O Espaço é Seu

Dia sim, dia não, me deparo com textos sobre otimismo e motivação e as maravilhas que esse estado de espírito pode proporcionar a uma atividade. No meio do segundo parágrafo, costumo começar a me irritar com o tom de autoajuda dado à enorme relevância que esses conceitos têm no mercado criativo. Me chamem de cético, ou qualquer coisa do gênero, mas minha preocupação em relação a cultivar esses sentimentos dentro da agência é bem mais lógica - e química - que romântica.

O ser humano é capaz de mudar sua fisiologia constantemente, ao longo do dia; a química cerebral causa estados de ânimo capazes de desencadear diferentes comportamentos próprios de cada pessoa. O agressivo, por exemplo, pode ter uma crise de fúria, o deprimido pode chorar, desistir, adoecer, e por aí vai. É simples: o comportamento é um resultado produzido quimicamente através de estímulos. Toda vez que fazemos algo positivo, geramos uma maior presença de endorfinas em nosso sistema circulatório. Essas produzem sensações agradáveis, como prazer e alegria, e fazem com que a realidade seja percebida de modo positivo.

Quem desenvolve pensamentos positivos tende a aceitar os obstáculos como um caminho para alcançar os benefícios procurados, não como algo que impeça a realização daquilo, e, consequentemente, tende a buscar melhores resultados. Daí a importância de criar um ambiente de trabalho que proporcione isso aos envolvidos. Isso quer dizer que se se eu não for otimista, vou atrair coisas ruins? Absolutamente não, você não receberá uma maldição dos céus por não achar que as coisas vão dar certo. Mas pesquisas científicas provam que o otimismo te faz olhar para as possibilidades que tem, buscando novas saídas, enquanto pessoas negativas ficam "empacadas" no que não deu certo, perdendo flexibilidade, e deixando de lado novos desafios.

O otimismo e o negativismo não têm a ver com existência mística, mas sim com a possibilidade de ser mais criativo e enxergar o futuro com mais possibilidades. Dessa forma, reforço que é humanamente impossível ser produtivo e ter sucesso na ausência de otimismo - e sem estar em um ambiente que te motive. Não dá para esperar nada, além do mínimo esforço, de um indivíduo que não tem endorfina no corpo. Por essa razão, e não por ser descolado ou amigável, acredito na importância de fazer das agências de comunicação ambientes favoráveis e propensos ao desenvolvimento de bons sentimentos. Pode ser por meio de festas, conversas, um presente no final do mês, ou uma máquina de fliperama, mas trabalhar o otimismo é mais que gestão de pessoas, é ciência.

Felipe Ferreira, diretor de atendimento da be_air