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Star Wars 40 anos III

Lições da saga que levou fãs a adotar um dia só para ela

25.05.17

Os 40 anos de Star Wars estão sendo celebrados desde antes da data oficial de lançamento do filme nas 32 salas de cinema dos EUA, naquela distante quarta-feira, 25 de maio de 1977. A Disney, dona da saga, já havia promovido uma grande festa no que se convencionou chamar de Star Wars Day, o 4 de maio. A data foi instituída por fazer associação com a frase "May the Force be with you" – o trocadilho é "May the fourth be with you".

O Star Wars Day deste ano teve uma convenção especial em Orlando organizada pela Disney e reuniu cerca de três mil fãs que tiveram a oportunidade de ver perto os atores do primeiro filme da franquia a entrar em cartaz. Estiveram lá Mark Hamill (Luke Skywalker) e Harrison Ford (Han Solo), entre outros. O próprio George Lucas se apresentou no evento.

Pelo lado das campanhas que fizeram referência ao 4 de maio, a criatividade não esteve em alta, apontou AdAge (veja aqui algumas das ideias que “homenagearam” a data, de acordo com a revista). Já a Vanity Fair, pelo contrário, caprichou na celebração com uma edição que trouxe quatro capas sobre os 40 anos da franquia (confira aqui). Dentro, uma reportagem recheada de fotos de Annie Leibovitz, com direito a cenas de Carrie Fisher, que morreu no dia 27 de dezembro do ano passado. A atriz que viveu Leia recebeu homenagens também no Star Wars Day.

Para marcar os 40 anos de Star Wars, o Clubeonline procurou profissionais de agências, veículos, produtoras e anunciantes para discutir que impacto a franquia pode ter sobre esta indústria e se a marca inspira reflexões para o mundo da comunicação. Foram feitas três perguntas para todos. As entrevistas foram divididas em blocos.

Participaram da primeira rodada de entrevistas Jean Boechat (Talent Marcel), Thiago Ferraz (Lew’Lara\TBWA), Ana Paula Cavagnoli (Grupo Newcomm) e Mariano Alvarez (Punch Audio). Leia aqui as respostas.

O segundo grupo de entrevistados contou com Fernando Cury (W+K SP), Cris Dias (Facebook), Paulo Sanna (Wunderman) e Tom Soraire(Aktuellmix). Veja como foi.

Neste terceiro e último bloco entram as entrevistas de Fernando Diniz (DPZ&T), José Carlos Lollo (Talent Marcel), Adilson Batista (Today), Páris Piedade Neto (Globo Mídias Digitais) e José Luís Araújo Dames (Jac Motors).

Confira as perguntas: 

1. Star Wars completa 40 anos de seu lançamento. Como você se conectou a esse universo? Foi ao cinema na época? Ou a ligação veio depois? Por que se tornou um fã?

2. O que torna a franquia tão poderosa? Que elementos considera os mais importantes para ter transformado a história em algo tão cultuado?

3. Que lições a marca transmite ao mercado (caso seja possível falar em lições)? Cite que comercial, meme, paródia, referência, produto, desenho, momento ficou na memória como algo digno de Star Wars.

 
Lena Castellón

 

 

FERNANDO DINIZ, Chief Strategy Officer da DPZ&T

Como virou fã

“A ligação com o filme veio depois de seu lançamento, pois eu tinha apenas seis anos quando ele chegou às telas. Quando vi o filme, logo me identifiquei. Sabia que alguns sintomas que tinha na época não eram problemas de ordem psicológica. Finalmente eu entendera o que estava acontecendo comigo: eu era um Jedi e o amor pelo filme e sua saga foi imediato!”

Razões para o sucesso da franquia

“Primeiramente, acho que a beleza do filme está na simplicidade do arco narrativo, que mostra a saga do herói e gera identidade imediata com qualquer pessoa. Somado a isso, eu acho que esse é um daqueles filmes que determinam alguns marcos de design: sua naves, seus monstros, suas roupas, os sabres de luz, tudo é extremamente belo e moderno 40 anos depois. Bom gosto demais!”

