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Festival do Clube 2017

Inovação e inspiração sob a ótica das produtoras de som

29.09.17

Fomentar as ideias criadas pelo mercado publicitário e inspirá-lo, a partir da perspectiva dos produtores de som, foi a intenção do painel “Quando o som vira conteúdo", no Festival do Clube, mediado por Kito Siqueira, sócio e produtor da Satelite Audio, e que contou com a participação de Felipe Vassão, sócio e produtor da Loud, Gilvana Viana, sócia e diretora executiva da Mugshot; Lou Schmidt, sócio e produtor da Antfood; Max de Castro, sócio e produtor da H.A.M.nyc, e Orlei Gonçalves, o “Passarinho”, sócio e produtor da Nova Onda.

A ideia com esse encontro não é debater os problemas da área do áudio, mas inspirar a criação e também tentar enxergar quais as direções, as tendências e as multiplicidades dos projetos que entregamos”, disse Siqueira, abrindo as discussões.

O profissional lembrou que as empresas de áudio produziam de uma maneira há 15 anos, de outra há 10, e atualmente, as atividades ligadas a esse universo se ampliaram ainda mais. “Num cenário de tantas mudanças e reinvenções, o que inspira vocês?”, questionou Kito, voltando-se à mesa. “O que os inspira a se manterem sempre criativos e dispostos?

Passarinho avaliou que as transformações pelas quais o mercado passa, apesar de, muitas vezes, trazerem temor - “pois o novo assusta” – acabam engrandecendo a área. “Com a produção de conteúdo, nós temos a oportunidade de exercer mais o nosso lado criativo, de gerar mais emprego. A chegada de novas mídias foi algo muito bom para o mercado”, analisou.

Nesse cenário de transformações, Schmidt ponderou que selecionar e organizar informações e referências, dentre as milhares disponíveis atualmente, são a sua “grande inspiração”. “Na verdade”, corrigiu, “não acredito em inspiração, acredito em processo – criar sob pressão me trouxe para esse lado, buscar o máximo de referências possível, em diversas áreas, principalmente nas artes.

Felipe Vassão emendou, ressaltando que a arte acaba sendo apropriada pela publicidade, apesar de defender que “a gente faz um outro tipo de arte, que é uma arte prática, com finalidade” – e teve o apoio de Max de Castro para dar suporte a esse ponto de vista: “(Johann Sebastian) Bach nunca fez uma música que não fosse por encomenda”.

Em relação à sua inspiração, Vassão disse que sua “hora mágica” acontece “momentos antes de compor uma trilha”. “Preciso dessa centelha da criação”, declarou.

Por outro lado, Gilvana Viana contou que a sua inspiração é a vontade de fazer negócio por meio da música. “Diferentemente dos outros participantes dessa mesa, eu não sei tocar nenhum instrumento e o que me move são as possibilidades que as músicas nos trazem, e como viabilizar algo por meio da música, não somente para a publicidade”, observou.

Antes de a propaganda ter passado por transformações, o mundo mudou, as pessoas mudaram. Tudo acontece ao mesmo tempo, a forma como a propaganda impacta essa nova geração também é diferente”, analisou Max de Castro. “Enquanto ainda discutimos se deve ter beijo gay na TV, os jovens já têm essas questões resolvidas”, opinou. “O que me move é justamente tentar não ficar para trás nesse processo de mudança. Nós amadurecemos, envelhecemos, mas, como pessoas criativas, podemos usar nossa experiência a nosso favor.

Além das mudanças sociais e na publicidade e de falarem sobre suas inspirações e motivações nesse contexto, os debatedores lembraram da velocidade com que as informações chegam ao público nos dias de hoje e, consequentemente, como as referências em geral (inclusive as musicais), que permaneciam mais tempo no radar, estão mudando muito mais rapidamente.

As pessoas estão recebendo um volume de referências muito maior”, avaliou Kito. “A quantidade de criação (de música) é bizarra, gigantesca. Tem muita coisa boa, mas também muita coisa ruim. Tem tanta informação e possibilidade, que é fácil perder o foco”, comentou Vassão.

Nesse cenário, todos os participantes salientaram o quanto ficou mais importante o papel de curadoria que deve ser realizado pelas produtoras de áudio, para separar “o joio do trigo” e trazer aos clientes músicas e talentos adequados para cada situação.

Valéria Campos

 

Festival do Clube 2017

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