O Espaço é Seu 2

Do nada, no meio de pandemia, morte do Van Halen e do Maradona, pontos no queixo do meu filho e tantas coisas trágicas que aparecem na minha restrospectiva mental de 2020, um nome surgiu para mudar completamente o rumo da narrativa.

Vitas Gerulaitis.

Não sei exatamente porque lembrei dele. Mas motivos não seriam problema.

O cara namorou modelos, atrizes, tocou numa banda de rock, era amigo de Andy Warhol, frequentador assíduo do Studio 54 e, como discrição nunca foi o seu forte, costumava dirigir um Rolls Royce amarelo pelas ruas de Nova York.

Ah, sim. Nas horas vagas também era tenista. E dos bons.

Ganhou Wimbledon, Australian Open, chegou em finais de Grand Slam e esteve anos no topo do ranking. Só teve o azar de jogar na mesma época de Bjorn Borg, John McEnroe e, claro, Jimmy Connors. Gerulaitis perdeu pra ele nada menos que 16 vezes seguidas.

E adivinha quem foi o adversário na semi-final do Masters de 1980? Mas ignorando dados e estatísticas, Gerulaitis ganhou.

Na entrevista pós-jogo, ao ser perguntado como tinha finalmente conseguido derrotar o rival, Vitas, com uma taça de champagne na mão, disparou:

“Que isso sirva de lição para todos vocês. Ninguém ganha de Vitas Gerulaitis 17 vezes seguidas”

Depois de um ano tão duro, com tantos pofissionais desempregados, tantas agências não querendo mais ser agências e tanta notícia ruim uma atrás da outra, acho que não poderia existir mensagem mais inspiradora pro ano novo.

Que em 2021 todo mundo tenha a resiliência e o bom humor de Vitas Gerulaitis. Acho que a gente vai precisar.

Rafael Merel, Diretor de Criação/Redator