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Escaninho do Washington

New York. Muitos negócios, poucas oportunidades

22.01.14


New York.

Muitos negócios, poucas oportunidades.



Primeiro foi o Soho.

Quem comprou um um loft por lá entre 1965 e 1985 seu deu bem. Os depósitos de abastecimento da cidade com os caminhões na porta desapareceram, dando lugar a lojas e restaurantes. Os artistas underground abandonaram o pedaço devido à alta dos alugueis. Os bares da geração Fanelli’s e as galerias de arte da geração Leo Castelli foram substituídos pelas Channels e Pradas da vida. Prédios inteiros foram restaurados e, de 1995 em diante, qualquer imóvel na região passou a custar os olhos (com óculos Selima) da cara.



Depois foi o Flatiron.

A região acolheu as galerias que tinham abandonado o Soho. Seus apartamentos se transformaram nos favoritos das herdeiras riquinhas, das divorciadas endinheiradas e das Sexy in the City covers. As ruas ganharam restaurantes badalados, como o Veritas e o ABC Kitchen. E o local passou a ter até um certo nariz empinado, anteriormente privilégio do vizinho Gramercy Park. Já faz algum tempo que qualquer imóvel no Flatiron custa uma grana verde.



O últimos foram o Meatpacking District e o Chelsea.

Dos açougues mostrados por Adrian Lyne em 1986, no filme “9 1/2 semanas de amor”, até o recém-inaugurado High Line Hotel, na décima avenida com a rua 20, a transformação pela qual a região passou foi imensa, e o Meatpacking, ao lado do Chelsea, deixou de ser de um dos lugares mais desprezados de New York para se transformar no lugar mais valorizado da cidade, com preços que superam os preços dos endereços do dinheiro antigo, como as ruas sessenta do lado East.



Assim é a New York que se reinventa o tempo todo. E foi por essas e por outras que eu, curioso que sou, e louquinho pra saber qual o próximo caminho das pedras, pedi uma reunião com o Ken Wong, chefão da Related, a incorporadora que mistura grande arquitetura com arte e que, neste momento, está fazendo o mais espetacular complexo imobiliário do mundo: o Hudson Yards, entre as avenidas décima e décima segunda e as ruas 30 e 34 de New York.



Ken é meu cliente no Brasil. A Related é sócia da Bueno Netto no Parque Global, que a WMcCann lançou com enorme sucesso no quarto semestre de 2013.



Como cliente satisfeito, Ken me tratou esplendidamente no seu deslumbrante escritório da Columbus Circle, entre o Time Warner Center e o Mandarim Oriental Hotel. Na sua sala de maquetes (uma Disneylândia para adultos), cercado de projetos espetaculares, incluindo as maquetes do Hudson Yards, ouvi Ken me dar as más notícias, que depois transmiti para os meus amigos ansiosos por alguma dica de um bom investimento na cidade.



Não existe nesse momento em New York nenhuma região onde se possa comprar alguma coisa com possibilidade de enorme valorização nos próximos anos. O mercado está aquecido, faltam imóveis em New York e os preços já estão lá no alto. A única exceção é o Brooklin.



O Brooklin Museum, que nesse momento expõe uma retrospectiva de Jean-Paul Gaultier, vive abarrotado. Jovens antenados dos EUA inteiros querem morar por lá. Os grandes chefes de Manhattan já criaram miniversões de seus grandes restaurantes para o pedaço. A pizzaria Roberta’s, considerada a melhor de New York, tem filas de Bentleys na porta, e a descoladíssima Al Di La Trattoria é a grande sensação do inverno nova-iorquino.



O Brooklin é a bola da vez, mas a hora certa de comprar já passou. Foi alguns anos atrás. Exatamente quando Vik Muniz, que tem olho de artista e cabeça de homem de negócios, comprou seu enorme estúdio e seu charmoso apartamento por lá.



Agora, o Brooklin é ainda uma alternativa viável, mas já cobra o preço da fama. Bem feito pra nós que fomos pouco atentos a mais essa guinada da cidade que mais faz o novo de novo no mundo.



Washington Olivetto - Chairman da WMcCann



 


Escaninho do Washington

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