Mulheres do áudio – Parte 2

Neste Dia Internacional da Mulher, o Clubeonline traz uma série feita com mulheres que criam e/ou produzem áudio no mercado publicitário. 

Um número que historicamente sempre foi diminuto, mas que agora começa a ganhar musculatura e crescer. Que bom!

A primeira entrevistada foi Gil Viana, CEO da Mugshot (leia aqui). Agora, o papo é com Mônica Agena, produtora musical da Mr. Pink.

 

Clubeonline - Conte brevemente como surgiu sua história com a música.

Mônica Agena – Eu comecei na música tocando guitarra. Acompanhei e gravei com artistas como Natiruts, Emicida, Fernanda Takai, Arrigo Barnabé, e outros, mas sempre tive vontade de lançar o meu som autoral, Moxine. Sem recursos financeiros pra pagar um produtor musical, tive de aprender a me virar para produzir minhas músicas. Foi aí que dei meus primeiros passos como produtora.

Clubeonline – Como começou a produzir para o mercado publicitário?

Mônica – Fazendo permuta com amigos de produtoras de vídeo em troca de videoclipes pra minha banda Moxine. O lance de produzir trilhas eu levava em paralelo à minha carreira como guitarrista. Ao longo dos anos, fui aumentando meus contatos, ganhando experiência e hoje estou na Mr. Pink.

Clubeonline – Passou ou passa por dificuldades, envolvendo, por exemplo, preconceito, neste universo?

Mônica – Com o Silvio Piesco e Henrique Racz, diretores e produtores na Mr. Pink, eu tenho trocas muito boas e produtivas. Com criativos e diretores também nunca passei por situações ruins. Talvez eu tenha começado a atuar em uma época em que o setor esteja mais evoluído, nesse sentido. Porém, quando comecei a tocar guitarra pelos palcos deste Brasil, passei por muitas situações em que fui invisibilizada e que só me dei conta anos depois, quando adquiri mais consciência sobre o que é o machismo e todos os seus recortes.

Clubeonline – Você sente que ainda há poucas mulheres sendo reconhecidas e criando nas produtoras de áudio ou acredita que hoje este cenário de fato mudou?

Mônica – Certamente a diferença é muito grande, mas hoje vejo mais mulheres tanto no criativo das produtoras quanto na finalização, inclusive posso citar duas que tenho como referência: Érica Silva e Cris Botarelli.

Clubeonline – Dos seus trabalhos feitos para propaganda, quais você destacaria? Por quê?

Mônica – Vou destacar 3 que marcaram momentos importantes para mim. Um é a campanha da RAM 2500 (de 2018), por ter sido a primeira, e ainda me meti a fazer os sound effects, que é algo que me divirto muito fazendo. Outro é para Toyota Corolla 2024, que pontuou a minha entrada na Mr. Pink; e um filme da Renner, do final do ano passado, que falava sobre liberdade feminina e exigiu bastante sensibilidade. Havia momentos carregados de emoção e a responsabilidade da trilha para “magnificar” essas passagens delicadas era grande. Aprendi muito ali.

Clubeonline – Fora do universo da publicidade, e da sua banda, o que te move? Você está em outros projetos que envolvam música?

Mônica - Também produzo artistas. Gosto de contribuir para trazer ao mundo uma canção que era apenas uma ideia dentro da cabeça de alguém. Apesar de suas diferenças, assim como na publicidade, nós, produtores, sempre temos a missão de fazer a música acessar o sentimento das pessoas. Fora isso, continuo tocando guitarra e dirigindo shows. Há cinco anos eu assino a direção musical do Prêmio WME, totalmente dedicado às mulheres na música.