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Festival do Clube 2016

História da beleza: da nudez ingênua à pressão de uma elite

15.09.16

Quando a beleza passou a ser um valor, de fato, importante no Brasil? As primeiras descrições da mulher brasileira estão na carta de Pero Vaz de Caminha, escrita em 1500. No documento, índias são descritas como “bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas”. Caminha ressaltou, ainda, que elas andavam nuas, mostrando o corpo da mesma maneira que mostravam um rosto ingênuo.

A História da Beleza no Brasil foi o tema da conversa entre a historiadora Luciana Andrade e a idealizadora do site Petiscos, Julia Petit. Luciana explicou que, no tempo do Brasil imperial, a estética e a elegância francesas predominavam entre a pequena elite brasileira, concentrada principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Tudo era copiado da França, desde o vestuário até as regras de etiqueta. Mas ainda era um tempo muito diferente de hoje: ninguém sabia quanto pesava, qual era seu manequim, e quase não havia espelhos nas casas, as pessoas se olhavam pelo reflexo de um rio. Então não existia preocupação com rugas ou acne, por exemplo”.

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos passaram a exercer uma influência no Brasil muito maior do que a Europa, especialmente por causa das divas do cinema hollywodiano. “Foi a época da super valorização do rosto e dos cabelos, das modelos de revistas de moda, referências da época, e da publicidade em tom imperativo, simplesmente mandando que as leitoras usassem este ou aquele creme para ficarem mais jovens e bonitas”, explicou Luciana. Ou seja, a pressão para ser bonita já estava presente na comunicação das marcas. Mas aí vieram os anos 1960, trazendo o biquíni e a minissaia. O corpo passou a ser valorizado e cultuado, comportamento que se intensificou nos anos 1980, quando a mulher começou a se posicionar como poderosa e forte.

Hoje, a beleza deixou de ser considerada supérflua para ser relevante. E o mercado cresceu alimentado por esse interesse. “Existe uma indústria da beleza que movimenta bilhões, comercializando cremes, xampus, maquiagem e cirurgias plásticas”, lembrou Julia Petit.

Se antes a publicidade tinha um tom imperativo e ditava regras, as campanhas atuais vêm ganhando um tom de inclusão, diversidade de gênero e de aceitação das formas e dos traços como são. No entanto, isso soa pouco diante de tantos anos de valorização do que foi definido pela elite como belo. Para Luciana, a ditadura da beleza ainda se faz muito presente na sociedade. “E a angústia feminina ao se olhar no espelho se propaga muito devido à publicidade”, criticou.

O bate-papo foi muito mais abrangente e você poderá conferir na íntegra assim que forem liberados os vídeos das palestras deste ano. Aguarde.

Luciana Lima

 

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