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Prole

Delação de Renato Pereira continua sendo repercutida por O Globo

10.11.17

Aconteceu no Rio de Janeiro, em setembro, a delação do antropólogo, produtor e marqueteiro suíço-carioca Renato Pereira, de 57 anos, filho de diplomatas, sócio da agência Prole e responsável, dentre outras, pelas campanhas para prefeito de Eduardo Paes e para governador de Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão, todos do PMDB, bem como pela campanha à presidência da Venezuela de Henrique Capriles. Também estão no portfólio do marqueteiro Marcelo Crivella e Aécio Neves (Vamos Conversar). E ele criou para a Fiesp campanha contra impostos protagonizada por um pato amarelo gigante (Não vou pagar o pato).

Pereira foi um dos proprietários da produtora TV Zero, que produziu longas como "Bruna Surfistinha", videoclipes para bandas e artistas como Paralamas do Sucesso, Gabriel o Pensador e Lobão, e documentários sensíveis, como "A pessoa é para o que nasce".

No final da década de 1980, viveu em uma aldeia Caiapó, às margens do rio Xingu, e ensinou os índios a usar uma câmera.

A agência de Pereira, Prole, atende às contas publicitárias da Prefeitura e do Governo do Estado do Rio de Janeiro.


O nome de Pereira foi parar na Lava Jato por conta de depoimentos de delatores ligados a empreiteiras, como Andrade Gutierrez e Odebrecht, que relataram terem pago ou repassado dezenas de milhões em malas e afins a Renato e sua agência (aqui).

O conteúdo do relato de Pereira em seu acordo de colaboração premiada começou a ser revelado por O Globo no último domingo, 05, e segue trazendo novidades, a cada dia. Nesta quarta, 08, por exemplo, foi publicada lista com nomes que receberiam mesada de Renatoa pedido do ex-governador Cabral. Nesta quinta, 09, o jornal abordou relação de Pereira com Paulo Skaf. Na sexta, 10, o jornal detalhou relação da Prole com a Prefeitura do Rio de Janeiro (aqui).

Segundo reporta o jornal O Globo, o delator teria revelado que contratos de publicidade do governo estadual do Rio de Janeiro nos últimos dez anos teriam sido direcionados propositadamente para a Prole ou para empresas sugeridas por ela.

Ainda segundo revela o jornal, Renato teria dito que sócios da Prole participaram até mesmo da redação de pareceres e justificativas para notas baixas de concorrentes, com o intuito de controlar as licitações. Ainda segundo o delator, um irmão do governador Sérgio Cabral, o publicitário Maurício Cabral, teria participação nos lucros obtidos com os contratos. O irmão do ex-governador teria sido descrito por Pereira como um “publicitário bastante conhecido no mercado” e figura de seu relacionamento e de seus sócios.

De acordo com o jornal O Globo, Pereira teria relatado, em sua delação, dentre outros fatos, que atuou para direcionar a contratação da agência de comunicação e assessoria de imprensa FSB pela prefeitura do Rio, em 2015. O delator ainda teria dito que recebeu 30% dos lucros da agência em função desse contrato, que envolvia serviços em relação à Olimpíada do Rio.

A delação envolve acusações ao governador Luiz Fernando Pezão, ao ex-prefeito Eduardo Paes, ao deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ) e ao ex-governador Sérgio Cabral, que negam e criticam o vazamento.

O vazamento da delação teria acontecido antes dela ter sido homologada no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski.

Enquanto aguarda a homologação de sua delação, Pereira teria decidido, ainda segundo o jornal O Globo, prestar serviços comunitários para jovens do Morro do Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, na zona Sul do Rio, como voluntário em projeto da ONG Viva Rio.

Leia matérias completas de O Globo sobre a delação aquiaquiaqui, aquiaqui aqui e aqui.

A FSB respondeu com um comunicado as supostas afirmações de Renato Pereira. Leia na íntegra:

"Por considerar a transparência um princípio fundamental, a FSB – com seus 38 anos de atuação no mercado, liderança no setor, cerca de 300 clientes e 700 colaboradores – faz questão de esclarecer que são absolutamente inverídicas as supostas afirmações do publicitário Renato Pereira publicadas na imprensa. A verdade dos fatos é a seguinte:

1) Possuímos dois contratos com a Prefeitura do Rio, de assessoria de imprensa, de junho de 2015, e comunicação digital, de março de 2016, ambos conquistados por meio de disputada concorrência pública.

2) Ambas as licitações contaram com a participação das principais empresas do mercado e vencemos com a melhor nota técnica, além de descontos de 10 % e 35% do valor original do edital, respectivamente.
3) Os dois processos foram fiscalizados pelos órgãos de controle e jamais foram objeto de qualquer questionamento.

4) Caso a Prole tivesse o poder de "direcionar" o contrato, como afirmam as declarações atribuídas a Pereira, faria mais sentido que ela própria disputasse a licitação. Isso não aconteceu.

5) O nosso relacionamento com a Prole deve-se simplesmente ao fato de que as duas agências trabalhavam, por meio de licitação, para a Prefeitura. As relações de trabalho eram absolutamente legítimas, inclusive com reuniões periódicas para alinhar a comunicação.

6) Para o contrato de comunicação digital, por causa da proximidade das Olimpíadas e Paralimpíadas, investimos em uma equipe de 35 profissionais e em cerca de R$ 1 milhão em equipamentos para produção de filmes de alta tecnologia, com uso de time-lapses, aluguel de drones, trilha sonora original, locução e tradução em inglês e espanhol, entre outros.

7) Devido ao volume de trabalho e à urgência em função dos Jogos, para o qual estavam credenciados mais de 25 mil jornalistas, firmamos, em julho de 2016, contrato com a Prole por seis meses, sempre com emissão de nota fiscal. O objetivo era apoiar a produção da FSB, o que efetivamente ocorreu. Durante esse período, foram produzidos 112 filmes de alta tecnologia, além do reforço de operação de redes sociais.

8) Não trabalhamos para a Petrobras desde o início de 2016. Enquanto atuamos lá, a Prole não teve contrato com a estatal, que seja de nosso conhecimento.

Nestes 38 anos de atuação no mercado, nos orgulhamos de prestar aos clientes do setor público serviços de alta qualidade, com o mesmo padrão oferecido ao setor privado. Além disso, pautamos nossa atuação por um código de conduta e ética baseado em norma s de compliance. Por tudo isso, estamos permanentemente à disposição para prestar esclarecimentos sobre nossa atuação".

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