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Clube Insights

Tetê Pacheco e Alexandre Machado revisitam a W/ e a publicidade

16.11.20

Foi como abrir um livro de histórias. Em um encontro repleto de nomes estrelados, esta live do projeto Clube Insights, uma realização do Clube de Criação com apoio institucional da Rede Globo, trouxe para o centro do palco os homenageados do Hall da Fama 2020: Alexandre Machado e Tetê Pacheco.

Mais do que isso, trouxe grandes histórias da W/ e da publicidade em um bate-papo que contou com um super time de convidados para entrevistar a dupla: Gal Barradas, sócia e CEO da AIO Culture Code; Gleidys Salvanha, diretora de negócios para varejo do Google; o diretor de criação Marcelo Pires; Jarbas Agnelli, sócio, diretor e produtor da Birds on the Wires; Luiz Ferré, diretor de cena; Luciana Cani, ECD da Saatchi & Saatchi Tokyo; Marcius Dalbó, consultor e ex-diretor de Marketing da Grendene; e Ricardo Freire, ex-publicitário e publisher do Viaje na Viagem.

Além disso, a live – que já está disponível em nosso canal no YouTube (TV Clube de Criação) – teve na plateia referências da propaganda brasileira como Washington Olivetto e Gabriel Zellmeister.

Joanna Monteiro, presidente do Clube de Criação, abriu a live contando como Alexandre Machado e Tetê Pacheco foram escolhidos pela direção da entidade para o Hall da Fama. “Todos reconhecem muito o trabalho feito por vocês”, disse.

Carioca radicado em São Paulo, Machado, que teve passagem por agências como Diler & Ellis, DPZ, MPM e Agência da Casa, conquistou Leão de Prata no Festival de Cannes de 1997 com o filme "Explicação", mais conhecido como "Presidentes", para a Folha de S.Paulo. Também ganhou um Leão de Ouro em Cannes, em 2000, além de Grand Clio de Film, em 2001, com "A semana" para a revista Época.

Tetê atualmente é sócia e CEO da startup Comcon Conteúdo, de criação e produção de branded content com foco no segmento infanto-juvenil. Trabalhou em agências como W/Brasil, McCann Erickson, Ogilvy & Mather, Centoeseis e StrawberryFrog, para marcas como O Boticário, Garoto, TIM, Hellmann's, Dove, Levi's e Grendene (leia mais sobre os dois homenageados aqui).

Escritor e roteirista hoje, Alexandre foi perguntado sobre sua rotina de criação em casa, lugar que escolheu para trabalhar desde seus tempos de W/. Com a pandemia, todos foram obrigados a manter as atividades a partir de seus lares e, com isso, a dinâmica das agências se perdeu. Na visão de Alexandre, muitas campanhas do passado da W/ não conseguiriam aflorar via Zoom. “Tudo era divertido de alguma maneira. Mesmo os problemas eram engraçados”. Era uma época em que os ambientes eram muito ricos para se trabalhar, complementou, dizendo ainda que não é possível ter saudades porque aquele perfil de agência não existe mais e nem poderia nos atuais tempos. Quanto à minha rotina, eu preciso de um cantinho, mas pode ter uma banda tocando atrás. A agência me ensinou isso. Para criar, você não precisa de silêncio. Tá ali e tem de fazer. Tem de entregar tal hora e tem de ser genial. Essa prática eu adquiri bem. Mas preciso de certa rotina”, afirmou, alertando: "mas não o chamem para sala de roteiristas". “Todo mundo que participou daquela época da propaganda sentava e trabalhava para cacete. Tinha de sentar e encarar a questão até o último milímetro.

Tetê também fez referência ao ambiente da W/, dizendo que ele a “deformou”, ou seja, que a transformou, tirando-a dos moldes. “A W/Brasil é culpada por eu possivelmente não estar mais trabalhando com agências de propaganda”. Tetê comentou que era quase uma brincadeira trabalhar na agência, que tinha como sócios Washington, Gabriel e Javier Llussá Ciuret. “A gente estava quase o tempo inteiro experimentando, num formato de círculo, um olhando para o outro, e exercendo a liberdade de falar direto com o cliente”, lembrou.