Lições da marca Star Wars para o mercado

 

“Star Wars é sempre uma grande inspiração para uma série de coisas, não só no nosso trabalho, mas no nosso dia a dia. Sempre brinco que no mercado existem ambientes de trabalho que são o ‘lado negro da força’, dos quais tento me manter distante o quanto for possível. Portanto, acho que no nosso meio de trabalho hoje em dia, com tanta pressão, mudanças de cultura, resultados cada vez mais apertados, é grande a tendência de uma agência ir pro lado negro da força e visar somente o lucro, abrindo mão de um trabalho de que se tem orgulho, de um ambiente sadio, alegre e promissor para as pessoas. Ou seja, não é apenas sobre ser Jedi. É sobre ser o Jedi certo e usar esses poderes da melhor maneira. Não tá fácil? Bom, que a força esteja com você. :) “

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JOSÉ CARLOS LOLLO, diretor de arte da Talent Marcel

Como virou fã

“Meu primeiro contato foi por meio do trailer que passou no Fantástico um ano antes do lançamento no Brasil (naquela época, os filmes demoravam pra chegar aqui). O trailer era fantástico! Era muito diferente de tudo que se via de ficção científica na TV. Tinha ação, tinha naves explodindo, tinha duelos de sabre de luz e eu tinha 16 anos. Fiquei esperando meses o filme estrear. Quando finalmente fui ao cinema, logo no começo do filme pensei que tinha sido enganado. Como assim episódio IV? ‘Eu não vou entender nada! Perdi os outros três!’ Sou fã da série desde essa época. Meu sonho na época era ter os brinquedos que não existiam aqui, ou eram importados, raros e caríssimos, ou eram uns feitos de chumbo que vendiam na loja A Miniatura do Shopping Ibirapuera. Hoje esses bonecos de chumbo são altamente colecionáveis.”

Razões para o sucesso da franquia

“Star Wars é uma colagem de gêneros cinematográficos. George Lucas juntou o que tinha de mais legal nos filmes de pirata, cowboy, ficção científica, filmes de guerra e cortou a falação. Isso até deixou a saga meio superficial, mas é o que faz a gente gostar: Star Wars é só paixão desenfreada, não é pra namorar.”

Lições da marca Star Wars para o mercado

“O marketing de Star Wars é dos mais selvagens. Sempre foi. Nada está no filme que não vire brinquedo, camiseta, memorabilia. Eles são tubarões mesmo. A diferença é que é tudo muito sedutor. É tudo feito pra vender brinquedo? Sim, mas os brinquedos são sensacionais, variados e atendem o desejo dos fãs. Esperamos sempre que o próximo filme seja mais legal e tenha brinquedos mais legais ainda. O respeito ao fã é muito importante. Quando eu era moleque, os brinquedos de super heróis não tinham muito critério. O único universo que respeitavam era o da própria caixa registradora. Para o cara do marketing, era só mais um produto. Mas um garoto via o Hulk de motocicleta, ou Superman num buggy e pensava ‘pô, que merda é isso?’. Star Wars procura evitar produtos tolinhos e o resultado é que tem de tudo, mas tudo é desejável.”

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ADILSON BATISTA, sócio da Today

Como virou fã

“Vi ‘Guerra nas Estrelas’ pela primeira vez na TV. Foi paixão à primeira vista. Quando cresci, passei a acompanhar as publicações em revistas e passei ver tudo que chegava na minha mão. Quando surgiram os vídeos na internet, assistia todos. O Vader passou a ser meu personagem favorito. “

Razões para o sucesso da franquia

“Para mim o sucesso vem dos personagens. São muito bem construídos. Todos têm uma história e um enredo próprios. As pessoas se identificam com Yoda, Luke, Han Solo, Chewbacca, Princesa Leia e Vader. Eu gosto da profundidade do personagem Vader. Ele é mau, mas no fundo tem uma porção boa. Gosto das roupas, da voz e da sua história e origem.”

