arrow_backVoltar

Cannes Lions 2016

Cindy Gallop quer que todos façam sexo e filmem, na Riviera

20.06.16

"Sex: The Final Frontier" foi o tema da palestra de Cindy Gallop, na tarde do domingo (19).

A ex-executiva da BBH Nova York e fundadora e CEO do site MakeLoveNotPorn - onde as pessoas podem fazer upload de seus próprios vídeos fazendo "sexo real", não pornografia - falou muito sobre intimidade: a sua própria, a do mundo e a versão (geralmente desonesta) vendida por marcas na publicidade.

A palestra, organizada pela Flamingo e que também contou com o cineasta Mobeen Azhar, começou com uma discussão sobre as atitudes das diferentes gerações em relação ao sexo e como as circunstâncias as atinge, por exemplo, o efeito da pílula sobre os boomers, ou a Aids sobre a geração X, ou como o Tinder está afetando a geração do millenials.

Cindy, no entanto, disse uma coisa que liga todas as gerações: "Eu tenho 56 anos, eu sou 'boomer', e namoro homens de 20 e poucos anos, então sou 'cross-generational'", disse. "Mas com base em oito anos de trabalho no projeto Make Love Not Porn, e examinando os dados - as conversas, os comentários, os e-mails - não importa que idade temos, todos nós somos inseguros em relação ao sexo. Nós não somos abertos e honestos a respeito disso como sociedade. Nós não falamos sobre sexo o suficiente. E assim todos nós nos preocupamos terrivelmente. Todos nós queremos ser bons na cama, mas não temos ideia do que isso significa ainda."

Assim, a sua missão com "Make Love Not Porn" é tornar o sexo algo "natural" para uma cultura que, em muitos aspectos, tem pavor dele. Sua carreira de 30 anos na indústria publicitária deu a ela consciência sobre como as marcas podem ajudar nesse processo.

Sua primeira crítica sobre o sexo na publicidade? Quase tudo é feito a partir do ponto de vista do sexo masculino. "Nossa indústria ainda não começou a ver o poder de representar o sexo por meio da lente criativa feminina", disse ela.

A maioria das marcas finge que o sexo não existe, e, portanto, nega-se a construir um ponto de relacionamento universal com os consumidores, defendeu. "As marcas e produtos não reconhecem esta área universal da experiência humana", disse Cindy.

"As pessoas fazem sexo em carros. A indústria automobilística espetacularmente não consegue reconhecer isso para permitir que o fato influencie a concepção do produto. A indústria de colchão não reconhece que as pessoas fazem sexo na cama! Eles não estão permitindo que isso influencie a concepção dos seus produtos também. A indústria da cozinha não reconhece que as pessoas têm relações sexuais em balcões de cozinha. Honestamente, eu poderia continuar a citar muitos outros exemplos. A nossa experiência universal do sexo se aplica a muitos, muitos produtos e marcas não obviamente sexuais", comentou.

Na visão de Cindy, os anunciantes estão apenas reforçando o tabu.

Apesar de reconhecer que não é fácil, ela argumentou que "a indústria da propaganda tem o dever de realmente compreender, analisar, reconhecer, desenhar e comunicar-se sobre sexo com todos os consumidores em todo o mundo".

"As marcas que fizerem isso irão ocasionalmente despertar uma reação adversa (do público) por terem ousado a se aproximar do tema sexo", admitiu. E polemizou: "A agência de Gerry Graf, a Barton F. Graf 9000, fez uma campanha maravilhosa para Ragù há vários anos, nos EUA. Eles mostraram uma criança voltando da escola, caminhando para o quarto e vendo os pais fazendo sexo - os pais não aparecem, só o rosto do garoto (assista aqui). Eu achei brilhante, mas eles foram criticados".

Na opinião dela, as marcas precisam ser valentes, porém, ela acrescentou, não se preocupar excessivamente com a reação, porque ajudar a tornar o sexo algo mais natural não só vai ajudar os consumidores como também será bom para o negócio dos anunciantes, no final.

Cindy também fez alguns pedidos ao público: Primeiro: "O próximo briefing que você trabalhar, a próxima conversa que você tiver com um cliente, fale sobre a vida sexual do consumidor. Vamos falar sobre as suas atitudes em relação ao sexo. Vamos falar sobre os seus comportamentos. Apresente o sexo como um fato completamente normal de... vida, literalmente, a cada marca que você trabalhar. Quando fazemos isso, podemos nos deparar com áreas profundas de percepção".

Segundo:. "Eu quero ver o tema sexo sendo discutido muito mais em Cannes. Eu quero ver a hashtag #realworldsex bombar, por favor, tuíte isso. E fale sobre sexo com todos que encontrar pelo resto da semana, porque está na hora de nossa indústria começar a fazer isso."

Terceiro, e mais provocativo: "Adoraríamos que todos vocês sejam nossas novas 'estrelas' de Make Love Not Porn. Queremos publicar uma edição 'Make Cannes Love Not Porn'. Então, por favor, filme-se fazendo sexo em Cannes e isso vai transformar você e sua vida sexual!" Ei, isso já aconteceu antes. (No ano passado um casal foi flagrado supostamente fazendo sexo no tapete vermelho do Cannes Lions. O jornalista britânico David Griner flagrou a cena e compartilhou a foto em sua conta no Twitter).

Cindy falará mais sobre o assunto nesta terça-feira (21), quando ela irá participar do painel "How to Change the World Through Advertising."

Leia matéria do Adweek na íntegra aqui.

Leia tudo do #ClubeinCannes aqui.

Cannes Lions 2016

/