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O Espaço é Seu

Temer, Previdência: se não se comunicarem, vão se trumbicar

17.11.17

Além da sua minguada popularidade, o que vem tirando o sono do nosso presidente é a aprovação da Reforma da Previdência. Até aí, nada de mais para alguém que carrega nas costas a alcunha de Vampiro.

Ela que era a sua Menina dos Olhos, passou a ser seu o grande pesadelo. Algo previsível, claro.

Faltando um ano para as eleições, já tem parlamentar, inclusive da base aliada, pensando se vai mesmo cutucar esse vespeiro. Essa gente, na hora do pega pra capar, costuma correr.

A medida é necessária, mas extremamente impopular. E, como tal, merecia muito mais atenção e cuidado do que teve até agora.

É complicado mudar uma coisa que tem mais de 70 anos – e que está intrinsecamente ligada à vida do brasileiro –, da noite para o dia. Requer tempo para informar e, principalmente, para usar a comunicação de massa na hora de convencer. E não é filminho bonitinho em formato de infográfico, no intervalo da novela, e videozinho de celular, que vai resolver. Na pressa, não rola. Tem que ter as preliminares. Com calma.

Quem poderia ter feito isso, no período em que esteve lá, era o nosso “Salvador da Pátria”. O nosso “Sassá Mutema do Agreste”. Tempo teve de sobra. Afinal, foram oito anos de muito blábláblá. Na maioria das vezes, sobre ele próprio. Mas, também, sobre os seus feitos “nunca vistos antes na história desse país”.

Poderia ter aproveitado o primeiro mandato só para explicar a todos nós do que se tratava o assunto. E, com a retórica que o capeta lhe deu, seria covardia. Todo mundo iria entender.

Abusaria de metáforas. Lançaria mão de provérbios. Colocaria até o “Curintia” jogando a seu favor. Seriam 4 anos detalhando, tim por tim tim, o que deveria ser feito. Grana também saía pelo ladrão, com o perdão do trocadilho. Aí, se valendo da sua popularidade lá nas galáxias (e com a Câmara e o Congresso nas mãos), no seu segundo mandato passava a caneta na dita cuja. Delivered job!

Se a intenção era entrar para a história, essa seria a porta de acesso. Estava escancarada. Mas, por pura indolência (leia-se aqui PREGUIÇA), deixou pra lá.

Preferiu o imediatismo populista do incentivo ao consumo. Foi só descobrir a fórmula mágica do IPI zero em carros e eletrodomésticos para dar início ao seu plano. Tratou logo de levar até a caixa de correio do brasileiro o carnê de cada mês do home theater. E para se entregar a outras tentações, não tão imediatas assim - porém proporcionalmente perigosas, foi um pulo. Uma Copa e uma Olimpíada, por exemplo.

No entanto, o rojão da Previdência ele se negou a segurar.

Na sequência (e na bota dos seus oitenta e tantos por cento de aprovação), apareceu outra figura que também não estava muito afim de assumir esse B.O.. Preferiu saudar mandiocas e estocar ventanias.

Agora sobrou para o atual titular da conta liquidar a fatura.

Se ainda der tempo (o que é pouco provável), a primeira providência é falar diretamente com o povo. Mas tem que ser na língua dele.

Abandone a mesóclise e abomine o plural, Senhor Presidente.

E tem que manter isso aí, viu?

Arnaldo Albergaria / redator freelancer

 

 

 

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