Lições da marca Star Wars para o mercado

“A principal lição é a perenidade. Hoje, as ações de propaganda têm vida curta. A marca Star Wars também conseguiu se conectar com um público jovem que se apaixonou pelas histórias por meio de seus pais. Houve uma renovação de público, aumentando a legião de fãs. Eu gostei muito mesmo da propaganda da Volkswagem, na qual o menino imita o Vader. Achei sensacional e para mim (por ser um fã talvez) é o melhor filme de propaganda de todos os tempos.”

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PÁRIS PIEDADE NETO, diretor de plataformas tecnológicas da Globo Mídias Digitais

Como virou fã

“A conexão com Star Wars veio depois. Tenho 42 anos. Ela tem crescido cada vez mais desde que meu filho começou a ver comigo os episódios. Comprei a última edição em blu-ray e vimos todos de novo. Não me lembro do dia em que nasceu essa conexão. Sempre foi referência, mas de 2010 pra cá está cada vez mais forte.”

Razões para o sucesso da franquia

“Além de ser no espaço, ter aliens e lutas do bem x mal, gostei mais quando entendi melhor a história assistindo ao ‘machete order’, que é diferente dos episódios e cronológica (vale pesquisar). Entendi a disputa política, o que aumentou a dimensão da trama, que já era muito legal. Passou a ter um viés ainda maior, mais complexo e mais colorido. Acho que a trama é tão simples ou densa quanto você se dedicar. Por isso, é um clássico. Além de bem feito, claro, permite esse mergulho raso ou profundo com riquezas escondidas na trama que te chamam pra ver de novo e de novo.”

Lições da marca Star Wars para o mercado

“Coisas boas são atemporais. Se bem feitos o roteiro, a direção de arte, o figurino e o contexto sociopolítico, um filme pode atravessar décadas sendo contemporâneo.”

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JOSÉ LUÍS ARAÚJO DAMES, diretor de criação e arte do Grupo SHC – Jac Motors

Como virou fã

“Minha conexão foi aos dez anos, em 1977. Assisti a primeira vez com meu irmão mais velho, Pedro Luís, de 14 anos, que já era um voraz fã de ficção científica e trekker! Meu fascínio foi imediato. Queria ser um Jedi. Depois fui  inúmeras vezes sozinho. Naquele tempo nos cinemas de Porto Alegre, pagava-se um ingresso e se podia ficar mais de uma sessão. Ahhh, eu ficava duas, três seguidas. E veio o episódio V. Além de Jedi, queria ser um piloto rebelde! E fui de novo várias vezes ao cinema. Decorava cada fala, cada detalhe. Veio O Retono de Jedi e achei que o meu treinamento Jedi estava completo. Mantinha a mesma voracidade nas várias maratonas que fazia pelos cinemas de Porto Alegre. Já era um antigo conhecido dos funcionários.”

Razões para o sucesso da franquia

“Star Wars é um filme para a família. Cada membro se identifica com um ou vários personagem. O eterno embate do mal contra o bem ou melhor ‘ligth side x dark side’. A variedades de mundos e espécies é outro fator.”

Lições da marca Star Wars para o mercado

“Lucas foi um visionário ao lançar a linha de produtos licenciados de Star Wars – e como agradeço a Deus por ele ter feito isto (rsrs)! Mudou para sempre a história do cinema e do mercado promocional. As reedições da franquia passando pelas mudanças de mídias e as remasterizações foram responsáveis por manter acessa a chama de Star Wars e o universo crescente de fãs. E Star Wars é pop! Se não me engano, na década de 90 a frase mais falada no Reino Unido era ‘I am your Father”. A VW fez em um comercial com um garotinho vestido de Dart Vader, mas os meus preferidos são os da Nescau, da década de 80, na qual a embalagem se transformava nas X-Wings! Star Wars cada vez mais se mostra ao mercado como um exemplo de sucesso a ser seguido!”

Star Wars 40 anos III

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