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Festival do Clube 2021

Os homenageados de 2021 do Hall da Fama

24.09.21

Os criativos Rita Corradi e Javier Talavera passam a integrar o Hall da Fama do Clube de Criação, por todo o trabalho desenvolvido ao longo de suas carreiras.

Escolhidos pelos diretores da entidade para receberem a homenagem, a redatora e o diretor de arte foram entrevistados por Ruy Lindenberg, diretor de criação da Mar Comunicação; por Andreia Barion, redatora e diretora executiva do Instituto Fazendo História; e por José Carlos Lollo, diretor de arte e ilustrador, em painel da edição de 2021 do Festival do Clube, quando eles compartilharam de suas visões sobre a profissão e sobre outros aspectos da vida.

Lindenberg abriu as conversas pedindo que os criativos contassem um pouco sobre suas trajetórias profissionais.

Javi, que é mexicano, começou a carreira no Brasil como ilustrador. Ele compartilhou com o público a história de sua chegada ao país, “fugindo da propaganda”. “Vim para cá para estudar artes plásticas depois de ganhar uma bolsa de estudos. O dinheiro que eu tinha, dava para sobreviver 15 dias, pagando um hotelzinho barato. Como a bolsa, vinda do México, chegou somente seis meses depois, ou eu morria de fome ou voltava a trabalhar com propaganda. Eu fazia ilustrações na época e Zezito Marques da Costa foi o primeiro a abrir as portas da publicidade para mim e me ensinar os princípios básicos da direção de arte”, revelou Talavera, que trabalhou em agências como Taterka, DPZ (ambas atualmente DPZ&T), Ogilvy Brasil, Leo Burnett (atual Leo Burnett Tailor Made), W/Brasil (hoje WMcCann), Fischer América, Lowe/Loducca (Mullen Lowe), DM9 (atual SunsetDDB) e Y&R (atualmente VMLY&R).

Com 32 anos de carreira, Rita agradeceu ao Clube de Criação pela escolha, “muito inesperada”, segundo ela, para integrar o Hall da Fama. “Cheguei ao mercado da propaganda à francesa e saí 32 anos depois, quietinha. Não me sinto enquadrada no perfil clássico do publicitário, sempre me mantive escondida. Estou muito honrada e feliz com essa homenagem e esse reconhecimento”.

A criativa contou que começou na publicidade “por acaso”. Aos 18 anos, estava em dúvida entre estudar ciências sociais ou jornalismo. Como passou para um curso que seria no período matutino e queria trabalhar, decidiu fazer cursinho e tentar entrar na faculdade no ano seguinte para o período noturno. Nesse meio tempo, começou a trabalhar na agência de propaganda GGK, como recepcionista.

Eu me encantei com o clima, com a movimentação, com o jeito das pessoas, que eram interessantes, divertidas. Acabei mudando para propaganda e ficando. Primeiro, como revisora na GGK. Logo comecei a me interessar pela redação. Depois, o Washington (Olivetto) se associou à agência, que virou W/GGK e posteriormente W/Brasil”, recordou. No decorrer de mais de três décadas, Rita trabalhou em agências como DM9 (atual SunsetDDB), DPZ (atual DPZ&T), AlmapBBDO, Y&R (atual VMLY&R) e Leo Burnett (hoje Leo Burnett Tailor Made).

Andreia Barion pegou carona na história da trajetória profissional de Rita e perguntou à criativa: “nesses 32 anos, o que a propaganda te deu de melhor e o que a propaganda tirou de você?

Rita apontou que a profissão lhe trouxe muita coisa boa, em especial, pessoas que se tornaram amigas e a ajudaram a ampliar suas perspectivas e a forma como ela enxerga a realidade. “Uma coisa que sempre me incomodou foi o tempo, o número de horas no trabalho. Nunca fui de ter aquela inspiração, de repente ter uma ideia brilhante, eu sempre tive que abaixar a cabeça e pensar. Eu entrava na garagem da agência cedo e saía quando estava escuro. Quando deixei o cotidiano de agência e pude voltar a ver a luz do dia numa quinta-feira, por exemplo, e fazer outras coisas que eu também gosto com calma, foi ótimo”, refletiu.

Durante a conversa, José Carlos Lollo observou que Javi tem afinidade com o universo artístico e questionou o criativo: “conhecer arte é valioso para quem trabalha na criação publicitária. Do seu ponto de vista, o que faz esse conhecimento importante?”.

Talavera respondeu que não é "conhecedor de arte". "Eu amo arte, mas não sou conhecedor. Qualquer publicitário, seja redator, diretor de arte, da área que for, que goste de arte, vai colocá-la dentro do que ele faz, do seu trabalho. E será bom para todos: para o cliente, para o público", avaliou.

Lindenberg resgatou uma história que arrancou risos dos participantes da mesa. Ele lembrou que muito do que Rita conquistou em sua carreira foi uma vitória sobre a sua timidez, obviamente aliada ao seu talento. E compartilhou sobre o dia em que Rita teve que cantar na frente de centenas de pessoas. “Na Y&R, você criou um roteiro sensacional para Varig, ‘560 quilômetros(assista ao filme, abaixo). A diretoria achou super legal, mas como na Varig os funcionários eram sócios, os executivos pediram que a gente apresentasse para mais de 200 pessoas”, descreveu.

“Foi isso mesmo. Eu tive que cantar na frente de todos, desafinadíssima. Não tive outra alternativa e, de alguma maneira, consegui cantar. Mas valeu a pena, o filme foi aprovado”, arrematou Rita.

Com a proposta de mostrar que os clientes da Varig não precisavam ficar parando durante a viagem, o comercial da companhia aérea entrou para cultura popular nos anos 1990, ao mostrar um avião cheio de passageiros e uma aeromoça instigando todos os presentes a cantarem com ela: "560 quilômetros, 560 quilômetros, pare um pouquinho, descanse um pouquinho, 550 quilômetros" e assim por diante.

Ao final do painel, Lollo mostrou que, durante o bate-papo, trabalhava paralelamente em uma surpresa para os dois novos integrantes do Hall da Fama do Clube de Criação: ele criou ilustrações de Javi e Rita (veja as imagens, acima).

No ano passado, passaram a integrar o Hall da Fama do Clube de Criação Alexandre Machado e Tetê Pacheco, leia aqui.

Valéria Campos

Leia anterior, aqui.

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