Festival do Clube 2021

O painel “Som na gringa: Criar e produzir fora do Brasil” contou histórias - algumas impublicáveis - de produtores brasileiros de som que, por razões diversas, deixaram o país para explorar novos mercados. O papo moderado por Gilvana Viana, sócia e produtora executiva da Mugshot, teve a participação dos produtores Alan Terpins, da Mission Music; Lucas Duque, da Sonido; Lucas Mayer, da DaHouse; e Antonio Pinto, da Supersônica.

A experiência de ter participado de "Central do Brasil" e "Cidade de Deus" abriu naturalmente as portas do mercado internacional para Antonio Pinto. Um dos temas que ele repercutiu no debate foi sobre os tamanhos dos estúdios, em um momento em que qualquer pessoa com um laptop pode ser produtora. “Eu tenho um estúdio grande com várias salas e equipamentos. Mas nessa pandemia experimentei algo novo, quando fui fazer quarentena num sítio no interior e depois em uma casa na Bahia. Levei comigo apenas um décimo dos instrumentos que uso e, a partir desses lugares pequenos, tive o maior faturamento do estúdio. Por isso, tenho certeza que estruturas imensas estão fadadas à morte”, diz.

A própria moderadora Gilvana Viana, que é produtora atuando em Portugal, está envolvida com a questão na empresa que fundou. “Na Mugshot, podemos produzir a partir do estúdio ou da casa. A ideia é ir quando quiserem, e quando não quiserem, ficam em casa”, explica.

Mayer entrou na publicidade e fez, logo de cara, 18 trilhas em três dias. As oportunidades de trabalhar fora apareceram também naturalmente, em momentos como o do case “The Uncensored Playlist”, para Repórteres Sem Fronteiras, que ganhou um Leão de Titanium em Cannes ao transformar 10 matérias jornalísticas previamente censuradas em músicas pop. O sucesso o fez abrir escritório em Berlim, onde atuou com a DDB Berlim e o brasileiro Ricardo Wolff no case. Da mesma forma, “The Refugee Tree", com a Africa, rendeu um Music Grand Clio e pedidos para abrir um escritório em Los Angeles. “Agora vivo um mês em Berlim, um nos Estados Unidos e outro, como esse, no Brasil”, diverte-se.

Alan é um caso de produtor que, após 20 anos acostumado com grandes estruturas, lançou a enxuta Mission Music, com atuação em San Francisco e São Paulo, e com parceiros em outras cidades. Um dos assuntos que ele levantou é a existência de budgets fora do Brasil que vão além da propaganda tradicional. “Há muito mais abertura a formatos fora, como mini-documentários. É um leque de produção mais amplo”, diz. Para ele, o produtor brasileiro é respeitado e bem recebido no mundo por sua capacidade de tocar qualquer ritmo. “É uma carta na manga que ninguém de qualquer lugar do mundo tem”, resume.

Já Lucas Duque é um caso diferente, pois sempre planejou sair do Brasil por razões pessoais. Primeiramente em Miami (EUA), desbravou o mercado para concluir, cinco anos depois, que Portugal seria um destino melhor. “Agora estou aqui no meu bunker, produzindo e gravando. A coisa é poder na publicidade usar sotaques diferentes. Gravo locutores portugueses e dá uma satisfação quando dá certo, e você entende o microcosmo deles e leva a sua visão sonora para aquilo”, resume.

Antonio Pinto lembra as melhores condições para produtores no exterior. "Quando fui fazer meu primeiro filme fora do Brasil, percebi que fazia aqui sozinho o que seis pessoas fazem em Los Angeles. E ainda iria receber dez vezes mais. Lá cada um fazia uma coisa: som da porta, chuveiro, tinha o music editor. Eu só precisava ficar em casa tocando. Quero isso pra sempre”, brinca.

Felipe Turlão

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Serviço
Festival do Clube de Criação
Quando: 22 e 23 de Setembro de 2021
Onde: Globoplay
Inscrições: Sympla
Hosted by: Clube de Criação
www.clubedecriacao.com.br
Fone: 55 11 3034 3021
Whatsapp: 11-93704-2881

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