Missão Favela X

O metaverso é a plataforma de lançamento de um novo projeto da Gerando Falcões. A ONG está no Roblox com um game desenvolvido em parceria com a Accenture Song (antes Accenture Interactive) que foi lançado nesta quinta-feira, 05: o Missão Favela X. Um foguete é a base do jogo, que tem a mensagem de "enviar a pobreza para o espaço".

O projeto vem sendo discutido desde setembro do ano passado. A ideia surgiu como forma de atingir um novo público. Presidida por Edu Lyra, a entidade costuma dialogar com adultos, entre eles muitos executivos de companhias que dão suporte às propostas da ONG - a Gerando Falcões atua em rede, conectando-se a comunidades do Brasil inteiro, para transformar favelas, promovendo desenvolvimento econômico e social. Mas era preciso atingir jovens.

Games são como porta de entrada para impactar esse público, avalia Eco Moliterno, CCO da Accenture Song. Por isso, pensou-se na criação de um jogo mobile. Na hora de escolher a plataforma, a decisão foi para o Roblox, “o mais jogado pelo celular”, destaca. Segundo Moliterno, o game é “a primeira experiência imersiva de uma ONG brasileira”.

Para Lyra, o jogo é a oportunidade de a Gerando Falcões interagir com “uma comunidade imensa” por meio de uma experiência educativa. A explicação está no modo como o Missão Favela X envolve os jogadores. A plataforma onde está o foguete tem seis níveis de desafios. A cada etapa o game apresenta dificuldades comumente enfrentadas pelas crianças das favelas brasileiras, caso da falta de saneamento básico, de infraestrutura e tecnologia.

Desse modo, o Missão Favela X gera consciência e ensina os jovens usuários do Roblox, em geral vindos de famílias mais abastadas, um pouco do dia a dia da quebrada. E os estimula a levar o assunto para os pais, ampliando o conhecimento sobre as favelas.

Vale dizer que a ideia de criar um game veio no momento em que se falava da nova corrida espacial, a dos bilionários, encabeçada por Space X (Elon Musk), Blue Origin (Jeff Bezos) e Virgin Galatic (Richard Branson). Ao mesmo tempo, o conceito de metaverso ganhava corpo. Nesse contexto, Lyra disse que gostaria de resolver problemas terrenos e atuais antes de pensar em habitar Marte. Também se formou o desejo de a ONG explorar o mundo virtual, o da realidade alternativa, como uma “alternativa à realidade”. Assim nasceu a proposta de metaverso social. Ou seja, um metaverso com propósito social.

Jornada com parceiros

O lançamento teve três marcas como parceiras do projeto: 99, Nestlé e Havaianas. As empresas apoiaram financeiramente o desenvolvimento do game e têm logos estampados nos contornos de um campo de futebol. Ele está situado na base do jogo, de onde se vê uma favela e o foguete.

As marcas podem criar outras formas de se apresentarem no game. A Nestlé está definindo sua estratégia. Havaianas, por sua vez, já conta com as artes de sua coleção “Quebrada Cria”, lançada em março, no game. Com ajuda da ONG, foram selecionados quatro artistas de comunidades para criarem estampas: a dupla Robézio e Tereza, do Acidum Project (Fortaleza e Caucaia, no Ceará), Luis World (de Nacional, na periferia de Contagem, em Minas Gerais), Jamaikah (da Vila Helenita, em Viamão/ RS) e Wanatta (de Alto Vera Cruz, no leste de Belo Horizonte). Essas sandálias aparecem no jogo como se fossem cartazes.

A 99 também tem sua presença ampliada, explorando a cabine de controle do foguete. O jogador que atingir esse nível poderá se tornar um astronauta parceiro da companhia, da mesma forma que existem os motoristas parceiros no mundo real. A empresa planeja ainda ter o grafite de uma mulher motorista escolhida entre as que atuam nas ruas físicas.

Novos projetos devem surgir porque o game está apenas em seu começo, ressalta Moliterno. A Missão Favela X continua em construção, podendo receber mais parceiros.