arrow_backVoltar

Cannes Lions 2016

Os dois mundos do Entertainment For Music

24.06.16

A decisão de premiar dois cases com o Grand Prix na categoria Entertainment For Music – um para Beyoncé e outro para uma rede de supermercados alemã, Edeka (veja aqui) – não foi um processo simples, mas também pode-se dizer que foi um movimento que amadureceu ao longo dos dias de julgamento.

Desde o princípio, os jurados da premiação estreante em Cannes se confrontaram com dois mundos: de um lado estava o abraçado pelas marcas, do outro, o dos artistas. “Quando chegamos à fase de separar quem iria para a disputa do GP, os dois apareceram juntos. A gente já tinha discutido muito antes. Naquele momento, não houve dúvida”, contou Roberta Medina, vice-presidente do Rock In Rio e representante brasileira no júri da categoria.

Os jurados chamaram, então, a organização do festival e explicaram que seria preciso conferir dois GPs. “Ninguém cogitou entregar apenas um prêmio. Se fosse para a Beyoncé, as marcas iriam dizer que não teriam chance: ‘quem ganha da Beyoncé’. Iam falar que Cannes virou Grammy. Mas o que se passaria com os artistas? O que eles diriam? Esse lado também é importante. Porque os artistas fazem comunicação de suas próprias marcas”, explicou.

Entender os artistas como marcas e os vídeos musicais como ferramentas de comunicação são os pontos que diferenciam o Lions Festivals das premiações criadas pela indústria fonográfica. “Na premiação artística, eles olham a qualidade da música, a qualidade da produção, aspectos técnicos. A gente olha a arte, mas dá um passo à frente. A gente vê a mensagem que o artista quer transmitir e avalia a comunicação”, completou.

O presidente do júri, Josh Rabinowitz, vice-presidente executivo e diretor de música do Grey Group, observou que, sendo o primeiro ano da categoria, ainda há desafios a enfrentar. Um deles é a quantidade de inscrições, já que a área é nova no festival. “Desde cedo, estabelecemos alguns critérios. Analisamos o que era engajador, o que era ativação, o que era aplicativo. Será um desafio para os próximos anos. Como música é muito importante para as pessoas, acreditamos que a categoria tem enorme potencial. Há grandes artistas que ocupam um lugar de destaque na sociedade. Isso é significativo. Dentro de cinco anos, a categoria poderá ser também muito importante”, afirmou Rabinowitz.

Beyonce e seu vídeo Formation estavam na disputa da subcategoria Excellence in Music Video, que premiou oito cases, sendo 4 Pratas e apenas um Ouro. Nesse segmento, não houve discussões a respeito da qualidade do trabalho. “É um vídeo controverso, que traz uma causa social e ultrapassa barreiras”, esclareceu o presidente do júri. No vídeo, Beyoncé surge sobre um carro de polícia afundado e, em meio a outras cenas, faz críticas à violência policial, que vitima muitos negros.

Como era preciso separar “maçãs de laranjas”, o júri conferiu GP para o caseHome For Christmas”, da Jung von Matt, de Hamburgo, para a rede Edeka. Na campanha, um senhor de cabelos brancos passa os Natais sozinho. Seus filhos recebem a notícia de sua morte e eles, então, voltam para casa. A música foi composta para a ação. “Todos se emocionaram com essa campanha. Esse comercial mudou comportamentos”, disse Roberta.

Sobre o Brasil, a jurada lamentou a falta de candidatos. “Não tinha quase nada”. A AKQA conquistou Ouro com “Don’t Look Away”, para o cantor Usher e seu Interactive Music Video, e a Almap recebeu bronze por #mccartneyhit, para a Kiss FM (confira aqui).

Cannes Lions 2016

/