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Festival do Clube 2015

Marcus Alqueres explica a técnica da pré-visualização

25.09.15

O diretor de cena e de efeitos visuais e animação Marcus Alqueres ('300', 'Tintin', 'Planeta dos Macacos: A Origem', 'The Flying Man' etc.), hoje na O2 Filmes, apresentou ao público técnica chamada "Previs", ou pré-visualização, no segundo dia do Festival do Clube de Criação, que aconteceu na Cinemateca Brasileira.

O profissional morou por muitos anos no Canadá, também trabalhou nos Estados Unidos, e agora está de volta ao Brasil. Ele falou sobre a técnica que é largamente utilizada como ferramenta criativa e de orçamento em Hollywood, principalmente para planejamento de sequências complexas em longas-metragens e, algumas vezes, na publicidade, mas ainda pouco disseminada no Brasil.

"A Previs é muito usada no cinema: 90% dos filmes utilizam. Mas não é muito explorada pela publicidade. Trata-se de uma ferramenta criativa e também orçamentária. O criador consegue ver aquilo que vai dirigir antes de ir para o set. É como um storyboard, mas elevado ao cubo, porque você consegue captar muito mais, consegue verificar a atmosfera da cena, visualizar tudo antes de ser filmado e ter a certeza de que é isso que você quer, que vai funcionar. Isso ajuda também a otimizar ao máximo o orçamento”, argumentou Alqueres.

Como ferramenta de orçamento, Marcus explicou que se o profissional vai filmar uma cena com carros, por exemplo, o diretor costuma “chutar” uma estimativa de quantos automóveis serão necessários. "Ele pode considerar que serão necessários cerca de 20 automóveis. Mas se ele fizer uma pré-visualização, pode constatar que, por exemplo, 16 daqueles carros são desnecessários, por uma série de fatores".

Mas como funciona a ferramenta? Ela mostra a locação na telinha do computador e permite que sejam colocadas todas as medidas em escala do local - seja um cenário ou sejam ruas, edifícios etc - e inclusive dos elementos que vão estar na cena, como um carro ou uma pessoa.

Usando o exemplo de um comercial de automóvel, ele mostrou como o programa permite visualizar o carro andando pela pista e virando numa outra rua. O próximo passo é posicionar as câmeras e visualizar como ficaria. É possível mudar o tamanho do sensor e a lente – ele mostrou um teste com lente 50, depois com 18. “Com um clique, pode-se testar tudo o que quiser, em vez de ficar trocando de lentes no set. Também já dá para ir para a filmagem sabendo exatamente onde posicionar as câmeras”, observou. “Com o Previs, consigo tirar medidas e até verificar a velocidade que o carro deve estar. Tudo isso economiza tempo no set de filmagem”.

Alqueres apresentou alguns exemplos de Previs feitos para longas e comerciais, mostrando as cenas em pré-visualização feitas no computador e depois finalizadas nos filmes e nas peças publicitárias.

Entre os destaques mostrados pelo diretor estava “Contra o tempo”, longa filmado em Chicago, no qual ele trabalhou como supervisor do processo de Previs e supervisor de animação.

Ele apresentou a pré-visualização da cena de um trem que explode várias vezes. “Pegamos a locação via Google Earth, modelamos a locação em 3D, com as medidas. Modelamos o trem. Fizemos o primeiro Previs, disseram que a cena ficaria muito cara. Enviamos outra versão, um pouco mais barata. Continuaram achando caro, tinha muito carro destruído. Outra Previs, continuou caro. Até chegarmos na melhor cena possível com o dinheiro que eles tinham. Com a pré-visualização, o diretor não vai estourar o orçamento no set, já sabe como funcionará”, comentou. “A técnica é excelente para entender o ritmo da cena e dá para ter uma estimativa bem mais precisa de custos”, concluiu Alqueres.


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