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O Espaço é Seu

Está na hora de acordar (por Alex Mehedff)

28.10.14


É difícil compreender por que as produtoras e os diretores brasileiros não participam com mais atitude do Festival Cíclope. É uma oportunidade para ouvir, trocar, divulgar, procurar novos ares e, por fim, fazer network, algo de que buscamos diariamente, como em qualquer outra profissão.



E se observarmos quem estará lá este ano, para palestrar e julgar, é de dar inveja. O que Francisco Condorelli e sua turma estão conseguindo fazer é incrível, principalmente pelo olhar das produtoras/diretores deste mercado gigante do qual fazemos parte.



Outro fator relevante é que o festival é realizado em Berlim. Uma cidade extraordinária para quem quer 'criar', 'pensar', 'aprender', 'viver' e também 'olhar'. A arte está presente em todas as esquinas, praticamente.



Em 2013, tive o prazer de participar de um painel sobre o Brasil, no qual tentei mostrar que aqui se pode produzir filmes altamente criativos, nacionais ou internacionais. Também estiveram por lá o diretor Jarbas Agnelli e Felipe Vellas, que palestrou e contou como fez o lindo filme de Leica, que varreu festivais mundo afora e foi criado por uma agência brasileira, a F/Nazca S&S.



Este ano, pediram-me sugestões de nomes de brasileiros para participar. Não foi difícil. Com o trabalho que a Joanna Monteiro está realizando, por exemplo, seu nome estava na ponta da língua. Afinal, ela foi eleita a mulher mais criativa do mundo, e isso não é para qualquer um.



Pelo Cíclope circulam pessoas que se interessam por inovar e evoluir neste mercado de produção de filmes e projetos publicitários. Principalmente aqueles que estão de olho nos talentos de todas as partes do mundo. Pensando nisso, acredito que os diretores e os produtores brasileiros deveriam pensar como os criativos brasileiros. Hoje, muitos profissionais de criação vão trabalhar no exterior para ganhar experiência, novos ares, ampliar seus horizontes criativos e profissionais. Quando retornam, trazem experiências ricas, que agregam e ajudam o mercado brasileiro a evoluir.



Diretores brasileiros são tão talentosos quanto quaisquer outros. E quanto mais gente estiver buscando novidades, mais em evidência o Brasil estará. Afinal, as produtoras criaram, em 2002, a FilmBrazil e é ela quem consegue trazer a Apex para ampliar o conhecimento e reconhecimento dos nossos talentos no exterior.



Ouço muito "mas não falo tão bem inglês assim". Bom, isso sempre tem jeito. Pois soluções existem, e querer é o que importa. Quem quer, consegue. O diretor Paulo Gandra, por exemplo, não falava inglês muito bem, e filmou para a agência mais desejada por criativos e diretores no mundo: a Wieden + Kennedy Amsterdam. Acreditem ou não. E não foi 'carteirada' de ninguém da Hungry Man, como muitos na época falaram ou insinuaram. Era seu trabalho que falava mais alto que seu inglês. Durante as filmagens, Paulo falou como sabia, e o resto foi história. Trabalhou muito e tudo deu certo, tanto deu que Paulo voltou a filmar para a W+K.



Portanto, diretores e produtores do Brasil se mexam. ACORDEM! Abram a cabeça. Faz bem a saúde e a sua carreira profissional. Sempre acreditei e continuo acreditando. Por isso, quando me convidaram para abrir a Hungry Man no Brasil, me interessei, porque acredito que podemos andar lado a lado com americanos, ingleses, alemães, mexicanos, ou qualquer outra cultura. E, hoje, depois de nove anos no Brasil, tenho o maior orgulho de tudo que fizemos, dos filmes e dos projetos multidisciplinares, além das pessoas que passaram e que estão hoje na empresa.



Vamos lá! Vamos Acordar! Já passou da hora!



Por Alex Mehedff, sócio e produtor executivo da Hungry Man Brasil

 


O Espaço é Seu

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