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Plantão #CodeRed: Fernanda Antonelli

Marcas e agências: vamos falar sobre o alerta da ONU?

27.08.21

Desde que a ONU atualizou os dados sobre a crise climática, fazendo a alteração de alerta amarelo, de atenção, para vermelho, o Clubeonline tem procurado agências, produtoras, anunciantes, veículos e especialistas no tema para o fomento do debate em torno das mudanças que estão nos afetando hoje e irão nos afetar ainda mais amanhã, se medidas concretas não forem tomadas.

Um relatório divulgado recentemente pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), ligado à ONU, mostrou que o limiar do aquecimento global (1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial) será atingido em 2030, dez anos antes do que se projetava.

O estudo apontou também que algumas situações são irreversíveis – mesmo que dediquemos séculos para combatê-las. Além disso, as mudanças climáticas estão intensificando o ciclo da água, trazendo chuvas mais intensas e inundações associadas, bem como secas mais intensas em muitas regiões. Entre elas está o Brasil, que vive sua pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Com isso, a produção de energia hidrelétrica no país está afetada.

Diante dos resultados apresentados pelo IPCC, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a união de governos, empresas e sociedade no esforço para recuperar o planeta dos danos causados pela ação humana.

Para discutir esse tema e o que pode ser feito pelo mercado de comunicação a partir do alerta da ONU, criamos a série Plantão #CodeRed, o “código vermelho para a humanidade”, como sinalizou Guterres.

Já contribuíram com a proposta, compartilhando suas análises:

- Raoni Rajão, professor da UFMG e especialista em gestão ambiental, que é um dos participantes do Festival do Clube de Criação 2021 falando sobre o futuro do planeta e da Amazônia;
- Rui Branquinho, cofundador e CCO da agência GiveBack;
- Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes e “diretor-metido-a-ambientalista”;
- Marcelo Reis, coCEO e CCO da Leo Burnett Tailor Made;
- Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura.
- Beto Fernandez, fundador e criativo na Activista Los Angeles;
- Cecilia Novaes, sócia da consultoria de pesquisa e estratégia A Arte da Marca e professora da Miami Ad School.

Com a palavra agora, Fernanda Antonelli, Managing Director da Wieden+Kennedy São Paulo. A agência tem selo Carbon Free da Iniciativa Verde.




Se todos salvam o mundo, quem o destrói?

Antigamente, o envolvimento de agências de propaganda em campanhas pro bono tinha prazo certo para acontecer. Nos meses anteriores às inscrições em Cannes, pipocavam belas iniciativas e muita boa vontade, mas depois das badaladas da meia-noite, por volta de 25 de junho na Côte d’Azur, o encanto se quebrava e não sobravam nem mesmo abóboras para as instituições que precisavam comunicar.

Hoje, o LinkedIn mostra uma chuva de boas intenções bem mais perene e apoiada não somente por organizações não governamentais como também por grandes marcas. Suporte às minorias, cotas de diversidade, cuidar do planeta etc. A busca por ações efetivas agora tem um nome. Na verdade, uma sigla: ESG. E certamente há uma causa para chamar de sua. Mas isso é suficiente para salvar o mundo de nós mesmos?

O relatório sobre o clima e a constatação de efeitos irreversíveis provam que não. De acordo com o WWF-Brasil, se considerarmos a menor estimativa do número de espécies como verdadeira (isto é, existem mais ou menos 2 milhões de espécies diferentes em nosso planeta), isso significa que todo ano ocorrem entre 200 e 2.000 extinções. Triste realidade.

Se você se importa muito além do discurso, procure ser, realmente, coerente com as suas ações.

De que adianta falar em reciclagem e poluir os rios? Ou falar em compromissos para 2050 e ter o seu negócio baseado na queima de combustíveis fósseis? Qual é o bem que se está fazendo, quando o mal feito é muito maior?

Se buscarmos um planeta habitável para nós mesmos (e não lá na frente, para os nossos netos), ainda dá tempo. Troque suas embalagens plásticas por material reutilizável, ou recicle mesmo, já que apenas 1,3% do plástico produzido é reciclado no Brasil, de acordo com a WWF. Esse índice se encontra muito abaixo da média global, que já são medíocres 9%.

E não importa se você está em uma agradável casa na praia fazendo home office. A natureza e tudo o que nela habita (incluindo os nossos negócios) seguem uma lógica circular: uma ação aqui impacta as formigas de lá, que impactam os tamanduás, que impactam os índios, que impactam a política, que impacta a economia, que impacta você.

As ações precisam ser coerentes em toda a cadeia. E a tríade Anunciantes-Agências-Produtoras não pode fugir a essa regra. Da abolição de copinhos de plástico à compensação de CO2, são infinitas as oportunidades de fazermos muito mais. E olha que aqui, neste texto, estou focando só no E do ESG.”

Fernanda Antonelli




Quer participar deste plantão? Escreva para redacao@clubedecriacao.com.br.

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