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A pergunta que não quer calar

As conclusões do Toniko, depois de tantas respostas recebidas...

11.12.03

"Antes de transmitir o que pude apreender através das respostas para a minha pergunta 'o que significa um filme com look internacional', gostaria de agradecer a todos aqueles que se dispuseram a me ajudar a entender esse enígma da atual publicidade brasileira. Vamos lá! Tirando as respostas maldosas do tipo 'é aquilo que os argentinos acham que fazem', ou 'é um filme de 100 mil reais cujo roteiro não tem idéia, é sem graça e se 'baseia' em algum filme sueco que custou 1 milhão de dólares', ou 'é fazer publicidade com a publicidade dos outros, etc., etc., um filme com 'look internacional', pelo que percebi, é uma 'coisa' que muda conforme a época, ou, se vocês preferirem, muda conforme a moda. Explico: no final dos anos 80 tinham 'look internacional' filmes com granulação exagerada (os antigos laboratórios de revelação, no Brasil, sentem saudades dessa 'época de ouro'). Depois, o negócio era fazer a câmera balançar, como fazia o diretor Dektor, nos EUA (nossa! e como as câmeras balançaram por aqui. Tanto que até hoje algumas continuam balançando). Já no começo dos anos 90, o 'grito' eram os filmes com as cores saturadas pelo Telecine. Esse foi o maior teste de resistência para o nosso sistema PAL-M. Aí, nosso Real ficou pau-a-pau com o Dólar e fomos todos (digo 'todos' sem medo de exagerar) para Cannes.
Ao mesmo tempo, surgia a revista eletrônica globalizante (by UK) Shots. Obviamente, depois disso, nossos filmes com 'look internacional' passaram a ter como cor principal o azul esverdeado, chamado de Cian, o que nos caiu como uma luva pois, como as verbas de produção também haviam caído, bastava uma 'giradinha' no Telecine para o filme (pobre) ganhar status de 'filme gringo' (sinônimo underground de 'look internacional'). Nessa época, alguns publicitários mais desavisados não conseguiam entender quando seus filmes eram vaiados no Palais du Festival, em Cannes. 'Por que?', questionavam eles. 'Meu filme está absolutamente up to date', insistiam em acredidtar. Ledo engano! E haja blá blá blá para convencer os jurados. Aí veio o Dogma. Como esse estilo não fez muito sucesso por aqui, vamos pular essa 'casinha'. Mas tudo muda! Atualmente o 'must' é o filme lavado (sem contraste) e com low acting (e põe low nisso!).
Quero dizer, de próprio punho, que sou fã dos filmes gringos. Mas não por terem 'look internacional' e sim pelas idéias geniais dos roteiristas, pela direção competente dos diretores e pela coragem dos clientes. E é bom lembrar que, na maoiria dos casos, esses filmes adoráveis têm secundagem livre (aliás, esse poderia ser o próximo tema da seção 'A pergunta que não quer calar', vocês topam?).
Se nada mudar por aqui, só nos resta continuar aguardando a próxima Shots ou assistir algum filme no www.adcritic.com e pimba na gorduchinha que atrás vem gente".
Obrigado
Toniko
Diretor - O2 Filmes

A pergunta que não quer calar

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