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Festival do Clube 2015

Criativos discutem 'O Craft na Profissão'

21.09.15

Leo Macias, diretor de criação da DM9DDB e artista plástico, moderou a discussão “O Craft na Profissão”, que aconteceu no domingo (20), durante o segundo dia do Festival do Clube, e contou com a participação de André Gola, diretor de criação da AlmapBBDO; Felipe Cama, diretor de publicidade da Sentimental e artista plástico; Pedro Cappeletti, artista plástico e sócio-fundador da Pedro e o Lobo Design; Carlos Nunes ‘Cadão’, artista visual; Angela Bassichetti, creative director for Latin America da Turner Time Warner; e José Carlos Lollo, diretor de arte da Talent e ilustrador.

Depois de mostrar em vídeo alguns dos trabalhos dos participantes, Macias começou com a pergunta – que é a primeira que as pessoas fazem para ele próprio quando sabem que trabalha com publicidade e é artista – “Quando você consegue tempo para fazer isso?

Eu me dedico à arte durante a noite, depois do trabalho, três horas por dia. Mas não encaro esse momento como outro trabalho, eu chamo de diversão. Coloco uma música, abro um vinhozinho e é essa minha hora de relaxar. Se você encarar essa atividade como mais um trabalho, você diz ‘chega!’. Vira outro job”, declarou Angela. “Não quero deadline. Vejo isso como prazer, chamo os amigos, coloco minha filha para pintar junto. Não quero ouvir crítica. A gente está acostumado a ser criticado por todo mundo no trabalho e quando estou fazendo arte, não estou nem aí para os feedbacks. Aqui, quem acha sou eu. Vou criar para mim, sem ppt, sem aprovação de vp de criação, de cliente”, completou a diretora de criação da Turner.

Lollo, que ilustra livros aos sábados e domingos, disse que seu lado artístico “é trampo mesmo”. “(Ilustrar) Livro virou uma segunda atividade para valer. É divertido, mas o trabalho (na agência) também é. No fim de semana não fico numa salinha, meu filho pequeno fica conosco (Blandina Franco, esposa de Lollo, escreve e ele ilustra). Já meus outros trabalhos de arte ficam no restaurante, agora sou emérito desenhista de guardanapo”, brincou.

Cadão, que deixou a DM9DDB para investir no seu trabalho artístico, opinou que são “duas carreiras completamente diferentes”. “Chegou um momento em que eu pensei: ou ganho dinheiro ou vou ser feliz como consigo ser como artista. Abri mão de tudo para começar e me orgulhar de uma carreira nova”, declarou.

Macias observou que, antigamente, o artista deixava a profissão para virar diretor de arte e hoje está acontecendo o movimento inverso, como no caso de Cadão, o DA está migrando para a arte. Mas os processos criativos na publicidade e na arte são bem diferentes. Macias jogou, então, outra pergunta para os participantes da mesa: “Qual a diferença criativa que você mais sente ao fazer arte?”.

Para mim, a grande diferença é a liberdade. Não tem ninguém para aprovar, não ligo se as pessoas vão gostar ou não. A arte depende da sua coragem de botá-la para fora. No meu caso, comecei a divulgar por incentivo dos amigos publicitários que também fazem outros trabalhos além da propaganda”, declarou Gola.

É total a diferença criativa ao se fazer publicidade e arte. Na publicidade, temos que tentar ser monumentais com a verba que nos deram. Na arte, ser monumental é resultado de pesquisa ou de processo. A publicidade tem um objetivo específico de chegada. Na arte, você tem um ponto de partida”, analisou Cappeletti.

Para temperar a discussão, Macias trouxe uma provocação à mesa: “às vezes, você olha para uma obra de arte e o texto do curador é que dá sentido a ela. O texto está mais f..da do que a obra. Basta eu encontrar um cara que conte uma boa história sobre a obra que eu criei/pintei e está tudo certo?

Uma vez que você fez a obra, ela deixa de ser sua e vai ser do mundo. Diferentes pessoas terão diferentes pontos de vista sobre ela. Outro crítico vai ter outro olhar e assim por diante. Atualmente, tenho uma obra exposta no Centro Cultural São Paulo juntamente com outros artistas. O curador fez um recorte sobre arte e arquitetura. Quando fiz, não pensei em arquitetura conceitualmente. Tinha outras camadas de significado por trás deste trabalho. Mas o curador enxergou dessa forma”, contou Cama. “Quanto mais interpretações, mais pontos de vista e facetas, mais rico é um trabalho. Ao longo do tempo, eu mesmo posso mudar de opinião a respeito de determinada obra minha, dependendo do contexto e de uma série de fatores”, defendeu Cama.

Serviço:

Festival do Clube de Criação 2015

Quando: dias 19, 20, 21 de setembro (sábado, domingo e segunda-feira)

Onde: Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, em São Paulo

clubedecriacao@clubedecriacao.com.br

#festivaldoclube2015

Festival do Clube 2015

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