arrow_backVoltar

El Ojo de Iberomérica 2015

'Queremos Leões de Ouro, mas também queremos muita Plata'

05.11.15

Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, ministrou palestra via Skype no El Ojo de Iberoamérica nesta quinta-feira (05), em Buenos Aires.

Ele disse à plateia que, por conta da chuva que caiu em São Paulo na quarta-feira, não conseguiu chegar ao aeroporto.

Nizan focou sua palestra em dois pontos, ou duas questões. A primeira reflexão que ele pediu aos presentes que fizessem diz respeito à saúde financeira do mercado publicitário latino-americano. "Nossos profissionais são desejados e disputados em todo o mundo, nossas ideias são festejadas, aplaudidas e resolvem os problemas dos anunciantes, por que então nossa remuneração é tão baixa? Nossos clientes querem cada vez mais: mais engajamento, mais dedicação, mais criatividade, mais plataformas. Mas em troca querem nos dar cada vez menos dinheiro", disse.

E continuou perguntando: "quantas agências estão de fato ganhando dinheiro na América Latina? Quantos grupos como o ABC existem na região? As multinacionais norte-americanas e europeias estão por todos os países da AL, fazendo o que têm que fazer, não critico, mas e as empresas de comunicação locais, como estão? É possível para um latino-americano abrir uma empresa na região e ser viável? Não podemos fazer um trabalho incrível e gerar dinheiro apenas para os outros e não também para nós mesmos".

Em seguida questionou: "como podemos reter talentos se não estamos conseguindo remunerá-los bem? Se somos um hub de criação precisamos ser remunerados de acordo. Precisamos ter um mercado latino forte, não apenas em ideias e criatividade, mas também financeiramente. Precisamos debater a questão da remuneração e acho que fóruns como este, mais focados em criatividade, não podem deixar de falar também de business. Não há show sem business. Além de ganhar Leão temos que ganhar dinheiro. Estamos mais uma vez exportando nossas riquezas, assim como fizemos com ouro, minérios, petróleo, como se essa fosse a sina da América Latina".

E, para reforçar seu ponto de vista, brincou que defende todo tipo de plataforma, principalmente a 'Plata'. E disse que um mercado forte só se faz com regulamentação e leis que o protejam.

A outra questão que ele quis deixar em destaque entre os participantes do evento diz respeito à pasteurização das ideias por conta da sede de prêmios. "Os festivais internacionais de publicidade são muito bons mas geram um grande problema: fazem as agências pararem de usar a cultura local de seu país como matéria-prima e criarem apenas com parâmetros que possam cair bem aos jurados de Cannes. E, assim, vira tudo commodity, tudo fica igual, homogeneizado e com cara de festival. É preciso parar e pensar sobre isso. Algumas das coisas mais legais que criei não ganharam nada em festivais, mas foram assunto das festinhas de criança. É isso que sempre busquei: fazer as pessoas comentarem minhas campanhas, cantarem, rirem. Não deixem de fazer publicidade que tenha a cara do seu país. Não esqueçam que a riqueza do mundo é sua pluralidade".

No final, pediu para que a plateia se levantasse e repetisse frases como 'we love plata' e 'viva os latinos'. Também disse que iria exorcizar a todos para livrá-los de qualquer catinga ou mandinga.

El Ojo de Iberomérica 2015

/