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Festival do Clube 2016

O espetáculo que surpreendeu o mundo

10.09.16

Estima-se que um público de cinco bilhões de pessoas, somando-se as que ficaram diante da TV e mais as conectadas pela web, tenham visto a cerimônia de abertura da Rio 2016. Essa gigantesca audiência, que contou com espectadores ilustres como o presidente americano Barack Obama e o papa Francisco, além de uma multidão de anônimos, pode contemplar o espetáculo promovido pelas projeções no Maracanã. Quem responde pela produção desse trabalho é Fabião Soares, diretor do estúdio OitoZeroOito e da BossaNovaFilms, que esteve no palco da sala Globosat, para detalhar como esse projeto foi desenvolvido.

Um dia tocou o telefone e era o Andrucha Waddington”, lembra Fabião, contando o início de sua relação com a Rio 2016. Andrucha, sócio da Conspiração, foi um dos diretores da cerimônia, junto com Daniela Thomas, Fernando Meirelles e Deborah Colker, profissionais envolvidos na criação artística da abertura. Esse telefonema aconteceu em março de 2015 e, desde então, Fabião mergulhou nos Jogos do Rio. Antes disso, pensava-se em contratar uma equipe internacional para participar do projeto. Mas com a verba diminuindo a solução foi pensar nos brasileiros e no uso de projeções. O fato acabou contribuindo para demonstrar ao mundo como o país também pode ser absolutamente criativo quando se trata de espetáculo, algo em que os americanos se destacam.

O arsenal técnico utilizado (quatro torres e 110 projetores, entre outros equipamentos) permitiu a criação de efeitos visuais que chegavam a “enganar” o olho. O momento em que havia dançarinos fazendo parkour por prédios na verdade transcorreu em uma “tela” plana. Os efeitos de 3D geravam uma falsa perspectiva e davam a sensação de que estruturas se erguiam do chão.

Para construir os conceitos estabelecidos pelo time criativo (como o mar, a floresta, o surgimento da vida), Fabião disse que teve de ir atrás de todo seu repertório profissional. Sua equipe era composta por cinco pessoas, mas ele teve ajuda de outros colegas, como o time da Lobo. O brainstorm dos conceitos trabalhados nas projeções era feito sem ajuda de qualquer referência, porém havia bastante pesquisa. O “surgimento da vida”, por exemplo, foi montado com o uso de uma frequência sonora que movimentava o pó que havia sido posto no solo. O pó se mexia e criava mais um efeito que surpreendia o público. “Com esses recursos, as pessoas acabavam interagindo com o trabalho. Elas viam florestas onde não tinha florestas. Viam bactérias onde não havia bactérias”, reforça Fabião.

A arte cumpriu seu papel. E consegui ajudar nisso”, orgulha-se. Desde o telefonema de Andrucha até o fim da cerimônia, ele se sentiu sob a pressão de entregar algo tão poderoso a ponto de encantar qualquer cidadão do planeta. “Sabia que podia ser o maior mico da minha vida”, entrega. Mas Fabião e sua equipe trabalharam intensamente. Numa fase, com uma maquete em que a área estabelecia grids por onde se deslocariam os artistas (tudo era mapeado para que depois os espaços fossem bem ocupados e cronometrados para que as projeções se encaixassem perfeitamente na narrativa). Em outra, em um espaço ao lado do Maracanã em que os dançarinos ensaiavam.

Havia níveis de contingência para qualquer falha que surgisse. Quando algo acontecia, era chamado o looping. Se até isso falhasse, havia um momento apelidado de “free run” e, por fim, um “botão de pânico” que era um vídeo pronto para subir, caso tudo desse errado. Felizmente, porém, só aconteceram cinco loopings. Um deles foi quando a tela elástica, que reproduzia um tear feito pelos índios (contratados do Festival de Parintins), “travou” no momento em que saía de cena. A estrutura tinha de sair enquanto entravam os dançarinos que simulavam os escravos chegando ao Brasil. A câmera de TV, claro, não mostrou essa cena, mas Fabião experimentou uma sensação de demora além da conta. Foram quatro segundos de looping. Para ele, pareceram quatro dias. No entanto, a entrada dos escravos também não seguiu o tempo cronometrado e na hora em que a tela, enfim, saiu, os artistas também entraram. Foi como se estivessem em sincronia.

Entrevistado por Fernando Luna (sócio e diretor editorial da Trip Editora), Fabião disse que viu a abertura que foi exibida pela TV (durante a cerimônia ele não conseguiu prestar atenção em outra coisa que não fosse o trabalho). “Achei engraçado terem falado que era painel de LED”.

Todo o processo criativo foi documentado e é propriedade do Comitê Olímpico Internacional. Perguntado o que fica como “propriedade” sua, Fabião foi direto: a experiência. Sem dúvida, uma experiência para marcar a vida inteira.

Lena Castellón

 

Confira a programação completa do Festivalaqui.

Serviço:

Festival do Clube de Criação 2016

Quando: Setembro, 10, 11 e 12 - 2016
Local: Cinemateca Brasileira - São Paulo – Brasil
Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino

Hosted by: Clube de Criação
www.clubedecriacao.com.br
55 11 3030-9322

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