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O Espaço é Seu

Coisas que aprendi com o Innovation Lions (Fred Saldanha)

21.08.13


A minha grande referência em propaganda é um cara que nunca trabalhou numa agência. Falo do Steve Jobs. Ele, melhor que ninguém, sabia que boa propaganda não precisava ter cara de propaganda. Boa propaganda podia ser também um produto inovador, um serviço que nunca ninguém pensou ou, simplesmente, o design da embalagem do iPhone.



O Innovation Lions, categoria que o Festival de Cannes criou este ano, pretende celebrar esse conceito de propaganda. E fez isso da melhor forma possível: chamou para compor o júri nomes como David Droga, Aaron Koblin do Google Creative Lab, Genevieve Bell da Intel, Ben Richards da Microsoft, e mudou totalmente as regras do jogo na hora de avaliar as melhores ideias.



A Click teve um shortlist nesse ano inaugural do Innovation e posso garantir que aprendi muito com o processo.



Para começar, a viagem para Cannes foi bem diferente das anteriores. Todos os shortlists dessa categoria (foram 25 peças no total) teriam que apresentar suas ideias diretamente aos jurados numa das salas do Palais. Para aumentar a pressão, a sala também estava aberta ao público credenciado. Essa apresentação não poderia repetir o videocase ou qualquer outro material inscrito no Festival. Se recorresse a algum material de vídeo, esse vídeo não poderia ultrapassar os 3 minutos de duração. Enfim, teria que ser uma apresentação completamente nova, que falasse sobre a tecnologia por trás da ideia e mostrasse toda sua relevância e caráter inovador. Detalhe, não poderia passar dos 10 minutos. Depois disso, começava uma sessão, também de 10 minutos, onde os jurados fariam perguntas sobre o que tinha sido apresentado.



Eu e o Diego Araújo, ECD da Click que participou comigo no Innovation, assistimos a quase todas as apresentações e notamos um padrão nas questões dos jurados.



Por mais que as ideias fossem totalmente diferentes entre si, havia 4 questões que foram sistematicamente repetidas a todos os participantes e que me fizeram refletir muito sobre o nosso processo de criação.



São elas: qual é o modelo de negócio? Como foi a reação das pessoas à ideia? Quais foram os resultados até agora? E quais são os próximos passos?.



Se você titubeasse em alguma delas, os jurados caiam matando. Se você não desse uma resposta convincente, mostraria a fragilidade da ideia. Se você enrolasse, vergonha alheia.



Nessa hora, não tem videocase bem escrito ou um board cheio de adjetivos que ajude. Não tem mídia espontânea nem contabilidade de views. É você e sua ideia. Sua ideia é o que ela realmente vale.



De uma coisa tenho certeza, foi uma experiência e tanto. Adorei e não vejo a hora de passar novamente pelo pelotão de execução.



Na noite anterior à nossa apresentação, fizemos uma lista com dezenas de possíveis perguntas, cada uma mais complicada que a outra. Curiosamente, quase todas foram feitas pelos jurados, inclusive as perguntas mais ingênuas e supostamente idiotas.



Acho que esse aprendizado acabou mudando minha forma de pensar e avaliar ideias no dia a dia. Sem medo de passar vergonha, devemos fazer mais perguntas ridículas dentro das nossas agências.



Fred Saldanha

Chief Creative Officer da AgênciaClick Isobar


 


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