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Coluna do W.O.

A variante Black Friday

05.01.22

Desde quando eu comecei na publicidade — bem na pré-história desta história —, todos os anos surgiram novidades que provocaram alterações na vida das pessoas e no universo de consumo.

A chegada dos astronautas americanos à Lua; a conquista do tricampeonato mundial de futebol pelo Brasil; a estreia da “Discoteca do Chacrinha” na Rede Globo; a Nasdaq começando a operar na Bolsa de Nova York; o lançamento da canção “Imagine” por John Lennon; a televisão brasileira entrando na era da cor; a introdução no mundo do sistema de código de barras; o fim do regime salazarista em Portugal; a morte do Generalíssimo Franco na Espanha; o lançamento da Apple feito por Steve Jobs e Steve Wozniak; a descoberta de ouro em Serra Pelada; a revolta dos metalúrgicos no ABC Paulista; o lançamento do walkman pela Sony; a visita histórica do Papa João Paulo II ao Brasil; o lançamento do post-it pela 3M; os “Caça-fantasmas” no cinema; o surgimento da rede de televisão CNN; o lançamento do compact disc pela Sony; o computador escolhido como “Machine of The Year” pela revista Time; Prince lançando “Purple rain” e conquistando o mundo; a Apple introduzindo o Macintosh, em 1984; a criação do Cirque du Soleil, no Canadá; a descoberta do buraco de ozônio por um grupo de cientistas britânicos na Antártica; o lançamento do “Xou da Xuxa” na Rede Globo; a criação nos EUA do estúdio de animação Pixar; as consecutivas vitórias de Joãosinho Trinta com a Beija-Flor no carnaval carioca; a nova Constituição brasileira, de 1988; a Queda do Muro de Berlim tornando a Alemanha uma única nação; Dalai Lama ganhando o Prêmio Nobel da Paz; a disseminação da aids; Ayrton Senna conquistando seu terceiro mundial; a morte de Freddie Mercury; a Eco-92 no Rio de Janeiro; a criação da União Europeia; Nelson Mandela tornando-se o primeiro presidente negro da África do Sul; Jeff Bezos fundando a Amazon; a primeira viagem do Eurostar de Londres para Paris; o lançamento do sistema Windows pela Microsoft; a ovelha Dolly, o primeiro animal clonado do mundo; o lançamento do Viagra; a morte de Lady Di; a tecnologia Wi-Fi; o iPod e o iTunes; a Wikipédia; o euro no lugar das velhas notas da Europa; a fábrica de carros elétricos Tesla fundada na Califórnia; Mark Zuckerberg lança o Facebook; surge o YouTube; aparece o Twitter; a cadeia de lojas de discos Tower Records vai à falência; fumar em locais públicos e no trabalho passa a ser proibido no Reino Unido, coisa que começa a acontecer imediatamente nos outros países; Barack Obama é eleito o primeiro presidente negro dos EUA; Cuba e EUA reatam relações diplomáticas; Bob Dylan recebe o Nobel de Literatura; morre Muhammad Ali.
Curiosamente, nenhum desses momentos aconteceu depois de 2019, quando surgiu a Covid-19, e o mundo parou. As pessoas se trancaram em casa, o trabalho passou a ser feito em escritórios virtuais, restaurantes fecharam, exposições, shows e espetáculos foram cancelados, a mídia encolheu.

No universo do consumo, um único projeto bem-sucedido foi a Black Friday.

Criada nos EUA, nos anos 1980, como o dia que inaugura a temporada de compras natalinas, foi imitada em 2010 no Brasil, que, por caipirismo, aderiu também ao nome americano, mesmo sabendo que, segundo Ancelmo Gois, Black Friday é o cacete.

Virou um sucesso de público e de vendas e uma coqueluche em todas as mídias, a ponto de a última versão brasileira da Black Friday, que começou na sexta-feira 26 de novembro de 2021, ter fôlego para durar até 6 de janeiro de 2022, Dia de Reis.

Na Black Friday brasileira, o consumidor pode comprar todo e qualquer tipo de coisa e aproveitar diferentes promoções como “você compra um martelo e ganha dois de presente”.

Mas o grande diferencial da nossa Black Friday é o preço da maioria das ofertas.

Tudo pela metade do dobro.

Washington Olivetto
Publicitário

washington@washingtonolivetto.com.br

Texto publicado no jornal O Globo

Leia texto anterior da Coluna do W.O., aqui.

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