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SxSW2017

Há um ser humano preocupado na Microsoft (Rui Piranda)

12.03.17

Tem um Ser Humano preocupado na Microsoft.
E isso é muito bom.


A Inteligência Artificial é realmente um assunto aqui no SxSW. Este ano, são inúmeras palestras. Destaco duas que fizeram diferença no meu dia (e na vida). A primeira, AI on the horizon: Challenges, Directions, Futures. Quem apresentou foi o brilhante Éric Horvitz, Managing Director da Microsoft. Ele afirma que ainda estamos começando, por isso a palavra horizon. Diz que estamos no momento equivalente ao 14 Bis do Santos Dumont para a aviação. Nossos filhos viverão as turbinas do AI.

A Inteligência Artificial nos acompanhará nos carros, em casa, e até nas mesas cirúrgicas. Sim, ele afirma que a terceira maior causa de morte nos EUA é o erro médico. E que a Inteligência Artificial pode ajudar na tomada de decisão durante uma cirurgia. E onde mora a preocupação? Na ética que tem que existir em volta de todo esse poder. Ele pareceu tranquilo porque marcas como IBM, Apple, Google, Amazon, Facebook e a própria Microsoft, entre outras, se juntaram para formar o Partnership on AI para preservar a ética na condução e aplicação das pesquisas que já estão sendo realizadas.

Uma das "faces" da AI é justamente o reconhecimento facial, tema que está presente em inúmeros painéis e debates. Engana-se quem acha que este tipo de tecnologia serve "apenas" para promover a interação entre robôs e humanos. Pense nas possibilidades que um óculos que reconhece expressões e consegue associá-las a sentimentos pode fazer por um cego. Eu vi um modelo. Este óculos "fala" no ouvido e descreve o que "vê". É lindo. É um futuro maravilhoso que começa já.

O que me leva para a segunda palestra. Chama-se Giving a Face to AI. O Australiano Mark Sagar mostrou seu incrível trabalho de geração e reprodução de rostos humanos em ambiente digital. Vi um menino que mora num computador. Quando Mark o visita ele o reconhece. Mark gesticula e interage, a "criança" sorri, apreende com o tempo novas lições, reconhece desenhos. Vamos, pode perguntar: pra que serve esta experiência? A resposta vem como um sopro de humanidade. A NDIS, National Disability Insurance, da Austrália, entidade que atende pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, fez uma pesquisa e descobriu que muitos deficientes têm problemas (até vergonha) de interagir com pessoas. Mark criou uma imagem feminina, que interage, explica que não é humana, mas que precisa conversar para aprender. Agradece a atenção, esclarece dúvidas, oferece ajuda.

Este mundo AI com ética tem tudo para ficar mais humano. Ficou confuso? Bem, passei hoje por uma terapeuta robô virtual que reconhece o tom da voz e as expressões da face humana e, confesso, me deu vontade de deitar no divã digital. Se quiser, compartilho o link por inbox :)

Rui Piranda - Sócio Fundador da ForALL

(Vai publicar diariamente aqui, no Clubeonline, suas experiências no SxSW)

Leia texto anterior aqui.

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