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Cannes Lions 2016

O que pensam os jurados (Tadeu Jungle)

29.04.16

O Clubeonline apresenta um bate-bola sucinto e objetivo com todos os jurados que irão representar o Brasil no Cannes Lions, este ano.

Acompanhe abaixo o que tem a dizer Tadeu Jungle, sócio e diretor da Academia de Filmes e jurado de Entertainment.

1. Nome, cargo e há quantos anos comparece ao Cannes Lions.
Tadeu Jungle, diretor e roteirista de cinema, TV e realidade virtual, sócio da Academia de Filmes. Frequento Cannes desde os anos 1990.

2. É sua primeira vez como jurado neste Festival? Qual a importância deste convite?
Sim. Ser convidado é uma honra. Será um prazer representar o Brasil no festival e assim tentar contribuir para o diálogo sobre os novos caminhos da publicidade, que é para onde apontam os trabalhos de Entertainment. Tenho grandes expectativas sobre a experiência de ser jurado, tanto pela possibilidade de assistir coletivamente aos trabalhos indicados quanto pela discussão com os demais membros do júri até chegarmos a um resultado comum sobre as melhores peças.

3. Como você está se preparando para o julgamento?
Acompanho com regularidade o lançamento de campanhas e filmes inovadores. Como o julgamento é um trabalho coletivo, realizado presencialmente em Cannes, minha intenção é estar totalmente concentrado durante a avaliação, em junho. Por agora, estou revendo os filmes premiados em categorias similares em anos anteriores.

4. Já viu trabalhos, nacionais ou internacionais, na sua categoria ou em outras, nos quais aposta?
Vi diversos cases no último ano que fizeram a diferença na comunicação de marcas. De qualquer forma, ainda é cedo para emitir opinião. Ainda assim, posso dizer que existe sempre uma expectativa de que algo novo e surpreendente possa ser mostrado por lá. Acredito que Cannes é uma importante plataforma de showcases e um fórum de trocas para se conseguir aprender e avançar na área de entretenimento e inovação.

5. De modo geral, quais suas expectativas em relação ao desempenho do Brasil, este ano, no Festival?
O Brasil sempre foi mestre em se adaptar ao novo e construir o novo. Há muito, nossa criatividade se destaca em Cannes assim como em outros festivais. Mesmo com o momento tão ruim da nossa economia e política, tenho esperanças em ver bons produtos por lá.

6. O Cannes Lions virou um grande Festival, com mais categorias a cada ano e no qual as agências brasileiras investem um grande montante de dinheiro, não só em inscrições, mas também no envio de suas equipes. Você mudaria alguma coisa no Festival, se pudesse?
A criatividade sempre foi o mote dos trabalhos de Cannes; é uma base muito sólida. As agências investem porque estar em Cannes é uma experiência que enriquece o trabalho e o repertório dos profissionais. Fico um pouco aflito com a diversidade de programação interessante que acontece simultaneamente e nos obriga a fazer escolhas. Gostaria de poder acompanhar tudo. Obviamente, isso é impossível. Porém, tenho a impressão de que o festival se mantém preocupado em acompanhar as mudanças do mundo da propaganda. A própria criação de Entertainment como categoria, entre outras novidades, é um exemplo.

7. Como avalia a qualidade das palestras e a infraestrutura do evento?
Acho bastante interessante o mix da programação, que une diferentes profissionais da comunicação (de diretores de criação, filme e marketing a atores) a grandes nomes de inovação e tecnologia.

8. O fato de agora haver um grande número de ‘celebridades’ anunciadas dentre os palestrantes te parece um diferencial atraente?
Sou indiferente à participação das celebridades, mas acho enriquecedor ter também esse olhar sobre a criatividade e o conteúdo de marcas.

9. Recomenda alguma palestra nesta edição do Festival?
Estou particularmente interessado em aprofundar meus conhecimentos sobre realidade virtual. Por enquanto, espero conseguir acompanhar painéis como o que vai rolar com Resh Sidhu, diretora criativa do Framestore VR Studio.

10. Algo mais?
Posso falar melhor sobre a categoria Entertainment, para a qual fui convidado a ser jurado. O investimento das marcas em conteúdo se mostra cada vez mais uma estratégia de comunicação, tanto que Cannes criou uma premiação especial para esse reconhecimento. Mostra um entendimento profundo dos organizadores sobre o consumidor, hoje, que não é mais passivo, mas acessa o que quiser num clique e com interação. O mundo não só muda rápido, mas muito mais rápido do que as previsões foram capazes de alcançar. Como estamos a cada dia mais conectados, a quantidade de informação disponível cresce geometricamente. Com tanto assunto no ar, e o público web nativo se tornando adulto, o filme de 30 segundos não tem condição de existir sozinho. No mínimo, tem de fazer parte de uma boa história, seja ela de ficção, documental ou gamificada. A não ser que seja varejo ou um filme para manter a marca viva, que entre nos meus intervalos de TV ou da vida, o Entertainment será o veículo principal para dar sustentação ao produto e dar uma cara para a marca. Ela, a marca, agora dialoga com um consumidor ativo, que escolhe o que quer ver pela qualidade e constrói uma relação autêntica com valores dela.

Leia anterior com entrevista com Rodrigo Catellari, jurado de Film, aqui.

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