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Festival do Clube 2018

#listadaslistas: painel obrigatório, no sábado, 22

10.09.18

O produtor musical Pena Schmidt não é estatístico, nem matemático, mas tem desenvolvido sua porção de ciências exatas desde que criou o projeto #listadaslistas, em 2013. Naquele ano, ele estava discutindo ferramentas disponíveis para curadores de festivais e casas de música.

Como escolher um artista?

Responsável pelo surgimento de nomes como Titãs e Ira!, Pena avaliou que reputação seria um critério importante. Então, dirigiu seu olhar para as famosas listas de “melhores do ano”, que costumam ser apresentadas por veículos ou por blogs e que conferem reputação aos artistas selecionados.

Esse material foi reunido e os nomes apresentados foram incluídos numa planilha. A compilação originou a primeira #listadaslistas. Esse trabalho foi feito de novo em 2014 e depois ficou suspenso por dois anos, sendo retomado em 2017.

Pena Schmidt, palestrante do sábado, primeiro dia do Festival do Clube 2018, contará a história deste projeto em uma conversa com André Kassu, sócio e CCO da Crispin Porter + Bogusky; Apollo Nove, sócio e produtor musical da A9 Áudio; e Maurício Tagliari, maestro e sócio da YB Music.

Quando se fala que as listas de melhores do ano são analisadas isso significa um trabalho extenso, que envolve outras pessoas. Em 2014, eram 50 os rankings deste gênero. Na montagem do projeto, é dado um ponto a cada menção de artista que tenha lançado um álbum naquele ano (a posição na seleção não é considerada) e, assim, as planilhas são construídas. Em 2017, com mais festivais espalhados pelo Brasil e editais de casas como a da Natura surgindo, Pena decidiu retomar o projeto. A #listadaslistas de 2017 reuniu dados de 122 rankings. O material representava 557 álbuns relacionados entre os melhores do ano passado.

Trata-se de uma seleção bem variada, com listas às vezes montadas por jornalistas ou blogueiros, mas também elaboradas por coletivos, comunidades e comitês.

E o resultado desse mergulho apontou que o artista de 2017 foi... Rincon Sapiência e seu Galanga Livre. Em segundo lugar, Tim Bernardes (da banda O Terno), que lançou seu disco-solo Recomeçar.

Para saber os 51 artistas mais recomendados de 2017, basta clicar aqui.

Vale ressaltar que a #listadaslistas não enumera apenas os nomes mais reputados da música. A planilha contém informações como: em quantos rankings foi citado, gênero musical do artista, quantos discos já tem lançados, anos de carreira, de quantos festivais participou no ano, quem são os produtores e quais são os estúdios de gravação. É um verdadeiro mapa musical do Brasil.

Já o top 10 do ano passado está publicado mais abaixo. Leia a seguir trechos da entrevista que fizemos com o criador do projeto, e não perca a mesa #listadaslistas no Festival do Clube, no sábado, 22, que vai aprofundar o tema e revelar novidades do projeto para 2018 e 2019. A mesa vai extrapolar a questão dos rankings e avaliar o atual cenário da MPB.

CLUBEONLINE – Como exatamente é feita a #listadaslistas?

PENA SCHMIDT – A lista é uma tentativa de aferir um ranking, uma escala de artistas baseando-se em estatísticas de indicações de melhores discos do ano. Faz sentido por serem indicações voluntárias e espontâneas, todas da mesma natureza, discos lançados no mesmo ano. Ao consolidarmos os números, aparecem artistas que reúnem mais indicações e (se monta) a tal escala, que viria para preencher o vácuo deixado pela indústria fonográfica e a ausência de listas de mais vendidos, mais tocados etc. Ranquear artistas é um esporte clássico. Coletamos os dados a unha, buscando e visitando sites e lançando as listas em uma planilha, que está 'monstra', com oito mil linhas no momento, e crescendo. É um processo coletivo, voluntário, colaborativo. Hoje, somos três operadores do sistema: eu, Elson Barbosa, do selo/comunidade musical Sinewave, e o Raphael López, do site Hits Perdidos, ambos colecionadores de informação sobre as cenas musicais. Na temporada de caça às listas, dezembro e janeiro, outros voluntários se juntam a nós e o trabalho rende.

