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Estratégias digitais

Mauro Cavalletti apresenta sua consultoria Bitnik

24.04.20

Sem ter na perspectiva a crise que seria deflagrada no mundo por um vírus, Mauro Cavalletti abriu seu novo negócio: a consultoria Bitnik Estratégias Criativas. A empresa tem o propósito de acelerar a transformação digital ou a inovação.

Com passagens por agências como MullenLowe, AKQA e R/GA (nos EUA, onde viveu por 14 anos), Cavalletti foi também Chief Integration Officer na JWT de São Paulo. Mas sua carreira não se construiu apenas em agências. Ele atuou como head do Creative Shop do Facebook Brasil por quatro anos. A soma dessas expertises levou à constituição de sua Bitnik. O nome vem do primeiro website criado por Cavalletti, no meio dos anos 1990, quando era um pesquisador na USP.

A Bitnik era um hub de artes digitais. Criei com outro pesquisador, que é artista que fazia imagens fractais a partir de códigos matemáticos”, conta. O então sócio, Rodrigo Siqueira, se tornou um especialista em inteligência artificial. “Bitniks são os ‘contracultura’, os beatniks da era digital”, completa.

Esse espírito se mantém no novo negócio. “É uma plataforma de colaboração criativa. Cocriamos experiências transformadoras”. Por isso, clientes são tratados como parceiros. Afinal, eles são também agentes do processo que pretende levá-los a pivotar mais, um neologismo que implica em testar hipóteses, algumas capazes de mudar trajetórias.

Idealizada em 2019, a Bitnik praticamente abriu suas portas neste ano, com clientes que são empresas que estão desenvolvendo uma cultura de inovação. Ou até startups de tecnologia que estão em crescimento acelerado, mas que precisam fazer construção de marca.

A consultoria atua segundo alguns modelos e formatos ágeis, como hacks criativos e sprints, caso do design sprint. processo que se divide em cinco etapas para uma equipe multidisciplinar criar e prototipar projetos. O objetivo do design sprint é apresentar em cinco dias o que fazer para responder criativamente a uma oportunidade de negócios e desenvolvê-la.

Dependendo da proposta, parceiros podem se tornar sócios de um projeto. É o caso da Rhizom, startup brasileira que tem um protocolo de blockchain (na verdade, é a primeira blockchain escrita na América Latina). Ela é sócia de uma série de hacks e sprints para empresas e marcas, focados na criação de modelos negócios e experiências baseadas em blockchain.

A Bitnik oferece também a oportunidade de growth camps (evento com workshops e especialistas externos para estimular crescimento de uma empresa) para trabalhar principalmente com startups. Essa oferta é uma parceria com a Garage e a Leme Growth. “Há uma revisão do conceito de crescimento de startup, que se alia ao jeito em que se faz construção de marca, baseada em experiências”, afirma. Trata-se de um processo modular de colaborações ágeis. A iniciativa pode envolver de 8 a 15 pessoas.

O hack criativo permite participações de 40 a 50 pessoas (em casos excepcionais, pode-se chegar a 100). “São módulos de tiros curtos, de imersão, e que fazem um ajuntamento de pessoas”. No Facebook, Cavalletti trabalhava muito com hacks, com múltiplas equipes.

Cases

Esse formato, o hack, foi adotado para um projeto com a CI&T, empresa de tecnologia. Ele começou antes da quarentena, com o objetivo de injetar desafios criativos na equipe, composta por 30 pessoas.

Já tinha acontecido um dia de imersão, como relata Cavalletti, quando foi preciso redefinir o projeto. Os encontros eram presenciais e tinham de se tornar remotos. “O processo é muito olho no olho”, diz. Mas rapidamente ele foi adaptado e as mudanças foram guiadas por esse time, mais acostumado a lidar com ferramentas de colaboração móvel. “Montamos salas de reunião separadas. Hora a hora, a gente visitava as salas. Eles trabalharam remotamente muito bem”.

De acordo com Cavalletti, para a adaptação aos tempos de covid-19 foi necessário construir um roteiro cuidadosamente detalhado, com gerenciamento de tempo preciso e claridade nos exercícios propostos. “Precisamos de muita atenção na hora das dinâmicas de trocas de ideias, exercitando escuta ativa todo o tempo, dando voz aos participantes. Precisamos trazer novas ferramentas, apropriadas à colaboração remota, na realidade de uma combinação bem desenhada de algumas delas”, esclarece.

O trabalho com CI&T serviu de base para mudanças em outros produtos como os growth camps e os sprints de blockchain com a Rhizom. Esses formatos e os hacks estão todos em versão remota, com adaptações na duração e nas dinâmicas. “Não paramos por conta do isolamento. Adaptamos rápido”, reforça.

Outro cliente da Bitnik é a School of Rock, no Brasil. “Ela está na economia de experiência e se baseia em colocar seus estudantes num palco, fazendo show. Mas isso é presencial”. Semanas antes do isolamento, eles começaram a desenvolver um projeto. E, então, veio a quarentena. Eles conseguiram perceber que o modelo de negócios iria sofrer um abalo e criaram um universo paralelo. Precisavam transportar o presencial para remoto. “Trabalhamos com eles na comunicação dessa virada, que implica em processos novos, onde misturamos comunicação, produtos, experiências”.

Três elementos

Cavalletti afirma que um dos pontos importantes para um bom desenvolvimento de projeto é a disponibilidade do parceiro. Tudo começa com uma grande abertura para a transformação digital e para a colaboração. Ele elenca ainda três elementos em que presta atenção para a construção de um projeto: se a empresa tem foco suficiente, se está aberta para adaptações, e se tem flexibilidade.

Agências poderiam ser clientes? Sim. Levando-se em conta os elementos citados, elas poderiam entrar em um desses processos. Um cenário seria juntar times com focos diferentes, como conteúdo e publicidade, para participarem de um desafio e resolverem juntos, conforme as metodologias e os dias estabelecidos. “Nesta doideira que vivemos hoje, é como se tudo tivesse sido zerado. Mas é preciso ser ágil. Quem não for ágil, vai precisar de um choque de transformação. A gente não sabe qual o tamanho do buraco em nos encontramos”, diz. Por isso, em sua avaliação, ter vontade de colaborar e transformar é uma peça fundamental para os dias que virão.

Lena Castellón

Estratégias digitais

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