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Cannes Lions 2018

Os “gringos” da seleção – Parte II

16.06.18

Entre os brasileiros que vão julgar o Cannes Lions representando outros países ou regiões – que ouvimos para saber mais da vivência internacional – há um executivo de premiada empresa anunciante que tem muita experiência trabalhando fora do Brasil. É o CMO global do Burger King, Fernando Machado, que preside o júri de Creative Effectiveness. Além de Fernando Machado,o Clubeonline conversou com um criativo que está na Europa há bastante tempo: Miguel Bemfica, CCO da MRM na Espanha, que acumula também a criação global de Zurich Insurance. Ele faz parte do júri de Entertainment. Um ponto em comum entre os dois é a paixão clubística: são flamenguistas.

Clubeonline – Quais as principais vantagens profissionais de trabalhar fora? Do que sente falta?

Fernando Machado – Sempre quis fazer trabalho de marketing global. Sempre fui apaixonado por entender diferentes culturas, mercados, e por trabalhar com marcas que tocassem muitas pessoas ao mesmo tempo. Minha carreira me direcionou a me tornar CMO global de alguma marca grande. Tenho muitos amigos e família no Brasil. A proximidade deles é, sem dúvida, do que mais sinto falta.

Miguel Bemfica – Sempre digo que a vida é muito curta para se morar em um só país. Morar fora ajuda muito no trabalho. A gente aprende muitas maneiras diferentes de trabalhar, de resolver problemas e buscar oportunidades, de se reinventar. Outra coisa maravilhosa é o que a gente vive culturalmente. Hoje conheço muitos lugares que nem sonharia em conhecer, falo várias línguas e isso é priceless. Outra coisa: um criativo tem de estar sempre querendo sair da zona de conforto. E, uma vez aqui fora, você sempre tem de driblar novos problemas, novos desafios, o que acaba te ajudando no long run. Do que mais sinto falta é do jeito divertido de se trabalhar no Brasil, dos amigos, da minha família e principalmente do pão de queijo da minha mãe e de ver os jogos do Mengo com meu pai.

Clubeonline – Como foi ser convocado para ser jurado por outro país que não o Brasil? Que sentimentos surgem?

Machado – Na verdade nunca pensei nisso. Na minha cabeça sou brasileiro e, independentemente de estar morando fora do Brasil, continuo sendo brasileiro. Eu me sinto orgulhoso de representar nosso país no Festival. Todos os jurados brasileiros se comunicam e a comunidade do Brasil que vai para Cannes é bastante ativa. O júri de Cannes é super internacional e o principal objetivo é premiar os melhores trabalhos, independentemente da origem dos mesmos. Ter diversidade cultural e geográfica ajuda o júri e o Festival, pois a diversidade permite um entendimento das nuances de algumas ideias.

Bemfica – Minha primeira vez como jurado calhou de ser pela Espanha e acho muito bacana. Como já vivi em quatro países, sendo duas vezes na Espanha, acho justa a prioridade (risos). Sou muito agradecido por essa oportunidade de aprender mais uma vez com Cannes. Desta vez, de dentro da “cozinha”. A única falta de sorte foi ser jurado justo num ano de Copa do Mundo. Vou perder muitas partidas. Faz parte do jogo.

Clubeonline – Você tem acompanhado o trabalho brasileiro? O que espera do desempenho em Cannes? E na Copa?

Machado – O Brasil sempre foi um mercado importante para todas as marcas com que tive a oportunidade de trabalhar. Logo, sempre tento estar próximo ao que esta acontecendo no país. O Brasil tem um desempenho bom nos festivais publicitários e Cannes não é uma exceção. Somos um povo muito criativo, que tem bom humor e que se diverte mesmo em tempos adversos. Muita gente chega a dizer que o “brasileiro precisa ser estudado”. Quanto à Copa, sem dúvida vou torcer. Mas confesso que sempre estou mais focado no desempenho do meu Mengão que no desempenho da seleção.

Bemfica – Tenho acompanhado muito do que o Brasil tem feito em Cannes. Mas isso não quer dizer trabalhos made in Brasil. Ano passado os brasileiros ganharam quatro GPS e todos os brazucas que ganharam não estavam no Brasil, o que foi bonito por um lado, porque demonstra que a gente sabe fazer, seja no Brasil ou no Exterior. Por outro lado, foi surpreendente que todos os GPS tenham vindo de fora. Não sei muito explicar o porquê.

Clubeonline – E em relação aos país no qual trabalha hoje, qual desempenho você espera este ano?

Machado – Acho que os EUA têm algumas campanhas bem fortes este ano. Marcas como Tide (campanha de detergente Tide no Superbowl 2018), New York Times, Geico, Apple Homepod, entre outras, com certeza voltarão para casa com Leões de Ouro.

Bemfica – A Espanha tem um trabalho bacana, com peças que já vem ganhando prêmios importantes internacionalmente. Mas Cannes, como o futebol, é uma caixinha de surpresas… Tomara que haya suerte!

 

Experiência internacional

Fernando Machado está em Miami há quatro anos e meio, trabalhando para o Burger King. Antes disso esteve por quatro anos em Londres pela Unilever. Na verdade, está fora há bastante tempo. Saiu em 2003 para fazer MBA e, desde então, esteve apenas dez meses em São Paulo, em uma passagem curta como vice-presidente de Savoury, na Unilever.

Em outubro, Miguel Bemfica completa dez anos fora do Brasil, que, segundo ele, passaram muito rápido. Quando saiu do país, era redator na DPZ. Não queria ser diretor de criação para ter tempo de montar a Escola Cuca. De lá, foi ser ECD da JWT em Madri. Depois, Global Creative Director para Nestlé e Nespresso na McCann Milão, de onde se mudou para Londres para atender, entre outras contas, Zurich Insurance. Há dois anos voltou para Madri como CCO da MRM e continua responsável pela criação global de Zurich Insurance.

Na reportagem anterior (leia aqui) falamos com os representantes do EUA, o fundador e CCO da TBD, Rafael Rizuto, que vai julgar Glass; e o fundador e Creative Chairman da Pereira & O’Dell, PJ Pereira, jurado de Titanium.

 

Rita Durigan

 

Leia todas sobre Cannes aqui.

 

O Clubeonline estará em Cannes este ano, mais uma vez, com o patrocínio das seguintes empresas:

Alice Filmes

 Barry Company

 Corazon Filmes

 Estúdio Angels

 Hefty

 Lucha Libre Audio

 Piloto

 Vetor Zero

 Warriors VFX

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