CLUBEONLINE – Que dados são colhidos? Houve necessidade de incorporação de outras informações do tempo em que a #listadaslistas foi lançada até hoje?

PENA – A #ldl, em princípio, é o ano, o site, o artista e o disco. A partir daí, relatórios montam a lista com a contagem de votos. Esse é o principio. Depois, fomos buscar a geografia, de onde são os sites e os artistas. Quem produziu os discos, onde foram gravados, quem cuida da comunicação e por aí vai. Ao fecharmos a lista de 2017, resolvemos buscar esses dados do Top51 – os 51 artistas que tiveram mais de dez indicações a melhores do ano – para fecharmos um painel de informações e entendermos melhor o que definimos como uma nova cena musical que vem surgindo.

CLUBEONLINE – Matemáticos, estatísticos, cientistas da computação... alguns desses perfis de profissionais participam ou participaram do projeto? Machine learning, inteligência artificial... isso é uma possibilidade?

PENA – Todos temos um pouco disso, hoje em dia. O profissional atualizado chuta nas 11, opera planilhas colaborativas, intui modelos estatísticos e fuça nas fórmulas até aparecer um resultado que bata nas contas. O futuro pode nos trazer progresso, consultorias e budgets.

CLUBEONLINE – O projeto terá desdobramentos? Ou sofrerá alguma modificação na próxima edição?

PENA – Não chegamos ao beta. Estamos ainda criando os princípios, formulando os conceitos, mudando de rumo e de rota enquanto pedalamos.

CLUBEONLINE – Que revelações importantes você teve com a #listadaslistas desde que começou esse trabalho?

PENA – Há uma declaração clara de renovação da cena, que fica muito evidente ao tabularmos anos anteriores. Hoje estamos com cinco anos lançados, de 2013 a 2017, e a onda da renovação é o que as pessoas apontam em suas escolhas de melhores do ano.

CLUBEONLINE – Podemos falar de artistas que têm mantido constância nas listas?

PENABoogarins, Letrux, O Terno, Francisco, El Hombre. São vários. Ninguém está predominando. Todos participam de uma onda revolta, que se mistura.

CLUBEONLINE – O que é a música brasileira?

PENA – A música que os brasileiros fazem, geralmente no Brasil.

CLUBEONLINE – Que comunidades e movimentos estão acontecendo agora?

PENA – Preste atenção nos festivais. Podem ser milhares, em breve.

CLUBEONLINE – Que tendências podemos enxergar a partir da análise dos resultados do projeto?

PENA – A tendência que está tardando um pouco neste marasmo comercial, movido a jabá, e mais do mesmo: o novo, a renovação. Porque o novo sempre vem.  

Top 10 da #listadaslistas 2017

Posição/ Artista/ Álbum/ Quantas listas

1 - Rincon Sapiência - Galanga Livre – 71

2 - Tim Bernardes – Recomeçar – 50

3 - Baco Exu do Blues – Esú – 49

4 – Boogarins – Lá Vem a Morte – 44 (posição empatada)

4 – Kiko Dinucci – Cortes Curtos – 44

5 – Criolo – Espiral de Ilusão – 43

6 – Letrux – Em Noite de Climão – 42

7 – Maglore – Todas as Bandeiras – 40

8 - Far From Alaska – Unlikely – 38

9 - Chico Buarque – Caravanas – 34 (posição empatada)

9 - Giovani Cidreira – Japanese Food – 34

10 - Linn da Quebrada – Pajubá – 32

Lena Castellón ..........

Confira a programação do Festival do Clube 2018aqui.

SERVIÇO: Festival do Clube de Criação

Quando: Setembro, 22, 23 e 24 - 2018 - sábado, domingo e segunda-feira

Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo – Brasil

Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino

Hosted by: Clube de Criação

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Transporte oficial: Cabify (Sócios do Clube - 50% de desconto / Delegados - 30% de desconto)

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