Voz dos Oceanos

Em sua quarta expedição pelo mundo, a Família Schurmann – Vilfredo, Heloisa e os filhos Pierre, David e Wilhelm – parte neste domingo, 29, com a finalidade de conscientizar a população a respeito do lixo nos oceanos, sobretudo os plásticos. O veleiro Kat sai de Balneário Camboriú (SC), dando início ao projeto Voz dos Oceanos, que tem apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, para cumprir uma missão que irá durar dois anos, passando por 60 destinos nacionais e internacionais, entre o Brasil e a Nova Zelândia.

A iniciativa – que também conta com a Plastic Soup Foundation entre seus apoiadores internacionais – tem o intuito de testemunhar e registrar a poluição nos mares e navegar em busca de soluções inovadoras para combater o problema. A expedição pretende engajar pessoas ao redor do planeta para a necessidade de ações urgentes para a preservação das águas.

Os Schurmann já realizaram três voltas ao mundo e são testemunhas da escalada na poluição dos oceanos. “O tema é tão urgente que a ONU definiu o período de 2021 a 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. Acreditamos que por meio de uma grande corrente mundial do bem conseguiremos mudar juntos o cenário”, afirma Vilfredo. Cerca de oito milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos. Existe o risco de esse volume ser triplicado até 2040. “Precisamos mudar de atitude o mais rápido possível”, reforça Heloisa.

Os primeiros patrocinadores da iniciativa são as marcas Kaiak (Natura), Corona (Ambev), Faber Castell e Sabesp. “Mais que um projeto de marketing, nossa Voz dos Oceanos é uma iniciativa ESG para nossas parceiras”, disse David, que revelou que foram necessários quatro anos na estruturação da expedição, desde a captação de recursos até a absorção do impacto causado pela pandemia.

Por sinal, a tripulação seguirá vacinada para a viagem e com planos definidos para adentrar cada região de parada sem correr riscos de contágio. A pandemia adiou a partida da Voz dos Oceanos em um ano.

Vertentes

O projeto tem três vertentes: empreendedorismo, ciência e educação. Na vertente empreendedora, a expedição tem como parceira a aceleradora Spin, focada em encontrar soluções ambientais para indústrias. A ideia é fomentar empreendedores e startups que tenham como proposta encontrar soluções para diminuir ou eliminar o uso do plástico no âmbito industrial.

O pilar científico, desenvolvido em parceria com a Infinito Mare, investigará os diferentes níveis de impacto que os oceanos estão sofrendo, tendo três metas principais: investigar a qualidade da água e a biogeoquímica dos oceanos; analisar áreas mais amplas dos oceanos, em associação com voos de drone e sensoriamento remoto via satélite; e construir o hub Voz dos Oceanos, uma rede global para disponibilizar, de forma veloz, dados confiáveis para a comunidade científica e para a opinião pública em geral.

Nessa vertente, há ainda a participação de um conselho consultivo composto por 14 renomados cientistas brasileiros e estrangeiros.

Já na vertical educacional as parcerias são com os instituto IRAPA e Supereco. Serão feitas jornadas educativas, que incluem a criação de materiais educativos e gamificação; oficinas de formação com estudos sobre oceanos, resíduos e sustentabilidade, e proposta de inclusão transversal e transdisciplinar da temática no currículo escolar.

“Voz dos Oceanos vai além da nossa família. Esse é um movimento coletivo em prol dos nossos oceanos, nosso planeta e nossa vida. Todos podem ser essa voz. E assim como os oceanos, nosso movimento também não tem fronteiras. É uma iniciativa do Brasil para o mundo”, destacou David.

Além do plástico, a expedição também abordará, durante alguns momentos da viagem, a questão climática. Segundo David, na expedição anterior, a terceira, eles já tinham encontrado refugiados climáticos, pessoas que são obrigadas a deixar seus lares em virtude da elevação dos oceanos.

Ele esclareceu ainda que o projeto vai se estender, ao todo, por seis anos. Os primeiros dois anos já estão focados na poluição dos oceanos. Ao final desse primeiro período, a família se reúne e define qual será o próximo objetivo, que poderá ser a crise climática, como disse David ao Clubeonline.

Veleiro adaptado

Composta por oito pessoas, a tripulação do Voz dos Oceanos irá navegar em um veleiro modificado para ficar mais sustentável. O Kat faz uso de energia limpa (eólica, hídrica e solar) e conta com geradores de baixo consumo e sistema de tratamento de esgoto. As melhorias feitas para a expedição incluem a ampliação da capacidade de geração de energia limpa de 75% a 100%, adoção de baterias de Lithium, e mudanças no tratamento de águas com ultravioleta na fase final. Todo o lixo produzido é tratado. O barco possui uma composteira para tratar o resíduo orgânico e um compactador para armazenar o material reciclável.

Foram adotadas ainda medidas capazes de neutralizar a emissão de carbono gerada tanto nos preparativos como na expedição em si, não se restringindo apenas aos índices da embarcação, mas também do escritório em São Paulo. Em parceria com a StarBoard, já estão sendo calculadas as emissões geradas para serem neutralizadas com o plantio de espécies típicas de manguezais que integram o ecossistema costeiro.

Redes sociais

A partida da expedição será transmitida ao vivo pelo canal da Família Schurmann no YouTube. Dicas práticas sustentáveis e a rotina da tripulação serão compartilhadas pelas redes sociais. No domingo, dia em que começa a jornada, a família inaugura seu perfil no TikTok.