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45º Anuário

Perspectivas dos presidentes de júri (Luciana e Carol)

12.08.20

Apesar de este ser um ano diferente de tudo, o Clube de Criação mantém sua premiação e as razões estão expostas na Carta ao Mercado (que pode ser lida aqui). Como em todas as edições anteriores, o 45º Anuário fará a celebração do melhor que a Criatividade publicitária produziu neste país.

Em 2020, porém, há algumas diferenças. A começar pelo julgamento, que será virtual. Outra novidade é que todos os júris são compostos de 50% mulheres e 50% homens. A edição traz, desse modo, um importante foco na diversidade (veja quem faz parte dos júris).

Além disso, o 45º Anuário conta com nova categoria: Periferia Criativa – o regulamento pode ser conferido aqui.

O Clubeonline procurou os presidentes de júri para comentar o ano, o 45º Anuário e o valor da Criatividade. Na primeira rodada, tivemos as participações de Laura Esteves, diretora executiva de criação da DPZ&T, e André Kassu, sócio e diretor de criação da CP+B (reveja aqui).

Agora as considerações são de Luciana Haguiara, diretora executiva de criação da MediaMonks/Circus e presidente de júri na categoria Digital, e de Carolina Markowicz, roteirista, diretora e sócia da Rebolucion Brasil, presidente de júri na categoria Técnica Filme.

Confira:

JULGAMENTO DESTE ANO
Luciana Haguiara - Sim, tudo está diferente neste ano. Mas acho que todos já se acostumaram a trabalhar remotamente. Acredito que o julgamento online não vai afetar o andamento, ao contrário, acho que vai ser mais produtivo. A categoria que vou presidir é sobre como um trabalho digital performa, encanta e traz resultados. Nela, vamos analisar o craft como um todo, mas com foco na ideia, conceito, visual e na experiência do usuário.

IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE
Luciana - Temos vistos muita coisa parecida, mas também muitos trabalhos criativos, não só na ideia e experiência, como também na forma de produção. Muitas coisas tiveram de ser revistas, muitos projetos caíram e foram reinventados para o digital em tempo recorde. Acho que existe um boom criativo com insights mais humanos, contados e executados de formas diferentes e que estão muito mais focados em resolver os problemas de negócios dos nossos clientes.

MERCADO ANTES DA COVID-19 E COM A COVID-19
Luciana - Sem dúvida, a mudança rumo à digitalização dos negócios, que já havia começado antes, se intensificou e em alta velocidade durante a pandemia. Vimos empresas se reinventarem rapidamente, mudando o core do seu negócio para atender à nova realidade. E, infelizmente, vimos o impacto monstruoso em outras que não foram ágeis o suficiente, porque não estavam preparadas. Mas não estou falando nada de novo. Está tudo aí, todos os dias pra gente ver: empresas fechando, pessoas sendo demitidas, enquanto novos tipos de negócios estão aparecendo e empresas que se digitalizaram estão crescendo com a crise.

MANIFESTAÇÕES SOCIAIS NESTES TEMPOS
Luciana - Além da digitalização, outro ponto crucial para os negócios é a preocupação social e com a sustentabilidade. Mesma coisa: tudo que está acontecendo é um sinal de basta para a falta de posicionamento, para a falta de preocupação e de engajamento com valores sociais e sustentáveis. O planeta está literalmente cuspindo o que está podre na nossa sociedade. Por isso, pelo ponto de vista de negócios e agências, aqueles que não se mexeram, não se pronunciaram, não tomaram medidas efetivas de dentro para fora, vão ser naturalmente eliminados. É a tal da seleção natural acelerada e feita por um mundo e uma nova geração que não admite qualquer tipo de racismo e está realmente preocupada com o que consome. Sem dúvida, vamos ver um aumento em trabalhos com essa abordagem para o julgamento do próximo ano.

JÚRI 50/50
Luciana - O Clube já vem tomando esse cuidado a algum tempo e ter um júri 50/50 é o reflexo de tudo que falamos anteriormente. É uma mudança que veio para oxigenar a nossa indústria tão recalcada, machista e elitista. Isso é uma grande conquista e é um caminho sem volta. É o passo para abrirmos ainda mais a inclusão em todos os seus pontos de contato, que só vai aumentar o nosso potencial criativo.




A EXPERIÊNCIA DE JÚRI NESTE ANO
Carolina Markowicz - Primeiramente, é uma grande honra presidir um júri do Anuário. Neste ano ou em qualquer outro. Sobre o fato de ser remoto, em todos os âmbitos estamos tendo de nos adaptar. Nesse sentido, em um momento tão estranho, acho que será um exercício curioso. A proximidade presencial facilita algumas discussões, mas como não é possível, será de fato uma dinâmica mais experimental para todos.

PAPEL DA CRIATIVIDADE
Carol - A criatividade foi e sempre será a maneira de renascermos de momentos tão sombrios, como agora. Acho que o mercado padece de uma commoditização, de uma pasteurização e de um medo de risco há tempos. Tudo isso acaba sufocando a criatividade. A criatividade deveria ter mais crédito, sobretudo nos momentos de crise.

DESAFIOS NO HORIZONTE
Carol - Como foi pontuado anteriormente na última pergunta, o mercado já vem sofrendo há tempos uma commoditização. Havia já, portanto, um desafio de lutar pela soberania das ideias, de execuções e de criatividade, de maneira geral. Os processos de produção já estão banalizados há tempos, por diversos motivos. A covid fez o mundo inteiro, todas as pessoas, empresas e instituições darem mil passos para trás e passamos a enfrentar problemas em âmbitos muito mais macro. Estamos falando agora da saúde das pessoas, da saúde financeira e de sociedades, elementos que refletem diretamente em como o mercado se pauta. E há questões sociais muito mais profundas. Ou seja: acho que os meandros problemáticos do mercado seguem, porém, em segundo plano, já que agora temos uma crise maior para enfrentar e entender como enfrentar.

MANIFESTAÇÕES SOCIAIS
Carol - De fato. Acho importantíssimo que isso esteja acontecendo. Essencial. Que o poder de voz seja de fato destinado a quem sofre todo tipo de injustiça e violência. Às minorias. A quem vivia à sombra e vai lutar para mudar isso. Se o opressor se inibir, nem que seja pelo medo de ser exposto, já estaremos em um bom caminho para um ambiente mais razoável. Que essas manifestações aconteçam e cada vez mais. Creio que já há um movimento de muitas peças e comunicação de empresas abordando esses temas, felizmente - e isso só tende a aumentar. Claro, não somos ingênuos a ponto de achar que não há um interesse de imagem no subtexto. Mas, de novo, qualquer intenção de trazer à luz a diversidade e lutas sociais tão importantes é válida pois endossa e estimula um comportamento muito mais inclusivo.

JÚRI 50/50
Carol - Acho excelente a iniciativa. Só a diversidade de olhares é capaz de trazer sensibilidades diferentes e não uma visão monocrática de um determinado perfil.




Saiba como inscrever peças no 45º Anuário aqui. Prazo segue aberto só até esta sexta-feira, 14. Dez primeiras inscrições são gratuitas para qualquer empresa.

45º Anuário

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