Trabalhar na área de conteúdo, um desejo que ela tinha, teve um grau de influência da W/, revelou Tetê, porque a agência ouvia mais música do que jingle, via mais cinema do que publicidade. “A primeira vez que ganhei um Leão de Prata de Mídia Impressa não me deram nem parabéns”, comentou a criativa, aos risos. “Isso me desformatou de tal maneira que... como é que eu iria trabalhar no mercado? Eu saí da W/ para tentar trabalhar com conteúdo e fazer uma empresa chamada Miolo, numa época em que ninguém sabia o que era conteúdo, branded content. Claro que não deu certo”. Tetê saiu desta experiência e foi para uma agência, a Ogilvy. Havia muitos recursos e departamentos, mas os universos eram bem fechados. Um contraste em relação à maneira como tinha atuado na W/.

Uma das campanhas lembradas na live foi a do casal Unibanco, com criação, dentre outros profissionais, de Alexandre, que tinha um enredo de série. Era, de fato, o novo casal do banco, em que o marido não queria fazer parte da campanha por ser muito tímido. Como se diferenciar da primeira comunicação, em que o casal era divertidíssimo? Só fazendo um novo casal divertidíssimo, que não queria estar ali, esclareceu Alexandre.

Ele disse que aprendeu muito com essa campanha porque era muito grande. Demandava algo como 12 filmes por ano. “Para cada comercial aprovado, escrevia três ou quatro”, detalhou. “Era um treinamento diário para ser sucinto, pertinente. Aprendi a valorizar cada fala de personagem. Não consigo fazer um personagem ter uma fala à toa. A fala tem de ter intenção, alguma consequência, algum resultado”.

Tetê falou da BMDM, banda que nasceu dentro do projeto Mundo da Menina, um canal no YouTube, criado por ela, que soma mais de três milhões de inscritos. Trata-se de um espaço para falar com meninas entre 5 e 11 anos, propriedade de uma marca de calçados. Tetê já não está mais encarregada deste projeto, mas lembrou que foram produzidos diversos conteúdos para o canal, como novelas e documentários. Ou tudo que ela não conseguiu fazer na publicidade, como salientou.

Uma das estratégias adotadas para o Mundo da Menina foi investir em música. As garotas do projeto cantaram no aplicativo Musically, que antecedeu o TikTok. Foi um sucesso. Foi quando veio a ideia de se fazer uma banda com algumas das meninas. “Foi um spin-off, uma narrativa à parte”. A banda foi levada para shows, teve videoclipe, virou algo grande. Uma das meninas desse projeto é Elis MC, que na ocasião tinha 5 anos e hoje desenvolve carreira artística utilizando as ferramentas da web com seus 7 anos.

Em meio às perguntas e aos comentários, Washington foi convidado a falar porque, afinal, discutia-se "alma e ser humano verdadeiro”, pontuou Machado, mas também se abordava a agência que criou e seu estilo de liderança. E ele não economizou palavras: “Acho muito bonito que, neste ano tão burro do Brasil, dois muito inteligentes sejam reconhecidos (pelo Hall da Fama). É maravilhoso que, neste ano constrangedor que o Brasil e o mundo vivem, dois brilhantes talentos sejam premiados”.

Washington contou que conheceu Alexandre muito antes de ele ir para a W/. Tinha se encantado com uma campanha que ele havia criado para um supermercado carioca, de bairro, que trazia a mensagem: “o melhor supermercado do Rio de Janeiro e adjacências”. Referia-se a um comércio instalado na Tijuca. “Era para ter um orgulho do suburbanismo mesmo”, explicou Alexandre.

No caso de Tetê, Washington lembrou da primeira viagem à Cannes feita por ela. Quem Tetê havia levado para vivenciar aquele momento? A mãe. Washington disse que isso demonstrava o que era a agência: a somatória de muitas adoráveis pessoas físicas, “com seus talentos diferentemente administrados”.

Tudo isso e muito mais podem ser conferidos na íntegra da entrevista no vídeo abaixo e também disponível no TVClubedeCriação. Não perca. Inscreva-se no canal e assista.

O Valor da Criatividade

O Clube Insights organizou rodadas de palestras, entrevistas ou bate-papos, uma vez por semana, com nomes expressivos do cenário da comunicação nacional e internacional, tendo como força motriz o valor da criatividade. As lives voltam ano que vem, na temporada 2021.

Veja como foram as lives anteriores com:
Fabio Fernandes.
Carlos Bayala.
Washington Olivetto.
Javier Campopiano.
Dedé Laurentino .
Susan Hoffman.
Marcello Serpa.
Leonardo Nogueira.
AKQA (Hugo Veiga e Diego Machado).
- Toni Segarra.

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