Dom Casmurro e cia.

Para divulgar o projeto “Passaporte para o Futuro”, do Banco de Livros, a agência gaúcha Escala realizou campanha, por meio da qual seis clássicos da literatura de domínio público - “Romeu e Julieta”, “Dom Quixote”, “Dom Casmurro”, “Rei Lear”, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” e “Poemas de Fernando Pessoa” - tiveram seus prefácios (re)escritos por internos de quatro penitenciárias gaúchas.

As obras literárias também ganharam novas capas criadas pela agência, que bancou a impressão de 140 livros. Além disso, em parceria com a produtora Libre, foram captados depoimentos dos presidiários sobre como o acesso aos livros faz diferença em suas vidas.

A campanha “Prefácios de História” teve início no final do ano passado, durante a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre. Para reunir o material produzido pela Escala, foi desenvolvido este hotsite, por meio do qual o público pode baixar os livros, assistir aos vídeos e conhecer um pouco mais sobre os projetos do Banco de Livros.

“Naquele momento em que estou lendo um livro, eu esqueço que estou preso. Eu me sinto em liberdade. A gente não pensa nada de ruim quando está lendo, não tem influência de ninguém. Não tem maldade, não tem nada. Só o teu sentimento que entrou naquela história. Ali eu me sinto um personagem”, comenta Gilvano Souza dos Santos, 50 anos, encarcerado na Penitenciária de Montenegro e um dos participantes da campanha.   

Em 14 estados brasileiros, a remição da pena por tempo de leitura já é regulamentada. No Rio Grande Sul, ainda não. A minuta está com o Departamento Jurídico da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe/RS), mas há um entendimento de que matérias envolvendo o cumprimento de penas só podem ser aprovadas pela União. Ainda assim, pelos benefícios que a leitura por si só traz, o projeto foi levado adiante no estado.

Outro projeto recente que envolve presidiários e literatura foi criado pela Artplan para a editora Carambaia (leia aqui).