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O Espaço é Seu

Diante de tanta mudança, como estamos avaliando os portfólios? 

19.01.22

Ao nos depararmos com o fato de que precisamos mais do que urgentemente de novas narrativas aos produtos criativos, e isso está intrinsecamente relacionado a diversidade do quadro de colaboradores de nossas agências e empresas, nos deparamos com outro tema que ainda vejo pouco discutido: a avaliação de "portfólio".


Se a pauta evoluiu, precisamos também pensar em como avaliar o trabalho na hora da contratação. E se o critério for “bons trabalhos no portfólio" não podemos nos ausentar da responsabilidade de nós, como mercado, termos ou não criado oportunidades para que os “bons trabalhos” fossem distribuídos igualitariamente.


Quando ouço “a pasta não era boa”, sempre me pergunto: mas a pessoa e profissional tem potencial? Tem visão? Tem habilidade?


Nossa responsabilidade com isso é imensa, porque não podemos exigir bons trabalhos se nós mesmos como mercado não fizemos este bom trabalho chegar na mão de muita gente. Isso leva a uma roda infinita que não sai do mesmo lugar. Uma roda estática que não anda, não progride e não te leva a lugar algum.


Precisamos mais do que nunca suprir as deficiências de excelentes e potenciais profissionais dentro de um cenário que nós mesmos criamos, por falta de oportunidade. É no mínimo um projeto de reparação e obviamente de muito trabalho. Necessário e urgente.


A inclusão de novas narrativas, que passam por vivências diferentes, é o único caminho do novo e, mais que isso, de fato podemos criar conversas relevantes com a sociedade e contexto que vivemos de forma mais autêntica e verdadeira.


Em um artigo da Digitalk sobre profissionais que estão deixando o mercado publicitário, me deparei com um quote que resume bem o que trago aqui: “as pessoas geralmente querem fazer coisas cujo resultado conheçam. Mas coisas incríveis podem acontecer quando você dá um salto no desconhecido.”


E se estamos falando de criatividade e novas narrativas, o novo não está pronto. O novo precisa ser criado e talvez não esteja prontinho lá no portfólio. Ele precisa de coragem, de aposta, de dados que suportam a razão de existirem e de muitas mãos para uma preencher a falta da outra. Isso é a formação básica de uma empresa que pensa de fato onde ela está inserida e tem ambições de relevância e longevidade.


Recentemente, em outro artigo, a Forbes publicou uma matéria sobre a desistência de novas gerações no nosso mercado. São novas mentes, preparadas para executar o novo baseado em seus valores sociais, éticos e políticos. E, assim como nosso mercado espera bons trabalhos no portfólio, estes jovens profissionais também esperam do mercado um lugar de escuta e aplicação destes valores.


Líderes criativos, hoje, precisam “liderar”, guiar profissionais para que executem o seu melhor e que vejam que o trabalho que estão executando reflete o que pensam e está alinhado às demandas que os trabalhos pedem. E, por um lado, que esta prática (numa visão rasa), de que o critério do líder criativo se enfraquece, o resultado prova que neste processo, todos crescem e novos critérios são criados.


Não dá pra ser mais ou menos novo. O novo é novo pra todo mundo. E isso traz resultados incríveis e mais do que comprovados.


É uma nova responsabilidade que, ao não assumirmos, estaremos apenas nos esquivando e fazendo mais do mesmo e o mais do mesmo não interessa a ninguém.


Danilo Janjacomo, CCO da dentsu International

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