a verdade dos personagens. Já usamos em outros filmes e funciona muito bem. Mas se alguém me perguntar, de sopetão, qual foi o segredo do sucesso desta história, eu vou responder o mesmo que o meu pai diz quando perguntam sobre a feijoada dele: é que foi feita com o coração.

André Castilho, sócio da La Casa de La Madre

Confira o making of de "Conhecendo Murilo" abaixo.

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