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Fire & Frost

Dupla Tomat detalha bastidores de comercial para Skol Beats

27.03.18

A marca Skol Beats lançou, em fevereiro, campanha para promover duas edições especiais da cerveja para o Carnaval: Skol Beats Fire e Skol Beats Frost (leia e veja aqui).

Criado pela David Miami, o filme foi produzido pela Zohar, com direção da dupla Tomat (Tomas Salles e Mateus Araújo). Agora, os diretores apresentam o making of do comercial (assista abaixo) e contam um pouco sobre a realização do trabalho ao Clubeonline.

Confira abaixo:

Clubeonline: Quais as peculiaridades do briefing que receberam da agência para a realização do filme?

Tomat: A gente adorou o projeto desde o início, principalmente porque o produto e o roteiro estavam muito bem amarrados. Junto com o pedido, recebemos também algumas referências de filmagens com câmera termal industrial. Esse material nos mostrou a especificidade do efeito termal. Percebemos que o resultado que queríamos não seria possível usando apenas os métodos tradicionais de pós-produção, como "Color Remapping" ou qualquer outro efeito que visasse transformar algo filmado em térmico. Simplesmente não ia comunicar o que a campanha precisava passar. Entendíamos que era primordial que o filme funcionasse mesmo sem a câmera termal. Para isso, o roteiro deveria ser mais do que um clipe. Queríamos imprimir um pouco mais de paixão na atuação. Daí surgiu a cena do beijo termal entre as meninas "Fire" e "Frost". A fotografia era fundamental, então o fotógrafo Flávio Zangrandi trabalhou muito próximo à direção de arte do Cláudio Amaral Peixoto, para integrar o visual dos planos.

Clubeonline: Quais foram as técnicas utilizadas nas filmagens?

Tomat: Sabendo que precisaríamos usar uma câmera térmica de verdade, resolvemos fazer algo que nunca havia sido feito antes: desenvolvemos um suporte de câmera para filmarmos simultaneamente todas as situações da festa com duas câmeras. Uma câmera era de cinema e outra era a câmera termal. Como se fosse um rig estereoscópico só que com duas câmeras diferentes. Foi um risco (calculado) que valeu muito a pena correr. Este tipo de câmera é usado para fazer inspeções industriais de alta precisão. Ela enxerga o mundo através de ondas de calor. O que é quente emite luz e o que é frio fica escuro. Ela não enxerga transparências, mas enxerga reflexos. Por exemplo: óculos de grau ficam opacos, mas vemos reflexos térmicos em espelhos e lençóis d'água. A definição é tanta que a pele aparece "manchada" pois a câmera enxerga as veias mais quentes que passam abaixo dela. É realmente incrível. Tivemos a oportunidade de testá-la a fundo durante 10 dias antes da filmagem para podermos propor situações sensoriais para o filme.

Durante a filmagem, os desafios foram diversos:

- A câmera térmica não é preparada para cinema, portanto tivemos que inventar uma traquitana para fazer foco à distância.
- A câmera térmica não troca de lente, portanto tivemos que decupar o filme usando apenas uma lente para as duas câmeras. Conseguimos a variedade de planos porque houve uma preocupação de usar diferentes distâncias entre a câmera e o sujeito, possibilitando uma linguagem mais dinâmica.
- Ao mudar as distâncias, precisávamos a todo momento ajustar a distância intraocular das lentes, muito como se faz com filmagem estereoscópica. Assim, as duas imagens casavam melhor nas suas perspectivas.
- Inventamos um espectro de cor proprietário para casar com o resto da campanha, pois os espectros pré-determinados de cor da câmera térmica não combinavam com as cores que a agência havia determinado para o produto. Fizemos isso remapeando o material bruto que saía da câmera, que era em 32 bits, usando scripts customizados de programação.
- Para unir as duas imagens, precisamos fazer rotoscopia em todo o material térmico. Ao todo, foram 42 planos recortados em cinco dias por uma equipe de 30 pessoas. Os recortes foram então sobrepostos às imagens normais e integrados, usando técnicas de "keying", "warps" e animação. Tudo muito artesanal e trabalhoso. Esse trabalho foi feito na Fullframe, que coordenou equipes de artistas em Nova York, Mumbai e Los Angeles para conseguir fazer todos os 42 planos dentro do prazo e qualidade necessários.

Clubeonline: Diante do briefing recebido, o filme correspondeu?

Tomat: O briefing pedia uma “house party” despretensiosa, para distanciar a imagem da Skol Beats daquele mundo da “área vip” das festas, aproximando o produto de um público mais descontraído, compatível com o Carnaval de Rua. Toda a direção de arte, a escolha da locação, figurino e casting girou em torno deste briefing. No final das contas, entregamos uma festa animada, realista, divertida e despretensiosa, aliada a um efeito inédito de integração entre duas técnicas de filmagem totalmente diferentes.

Clubeonline: Como lidaram com a sempre infernal questão do prazo?

Tomat: O maior desafio foi mesmo o prazo. Entre aprovação do projeto, pré-produção, filmagem, pós e entrega foram só 40 dias. Considerando a complexidade e o ineditismo do projeto, podemos dizer que foi um feito e tanto. A equipe experiente, competente e unida foi fundamental para o sucesso da empreitada.

Fire & Frost

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