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O espaço é seu

Leão! Leão! Leão! (Ainda) és o rei da criação?

03.07.17

Em junho todo o mercado publicitário costuma ter os olhos voltados para o glamoroso balneário no sul da França devido ao Cannes Lions, o festival criado para ver e ser visto reunir as maiores feras da comunicação e celebrar a mídia a criatividade internacional. Provocações a parte, a edição de 2017 foi tão propagada pelas críticas quanto pela distribuição dos famosos leões dourados. Mas o que se passa?

Sem querer cutucar felino com vara curta, vivemos um momento complexo, uns chamam de hipermodernidade, outros de era pós-digital, o nome pouco importa e sim que está desafiando empresas e pessoas em todo mundo sobre sua relevância num futuro próximo. E não seria diferente com a publicidade e o Festival dos Leões de Cannes. Por mais que a premiação se desdobre em categorias mil para atender todos os gostos, ainda mantêm uma essência tradicional.

A tecnologia vem mudando a maneira como nos comunicamos e nos relacionamos com o mundo a nossa volta.  Há teóricos que dizem que já não somos mais Homo Sapiens, que evoluímos para Homo Sapiens Tecnológicos, uma vez que usamos um conjunto de inovações e facilidades tecnológicas com tal frequência no nosso dia-a-dia que já podemos ser considerados distantes dos nossos antepassados.

O setor publicitário precisa adotar estes novos hábitos, que incluem as novas tecnologias tanto quanto os consumidores fizeram, e abraça-los em seu mundo. Aliás, porque publicidade nunca se tratou apenas de orginalidade e sim de familiaridade. O que Samuel Johnson dizia sobre os escritores se enquadra perfeitamente para a publicidade: "Os dois poderes mais envolventes de um autor são tornar novas as coisas familiares e familiar as coisas novas".E para se ter familiaridade nos tempos atuais, é preciso incluir tecnologia.

Em seu livro “Marketing e comunicação na era pós-digital: As regras mudaram” Walter Longo comenta: “Saímos de um mundo de mídias e espectadores para um universo de infinitas conexões entre marcas e pessoas.” Longo indica que este novo universo de comunicação deve ser um cruzamento de três localidades: Madison Avenue (em Nova York, representando a publicidade e as agências criativas), Vine Street (rua dos grandes estúdios de TV e cinema de Hollywood , que representa o entretenimento) e Silicon Valley (onde se concentra a tecnologia e interatividade). Essa nova esquina demanda novas tecnologias, sejam elas digitais ou não. Demanda novas formas de relacionamento e comportamentos que extraímos das vivências do mundo real, virtual e misto.

Chegou a hora do Cannes Lions se rever como festival, para usar a palavra da moda: se ressignificar. Cannes é linda, as festas são maravilhosas, até as saladas são deliciosas, é um astral tomar vinho rosé ao entardecer, e assistir aos melhores do mundo contando seus cases é bem inspirador, mas isso já não é o suficiente, não depois do SXSW, E3, MWC, entre outros. Eles subiram o nível. Queremos mais, queremos algo que nos acelere o coração, que nos devolva aquele frio na barriga, aquela ansiedade gostosa por algo novo, inesperado. E para isso será preciso equilibrar criatividade, entretenimento e tecnologia, não mais com “adendos”, mas no Festival, na sua própria essência.

Encara essa, Leão?

Karina Israel, diretora-executiva da YDreams Global

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