Design combinado com IA

Fundada pelos criativos Fábio Simões e Pedro Burneiko, chega oficialmente ao mercado uma empresa de design que busca unir criatividade humana e IA: Maar. O nome remete à classificação que se dá a lagoas vulcânicas formada após uma erupção. Com isso, os sócios pretendem que ele simbolize a combinação de energias, entre a explosão do vulcão e a fluidez da água.

Embora a dupla esteja anunciando agora o novo negócio, a semente da empresa veio em agosto do ano passado, em um projeto para a Claro, após iniciativa de Ana Cavalcanti, ECD da Talent. Em parceria com a agência, o Maar reformulou o visual da comunicação da companhia. Para isso, a IA foi um elemento importante. Em novembro, a empresa de design firmou acordo com o grupo Landscape.

Simões, que é CCO da empresa, afirmou que suas experiências, especialmente no Nubank (onde foi global head of branding & creative marketing entre fevereiro de 2021 e março de 2023), mostraram para ele que é preciso evoluir a marca todos os dias.

“Para a marca crescer, é preciso aumentar constantemente o vocabulário visual. O Pedro também enfrentou esse mesmo desafio construindo a plataforma do Enjoei, tendo de produzir uma quantidade enorme de assets para assegurar o crescimento com consistência”, declarou Simões, que tem passagens por agências como FCB, JWT e F/Nazca.

Além do Enjoei, a trajetória de Burneiko, que é chefe de design no Maar, inclui Media.Monks, AlmapBBDO, DM9, Flag e R/GA, entre outras agências.

O Maar é composto por seis pessoas: os sócios e uma equipe com designers, motion e operações. A empresa trabalha com rede de parceiros. O back office é gerenciado pela estrutura da Landscape.

Ferramentas de IA

O trabalho da empresa de design com a tecnologia se concentra atualmente em três ferramentas: Midjourney, Bluedot e ChatGPT. Apesar de terem preferência por esses modelos, eles revelaram que estão constantemente testando novas ferramentas. “A ideia não é apenas usar IA, mas combinar ferramentas inovadoras com aquelas já conhecidas”, acrescentaram.

Na visão da dupla, o Midjourney, atualmente, é a ferramenta que melhor combina controle, imaginação e craft visual. “Além disso, está sempre sendo atualizada, como a nova funcionalidade que permite manter um personagem em um ensaio fotográfico. O ChatGPT, especialmente na versão 4.0, tornou-se ainda mais preciso, abrindo caminho para o desenvolvimento de bots especializados em funções específicas. O Bluedot, por sua vez, é simples e super eficiente para resumir reuniões e fornecer pontos de ação para os participantes quase instantaneamente após a reunião”, esclareceram.

Questionados a respeito dos problemas de vieses da tecnologia, Simões e Burneiko responderam que, apesar da discussão que existe hoje sobre a base de dados utilizada pela IA, a decisão final cabe à pessoa que opera a ferramenta. “Por isso, sempre buscamos criar prompts que gerem resultados mais diversos". 

Onde tudo começou

O trabalho feito para a Claro abordava os desafios de crescimento acelerado e comunicação em larga escala. Era preciso ressignificar o “design system” da marca, com nova aplicação de cores e tipografia e guides dinâmicos em IA para o varejo.

O projeto foi estruturado em três pilares: direção de arte, logotipo e sistema de ofertas. “Na direção de arte, utilizamos intensamente a IA para criar uma linguagem visual nova e dinâmica, explorando iluminação, fotografia e cenografia", contaram os sócios. Para o logo, deram versatilidade ao símbolo do sol. O sistema de ofertas recebeu soluções não baseadas em inteligência artificial.

No videocase que apresenta o sistema de marca estão pessoas 100% geradas por IA. “Concebemos e geramos o casting, atuação, figurino, fotografia, móveis e casas para criar um universo coeso que representasse a expressão visual da Claro. Foram mais de 200 fotos para o guia, mas produzimos aproximadamente 2.000 no total para treinar a ferramenta”. O material é exclusivo do sistema de marca da Claro. A campanha veiculada ao público foi produzida de forma tradicional.